Capítulo 8

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Os dedos de Sarah escovaram minha bochecha e subiram a linha do meu maxilar, tão suave que eu tremi mesmo na luz solar tropical.

Quando o toque retorna de volta ao meu cabelo, ela parou e eu respirei fundo, sentindo meu rosto quente.

-Ai está - ela falou, franzindo a testa.

-O...O que? - gaguejei, completamente confusa. Depois de um segundo, a mão de Sarah se afasta e pude ver um besouro verde brilhante entre os dedos, mexendo suas perninhas. Eu me empurrei pra trás enquanto ela lançava o inseto de volta para o lago. -Ai meu Deus, estava no meu cabelo?

-Provavelmente estava nadando na água conosco mais cedo - ela opinou e eu estremeci só de pensar. Que jeito de arruinar o momento, besouro. Eu estava prestes a obter um exame mais pessoal - eu acho que você vai viver.

-Eu vou viver, apenas fiquei assustada, pelo menos não me mordia - resmunguei.

-Você ainda acha que todos os animais aqui vão atacar você? - ela perguntou, com um meio sorriso divertido no rosto.

-Neste ponto? Totalmente.

Colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha, eu limpei a garganta, esperando recuperar alguns momentos. Sarah deitou no chão, colocando as mãos atrás da cabeça e fechando os olhos. Era uma bela visão, mas não podia deixar de estar um pouco frustrada.

-Obrigada por tirar ele, foi uma dor no meu... cabelo - falei e me bati mentalmente pela frase besta.

-Me chamou a atenção, não precisa agradecer - ela disse simplesmente.

Eu jurava que ela estava se aproximando por outro motivo.

-Eu só.... pensei que você iria dizer outra coisa depois do comentário de eu ver o melhor nas pessoas e tudo - eu achava impressionante minha incapacidade de manter a boca fechada.

Os olhos claros cintilam na minha direção, a expressão de Sarah inescrutável por um momento. Eu daria qualquer coisa para ler seus pensamentos por alguns segundos, apenas para saber se estou ou não vendo coisas.

-Não foi um insulto, apenas uma observação - e isso não é realmente uma resposta - Mas acho que nossas roupas estão secas agora, nós podemos nos vestir e voltar para o resort, o que deve ter menos besouros. Enquanto alguém não deixar a porta da frente aberta, de qualquer maneira.

Não havia sentido em discutir com ela, então apenas fiquei em silêncio enquanto colocávamos nossas roupas. O calor persistente na parte de trás do meu pescoço não tinha nada a ver com o sol e se recusava a ir embora quando pensava em Sarah se aproximando novamente.

-Juliette? - ela me tirou dos meus pensamentos e só então percebi que havia ficado muito tempo parada no mesmo lugat - você está vindo? É uma longa caminhada de volta.

-Desculpa, muito tempo no sol, eu acho - dei a primeira desculpa que veio na minha mente.

-Sua cabeça dói? - ela perguntou e eu neguei - mostre sua língua - eu murmurei um som fraco de protesto, mas a sobrancelha levantada é o suficiente para eu fazer isso. Sarah encolheu os ombros, então se virou para começar a voltar para a selva - você está bem, sem golpe de calor.

-Ah... - sussurrei, era óbvio que era isso que ela estava procurando.

Segui alguns passo atrás de Sarah, pisando em vinhas e galhos quebrados, mantendo os ouvidos atentos para qualquer som na mata. Mas não havia nada além do sussurro de vento através das árvores, me deixando perdida em meus próprios pensamentos.

Pelo menos, eu não estava doente, isso significava que eu não estava vendo coisas. Ela estava começando a se abrir pra mim e algo atrapalhou isso. Mas o que?

Castaway - A Aventura do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora