Capítulo 3 - Floresta proibida

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E nós viveríamos novamente
Da maneira mais simples
Vivendo dia após dia
Como alguns animais primitivos
Nós amaríamos novamente
Sob Sóis gloriosos
Com a liberdade que vem
Com a verdade

Billie Eilish


Amélia podia ouvir o silêncio pairar sobre as paredes da comunal da Grifinória. Mantinha seu livro em mãos, um romance qualquer que havia comprado em uma loja trouxa antes que o ano letivo começasse. Foleava concentrada com olhos presos sobre as frases e sentindo cada emoção que cada personagem tinha naquele momento trágico que acontecera.

Gostava de ler, achava melhor do que enfrentar a realidade. Amélia e Archie foram deixados na porta da casa de Joseph Parker com poucos dias de vida, enrolados em panos velhos e colocados dentro de uma cesta enquanto a noite chovia como nunca antes. Não tiveram um romance de filmes ou algo do tipo, apenas foi uma noite em um bar em que uma jovem se aproveitou do mais recente jogador prodígio de quadribol. Nunca quisera filhos e passou boa parte dos nove meses tentando acabar com quaisquer resquícios de gravidez, mas com uma ironia do destino as crianças cresciam cada vez mais saudáveis.

Joseph sequer lembrava o rosto da mulher do bar, mas não podia deixar as crianças a mercê do tempo na porta de sua casa. Embora no começo tivesse qualquer duvidas que fossem mesmo seus filhos, nas primeiras semanas que seus olhos se abriram e revelaram dois pares tão azuis como os dele, eram tudo que precisava para concluir que eram realmente seus.

Assim como seus pais, Amélia não esperava que realmente vivesse romances épicos como nos livros que lia. Já havia estado com outros rapazes em sua vida, tivera alguns meses de relacionamento com Charlie Weasley, que fora seu melhor amigo desde seu primeiro ano até dois anos atrás quando se formou. Charlie foi o mais perto que teve de realmente amar alguém, mas sabia que jamais dariam certo. O garoto queria ir para a Romênia cuidar de dragões e ela apenas queria estar em um lugar calmo e longe de toda a badalação que cresceu por conta da fama de seu pai.

Amélia suspirou. A lembrança repentina do sábado anterior se instalou em sua mente. A conversa com o professor Lupin e a forma que ele a olhava, podia ser algo que inventara em sua cabeça apenas para fantasiar a atração que sentia pelo mesmo, algo diferente do tivera com Charlie. Uma sensação no pé da barriga que fazia todos os pelos do seu corpo se arrepiarem e sua pele queimar em uma febre constante. Sentia-se atraída por ele de um jeito que jamais havia presenciado. Algo com a forma que ele sorria retraído e o jeito engraçado de andar com as mãos coladas aos bolsos das calças, sentia seu corpo queimar a cada centímetro.

Respirou fundo colocando o pequeno livro dentro do bolso do casaco e levantando seu corpo na direção da saída. Caminhou lentamente sentindo um vento forte bater contra seu rosto e o barulho alto vindo do campo de quadribol doer seus ouvidos. Sabia que o jogo deveria estar perto do fim, mas não sabia que seria tão rápido. Pode ouvir os berros animados e a fumaça vermelha voar sobre seu rosto, constatando em sua mente que a Grifinória havia ganhado.

Pode ver o grupo de professores reunidos a lateral do campo conversava animadamente e os torcedores corriam animados para todos os lados. Pode sentir o olhar de Lupin queimar sobre si quando passava pelos mesmos em silêncio, apenas queria encontrar Margie.

- Aqui está ela – pode ouvir a voz do professor Dumbledore soar animada fazendo com que todos se virassem para a garota.

- Minha garota, meu prodígio – ouviu a voz de Joseph enquanto se virava e via o homem de cabelos tão pretos como os dela a olhar sorridente.

- Pai? O que faz aqui? – perguntou ao se aproximar e o homem a abraçar pelos ombros fortemente.

- Vim ver como estão meus filhos. Professora McGonagall estava me contando sobre a ótima aluna que vem sendo – sorriu animado a sacudindo pelos ombros e a garota sorriu envergonhada.

Dear Professor - Remus LupinOnde histórias criam vida. Descubra agora