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Ruggero

Não quero colocar tudo a perder brigando com karol.
Lembra que eu disse que minha vida ia mudar hoje? É agora.
Faço o pedido e, enquanto espero, ouço uma voz melosa atrás
de mim.
— Quer me pagar alguma coisa, gatão?
Me viro e vejo uma loira dessas bem gostosa, me encarando
com um olhar muito sugestivo. Puta merda, essa daí deve fazer a
felicidade de um homem. Olha o tamanho desses peitos. Então,
lembro de alguém com uma beleza extraordinária, que nem precisa
de decote para ser sensual, até de burca karol  fica bonita.
— Por quê? Está sem grana? — pergunto, brincalhão.
Ela dá um passo e coloca a mão no meu braço.
— Nossa, você é bem gostoso. Acho que dispenso a bebida.
Hoje estou a fim de beber… leite.
Puta merda!
— Ei! Espera aí. — Eu a afasto e acabo esbarrando no balcão.
Ela vem pra cima e tenta me beijar. A mulher é louca, caralho!
Eu acho que sou o único desgraçado na terra que empurraria
uma loira gostosa dessa. Mas não posso, tenho algo maior a perder
se chegar a encostar nela, e esse não é o principal. Eu estou
apaixonado e obcecado. Não há mulher que possa tirar karol da
minha mente.
— Relaxe, bonitão. Deixa eu cuidar de você.
— O que é isso? — Ouço uma voz gritando por cima do som
ambiente e reconheço. Merda, essa não. Nunca mais karol olha na
minha cara. Empurro a loira, e ela se vira, mas karol não olha
furiosa para mim. Ela está com olhos de fogo mirando a mulher.
— Carla? — karol balbucia por entre os dentes.
— Vocês… se conhecem? — pergunto, meio confuso apontando
de uma para a outra.
Karol  avança para a frente como uma leoa nervosa, chega
bem pertinho da mulher e fala:
— Fala pra minha irmã que é necessário mais do que uma vadia
para acabar com meu casamento. — Ela empurra a mulher e segura
no meu braço. — Você vem comigo.
— karol , eu…
— Cale-se, Ruggero . Roupa suja se lava em casa. — Ainda muito
irritada, ela volta e grita para a tal Carla: — Não me obrigue a te
denunciar para a OAB.
— karol ! Quem é essa mulher? — grito, mas ela não
responde.
Saímos tropeçando, andando rápido, quase correndo. Ela
continua agarrada na minha mão.
No carro, ela fala sem me olhar.
— Para sua casa.
— Mas Beni está…
— Sua casa! — karol  rosna, e eu levanto as mãos me
rendendo.
Ficamos em silêncio durante o caminho todo. Karol  de braços
cruzados olhando fixamente para a frente, enquanto eu dirigia.
Assim que chegamos em casa, ela entra, eu fecho a porta, e ela
me empurra contra a parede. Cacete! Ela tem pegada forte. Já estou
de pau duro. Bem pertinho dos meus lábios, ela murmura:
— Você está comigo. Entendeu? — Ela segura forte meu queixo,
e eu continuo pasmo, encarando-a. — É meu para eu fazer o que eu
quiser. Não tente me enganar, nem burlar regras. Ruggero , não me faça
ser ruim. Se eu for ruim, eu serei épica — ela termina de falar e
abocanha meus lábios em um beijo chocante.
Puta que pariu. Nunca gostei tanto de estar ferrado.


Carolina


Em Nova York
— Carolina , vamos para o plano B. A vaca da sua irmã me
flagrou. — Me sento pasma na cama ao ouvir a voz de Carla pelo
celular.
— Como?
— Eu achei que Ruggero  estivesse sozinho, o vi por acaso e decidi
atacar — Carla se explica.
— Droga, Carla! E agora?
— O emprego para karol  — Carla diz de supetão. — Já que
não podemos atacar Ruggero , temos que ir por outro caminho. Passou da
hora de fazer ele odiar sua irmã para depois a gente dar o bote. Na
boate, ele não quis nem tocar em mim.
Após ouvir isso, me levanto e afaga os cabelos. Minha vingança
é contra Ruggero , mas minha irmã está no bolo. Eu não posso fazer
nada, karol vai ser atingida.
— Ele não pode estar gostando da  karol . — Reflito, numa
tentativa de me convencer disso.
— A karol  que eu vi não parece nada com a sua irmã. Eu até
achei que era você.
Cacete! O que karol  está fazendo? Eu estou uma pilha de
nervos.
— Tudo bem. Vou ligar para ela e tentar influenciá-la.
— Ligue para Sérgio. Ele é esperto e galanteador, vai saber o
que fazer — Carla opina.

— Tá. Farei isso — Eu concordo — Fique de olhos abertos.
Logo Ruggero  vai estar odiando karol.
— Deixe comigo.

Karol


Apesar de ser delicioso beijar Ruggero , sentindo minhas pernas
tremerem com o jeito gostoso que ele está me abraçando e
devorando minha boca em um apetite voraz, eu me afasto dele.
Não será tão fácil como ele pensa. Eu também vou sofrer, estou
louca de vontade de transar, mas minha honra está em primeiro lugar.
Não posso deixá-lo ganhar tão facilmente. Ele não pode sair impune
tão fácil desse lamaçal em que as armações dele nos jogaram.
— karol … — ele tenta me segurar de novo, e eu me afasto mais.
— Vamos buscar Beni.
— Você só pode estar brincando. — Ruggero  se detém, perplexo.
Arfa cheio de tesão, pronto para o que der e vier. Ele achou que seria
um castigo gostoso. Dar para ele não seria castigo para nenhum de
nós. Deixar ele na vontade é sim o castigo.
Os olhos dele estão arregalados e os lábios, entreabertos, ainda
ofegantes.
— Eu estou com cara de quem está brincando? Vamos logo.
— Por que nos trouxe aqui? Apenas para me fazer de tolo?
— Para te dar um recado. E acho que já foi dado. — Olho com
ironia para o pacote evidente nas calças dele.
— karol , vai me deixar assim? Olha meu estado, poxa. Eu já
estou há dias louco para transar com você.
— Então, fique mais alguns dias — eu digo e saio batendo a
porta.
Não demora nem quinze segundos, e Ruggero  aparece com cara de
bicho. Não estou nem ligando. Quero mais é que ele fique emburrado
mesmo. Ele pode ter o controle de tudo, planejar qualquer coisa, mas  quem manda no meu corpo sou eu.
O clima fica tenso, muito tenso mesmo, dá até pra cortar com
uma faca o ar entre nós, de tão denso e pesado. Ruggero  dirigindo não
diz uma palavra e continua assim depois que pegamos Bernardo e
voltamos para casa. Eu poderia deixá-lo remoer sozinho a frustração,
mas abro minha boca e digo, assim que chegamos em casa:
— Você diz que me ama, então prove. Fique comigo nos meus
termos.
Ruggero  olha para mim ainda rancoroso, depois meneia a cabeça e
sai pisando duro rumo ao quarto.
Dei meu recado.
Levo Bernardo para o quarto, ajeito-o no berço, e, depois de
alguns minutos, decido que vou dormir no quarto com meu marido
trambiqueiro. Não vou ser medrosa logo agora que estou ganhando.
Entro no quarto, e ele já está deitado. Vejo as roupas
espalhadas pelo chão e poltrona. Como se nada tivesse acontecido,
pego a calça dele, dobro e faço o mesmo com a camisa. Coloco a
roupa dobrada sobre a cômoda. Depois de me preparar e vestir uma
camisola, vou para a cama. Ruggero  pode estar acordado, mas nem se
mexe. Está muito bravo, e eu não me arrependo nem um pouco por
ter brincado com a libido dele.
***
Quando acordo de manhã, Ruggero  já está de pé. Abro os olhos e
me sento. Ele está em frente ao espelho fazendo um nó na gravata.
Tão sexy vestido desse jeito. O olhar está sério, e os cabelos, úmidos
pelo banho. É difícil pra caramba ter que ignorar esse corpão. Essa
noite, eu acordei para ir ver Beni e eu estava abraçada ao corpo dele.
Não tinha mesmo me esquecido de como era bom dormir agarrando o
corpo masculino bem esculpido e cheiroso.
Me levanto e passo por ele para ir ao banheiro. Quando saio, de
dentes escovados e cabelos penteados,  Ruggero  levanta os olhos e me
encara. Está sentado na cama.
— Senta aqui comigo, karol.
— Pode dizer, estou escutando — digo, cruzando os braços,
sem querer sentar ao lado dele. Deve estar deliciosamente cheiroso.
— Estamos em um casamento, não em uma disputa. Em
momento algum, desde quando nos conhecemos, eu fui mau com
você. E não é agora que quero ser, não quero que seja minha
inimiga. Poxa, você é minha esposa, e não podemos ficar em um
casamento sem nos entender.
— E você acha o quê? Que com essa conversinha eu vou cair
de amores por você? — Não deixo de ser sarcástica.
— Não acho. Como te falei ontem, amor tem que ser
espontâneo.
— Eu não preciso provar nada, Ruggero . Não para você. Entenda
como quiser e, se não estiver satisfeito com o casamento, me dê o
divórcio.
— E você simplesmente levaria meu filho daqui? Como Carolina
fez? — Quando ele diz isso, sinto meu sangue fugir do rosto. Minha
garganta entala sem resposta. Ruggero  se levanta e me encara.
Desanimado, respira fundo e fala: — Eu preparei café. Tenho que ir
trabalhar. Qualquer coisa, pode ligar para a empresa. Hoje é dia de
malhar, vou a academia. À noite eu venho para jantarmos com o
pessoal. — Ele caminha para fora e, antes de sair na porta, volta e
fala: — Mais uma vez, me perdoe por ter te enganado. Não quero
cultivar inimizade com você.

Minha perdição   (Terminada )Onde histórias criam vida. Descubra agora