Ruggero
— Claro. — karol entrega Bernardo, e minha mãe o segura
com cuidado.
— Oi, meu bem. Saudades da vovó?
Beni resmunga qualquer coisa e continua olhando fixamente
para minha mãe.
— Perdoe meu mau jeito. — Ela olha para karol. — Sou
Antonela — Oi, Antonela , sou karol .
— Ruggero me falou de você. Venha, entrem. O almoço já está
pronto.
O almoço na casa da minha mãe foi um encontro memorável.
Karol acabou ficando à vontade, Beni também, afinal estava sendo
muito paparicado. No final, minha linda e graciosa esposa já estava
rindo das coisas que minha mãe falava.
Dona Antonela é uma mulher de mil facetas, sabe ser séria e
comediante ao mesmo tempo. O jeito moderno e agradável de
conduzir uma conversa deixou karol impressionada. Assim como
Laura, minha sogra, mamãe não é o tipo de mulher que sufoca os
parceiros dos filhos com perguntas desconcertantes. Em poucos
minutos parecia que ela conhecia karol a vida toda. Mostrou a casa
toda para ela e disse que mal podia esperar para que nos
mudássemos para lá. Depois, mostrou álbuns de fotos minhas e de
Mike quando éramos criança. Mãe sempre faz isso, e sempre há
fotos comprometedoras que a gente se pergunta: “O que eu tinha na
cabeça para me deixar ser fotografado em um momento desses?”
E, com essa disposição toda de mamãe, conseguimos uma
babá. Ela se prontificou, na verdade exigiu, ficar com Beni enquanto a
gente se divertia hoje à noite. Karol ficou meio retraída, acho que
com medo. Eu a acalmei e disse para ela ficar tranquila, que logo
voltaríamos, e Bernardo estaria com a gente novamente.
Aqui vai um spoiler: minha vida vai mudar esta noite.
Drasticamente. Sabe quando nos sentimos ameaçados? Quando algo
ou alguém interfere em nossos objetivos ou tenta, de algum modo,
interferir? Nossa primeira reação é lutar, não é mesmo?
Aconteceu com karol . Eu nem precisei bolar nada, o destino
por si só garantiu. Ou melhor, alguém, de algum modo, garantiu isso.
Observem e, no final, saberão por que meu pau, enfim, saiu do jejum.
***
— Nossa! Adorei o lugar — karol diz olhando para os lados.
Já é noite, e estamos acomodados em uma mesa, observando o
pessoal se movimentar. Ela está linda. Escolheu um vestido colado
ao corpo, que realça suas curvas e deixa as lindas pernas à mostra.
Não é curto, e isso o deixa sexy e elegante ao mesmo tempo. Nos
pés, ela usa um salto que me fez engolir seco. A imagem dela nua
com esses saltos não sai da minha cabeça.
— Vinha sempre aqui com os rapazes — eu explico. — Agora
nem sonhamos mais com isso.
Karol pousa o copo na mesa e me olha, interessada.
— E isso te incomoda?
— Claro que não. Estou adorando vir aqui com você.
Ela assente e fica pensando. Depois, os olhos percorrem o lugar,
ela analisa as pessoas dançando, volta a me encarar e comenta:
— Não tem cara de quem dança. — Ela franze o cenho, me
olhando incrédula. Dá um gole no seu drinque e espera minha
resposta.
Ergo os ombros.
— Geralmente homens não dançam, só movem os pés e os
braços ao som de uma música.
Ela ri com o que eu digo e balança a cabeça de um lado para o
outro.
— Costumava ir a esses lugares com Bernardo? — pergunto e
imediatamente esclareço: — Bernardo, seu noivo.
— Não. Isso tudo não combinava com ele. Ben era bem caseiro,
gostava de surfar e ficar em casa assistindo TV. Não era o tipo de
cara que se impressiona por coisas caras, nem carro tinha.
Balanço a cabeça anuindo.
— E como era vocês dois? Ou não quer contar?
— Por mim, tudo bem. — Ela ajeita os cabelos e abaixa a
cabeça. — Bernardo foi tudo pra mim enquanto ficamos juntos.
— Como era a relação? Explosiva, cheia de sexo?
— Não. Nem todo mundo é devasso como você, Ruggero
Acho que estou diante de um caso de defunto gay. Só pode. Não
digo isso, apenas penso.
— Eu e Ben não precisávamos transar todos os dias para
manter nosso namoro de pé.
— Ele não pedia sexo? Fico intrigado. Que homem que mora
com uma mulher linda como karol e não quer sexo?
— Ele deixava a decisão comigo.
Porra! Um cara que não pede sexo para a namorada? Tô
achando que o defunto não era gay, era um safado que comia
escondido. Mas não cabe a mim falar nada. Não sou doido de mexer
com o ídolo de karol.
— O que foi? — ela pergunta.
— O quê? — Surpreso, a fito.
— Está com uma cara de deboche.
— Eu?
— Ruggero , você pode pensar o que quiser de Bernardo, mas ele
era íntegro, e existe relação sem sexo constante.
Uma relação em que o casal tenha mais de setenta anos.
— Eu só estranhei — me defendo. — Me conte mais — incentivo
como uma forma de dissolver o clima ruim que começou a se formar.
— Ele era aquele tipo de cara que não media esforços para
ajudar. Me apoiou desde o início em relação a Beni, esteve ao meu
lado e de Carolina quando precisamos.
— Carolina era amiga dele? — Agora me interesso.
— Sim. Por quê?
Dou de ombros. Não quero que minha mente maligna vá
começar a imaginar coisas. Não quero pensar em nada, mas não
consigo me conter e já sinto as engrenagens rodando na minha
cabeça.
— É um milagre. Geralmente ela acaba transando ou morando
com os homens de quem fica amiga. Como aconteceu comigo.
— Menos, Ruggero , não venha insinuar coisas. Respeite a memória
de Bernardo. Ele é tudo o que qualquer homem jamais poderá ser.
Um pulso de ódio toma meu corpo. Ela acaba de desclassificar,
não só a mim, como também todos os outros homens, inclusive meu
pai e o dela. Isso é injusto, só porque o cara tá morto. Todo mundo
que morre fica bonzinho.
Ela nota que fiquei irritado.
— Me desculpe. Eu só não aceito que fale dele na minha frente.
— E eu estou começando a não querer que fale dele na minha
frente. Vou buscar mais bebidas. — Levanto rápido e vou para o bar.
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Minha perdição (Terminada )
Fanfickarol depois da morte de seu marido se fecha pro mundo decidi ser melhor seguir sua vida sozinha foca agora em criar o filho de sua irmã ruggero é um sedutor cafajeste incorrigível dono de uma empresa na zone sul da cidade nunca perdoa um rabo...