The narrator's point of view.A manhã no colégio seguiu calma, Camila conversou com Mellie e Kylie sua possível nova amiga que também possui Autismo em um grau mais leve. Ally e Kylie contaram a Camila sobre o projeto criado por Lauren que visa ajudar todos os alunos com alguma deficiência a se socializar com os outros e também ajuda a conscientizar os alunos “perfeitos” a maneira como devem tratar os colegas especiais. E que foi graças a esse projeto, que Kylie conheceu ally e hoje tem uma amiga para conversar, uma não, duas. Camila sentiu-se feliz e enciumada, feliz pela iniciativa de Lauren e enciumada por saber que Ally teve outra companhia quando ela esteve fora do colégio.
— Você está bem? — Lauren perguntou preocupada ao notar a expressão de insatisfação de Camila, a mais velha terminou de estacionar o carro no estacionamento da academia e retirou o cinto de segurança.
— Ally fez outra amiga.
— Uh, a Kylie. É eu sei, amor, mas você também pode ser amiga dela.
— Não gosto da ideia de dividir a Ally, e se ela se esquecer de mim? Se ela gostar mais da Kylie do que de mim? — Perguntou ainda encarando os próprios dedos.
— Ally ama você, Camila, assim como você ama ela. O fato dela ter feito uma nova amizade não muda os sentimentos dela por você. — Lauren levou a mão ao rosto da mais nova e o acariciou. — Ally te faz se sentir bem e especial? — Camila anuiu em afirmação. — Então, querida, ela só quer fazer a Kylie se sentir assim também. Ambas são especiais para Ally, são as amigas dela e ela não quer perder nenhuma das duas.
— Mas... — Camila se calou confusa.
— Entendo, que antes Ally era só sua amiga e você não tinha que dividi-la com ninguém. Mas pense um pouco, como você se sentia antes de conhecer a Ally? Antes dela se tornar sua amiga?
— Sozinha, Lise.
— Kylie se sentia da mesma forma, ela não tinha nenhum amigo naquele colégio, até Ally ajudá-la e tem muitos outros alunos que se sentem sozinhos porque não possuem nenhum amigo ali. Ally simplesmente fez o que o projeto incentiva, ela ajudou Kylie e hoje são amigas.
— Não devo ter ciúmes?
— Não mocinha.
— Obrigada, Lise.
— Não há de quê, minha princesa. — Lauren sorriu. — Agora vamos, você tem muito o que estudar ainda porque perdeu algumas aulas mocinha. — As duas morenas se retiraram do carro.
— Você vai me ajudar em casa, Lise?
— Sim, eu vou. — Respondeu entrelaçando a mão com a de Camila, enquanto se encaminhavam para o elevador. — Escolheu a técnica que vai usar no trabalho da escola?
— Ainda não, eu só conheço a que você passou no meu primeiro dia aqui. — Camila murmurou.
— Certo, vou te mostrar outras e depois você escolhe com a Ally. — Camila sorriu e apertou levemente a mão da mais velha, as duas rumaram para sala de aula. — Hum... Estive pensando, que tal sairmos para jantar sexta?
— Podemos ir em um restaurante italiano? — Respondeu com outra pergunta.
— Podemos comer o que quiser, amor. — Camila sorriu, Lauren parou em frente a porta da sala de aula que já tinha alguns alunos.
— Por que vamos sair para jantar Lise?
— Quero te levar a um encontro, amor.
— O que é isso? — Perguntou confusa, Lauren sorriu e deixou um beijo estalado na testa da mais nova.
— É quando duas pessoas que se gostam saem juntas, elas aproveitam para conversar, se conhecerem mais, passar um tempo juntas e até namorar um pouco.
— Tipo o nosso passeio no parque?
— Humrum, tipo o passeio no parque, mas dessa vez só irá nós duas. — Camila sorriu e abraçou Lauren.
— Estou ansiosa para o nosso encontro, Lise. — Murmurou contra o ouvido da mais velha. — Muito ansiosa!
— Eu também estou, amor. — Lauren murmurou para mais nova que por alguns segundos olhou pelo vidro da porta e viu alguns colegas de classe.
— Não gosto dela. — Camila resmungou encarando a menina ruiva, fazendo Demetria se afastar um pouco e olhar na mesma direção. — Ela quer você.
— Ariana é uma menina muito legal, querida, deveria deixá-la te conhecer. — A mais nova emburrou o rosto brava. — Não fique assim, Sol, eu estou com você e sabe disso.
— Você está defendendo ela!— Eu só não quero que você desgoste das pessoas só porque elas sorriem para mim, é um gesto educado e não afetivo. — Camila continuou emburrada. — Cielo, esse biquinho está me dando muita vontade de te beijar. Como no sábado... Te deitar em minha cama e te encher de beijos, isso me deixa louca para chegar em casa logo. — Camila não conteve o sorriso ao ouvir as palavras sussurradas por Lauren.
— Vamos para aula, Lise, quero ir para casa logo! — A mulher sorriu com a pressa da mais nova.
— Vamos querida.
Lauren abriu a porta da sala dando passagem para Camila, que entrou direto e foi para o final da sala para ficar longe do campo de visão de qualquer outro aluno, a hispânica foi para sua mesa, arrumou suas coisas sobre ela e escreveu na lousa com letras muito bem desenhadas a técnica que os alunos iriam treinar, caminhou por entre os alunos e foi até Camila que estava encarando a lousa fixamente, parou ao lado a mais nova e tocou-lhe no ombro com cuidado.
— Vou deixar eles fazendo esse exercício e vou vir te ajudar, porque aqui vamos usar duas técnicas na verdade. — Lauren explicou baixinho.
— Está bem, Lise. — A mais nova sorriu minimamente, Lauren se afastou voltando para o seu lugar ao notar que todos os alunos já estavam presentes e em seus devidos lugares.
— Para hoje iremos treinar a técnica de arpejo de equalização, alguém tem noção do que isso seja? — A hispânica perguntou parando em frente a sua mesa e virando-se para turma a tempo de ver Ariana, a menina ruiva, levantar a mão fazendo Camila revirar os olhos. — Pode falar, Ariana.
— É uma técnica usada para equalizar as duas mãos, assim ao invés de tocarmos apenas com uma, iremos tocar com as duas harmonicamente. — A menina sorriu empolgada.
— Muito bem. O arpejo de equalização é nada menos do que a colega de classe de vocês falou, uma técnica para equalizar as duas mãos ao invés de só uma. Para isso, vamos precisar novamente dos acordes com sétima maior, mas agora vamos fazer o acorde com as duas mãos. Então o mesmo acorde que antes era feito só com a mão direita também vai ser reproduzido na mão esquerda. — A hispânica caminhou até o primeiro piano próximo de si, o piano de Ariana, e demonstrou um pouco da técnica.
— Além disso, a diferença está em como vocês vão tocar o acorde. Ao invés de bater todas as notas juntas, vocês vão arpejar cada uma delas, ou seja tocar individualmente, de forma que cada uma seja tocada separada das outras. Isso tudo com uma das mãos, enquanto isso a outra estará tocando as notas juntas. Então por exemplo, você está arpejando sobre o acorde de C7M com as duas mãos... — Tocou novamente. — Com a mão esquerda vocês tocam todo o acorde com todas as notas juntas e ao mesmo tempo vocês iniciam o arpejo na mão direita, ida e volta. Quando vocês estiverem chegando novamente na nota Dó, na mão direita, vocês irão alternar as mãos, ou seja, quando estiver tocando novamente a nota Dó vocês vão tocar o acorde inteiro na mão direita. Com isso vai obrigar a sua mão esquerda também a arpejar. — Camila observava tudo do final da sala com um ponto de interrogação sobre a cabeça e com uma sensação ruim lhe remoendo por dentro só por estar vendo Lauren ao lado da menina ruiva.
— Resumo: Com uma mão vocês tocam o acorde inteiro, com a outra vocês arpejam. Depois inverte as mãos e a função que cada uma deve fazer. Esse exercício vai treinar o seu cérebro para trabalhar com as duas mãos juntas e a equalizar a força de cada uma delas. Podem começar. — Sorriu docemente para os alunos que iniciaram o exercício, Lauren caminhou para o final da sala, puxou uma cadeira para o lado de Camila e sentou-se. — Você quer que eu te ensine agora? — A mais nova negou, apontando para frente, Lauren guiou o olhar para o local indicado e viu que Ariana lhe chamava. — Eu já volto, amor.
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AUTISM (Concluída)
RomanceCamila possuí Transtorno do Espectro do Autismo (TEA) e não permite que ninguém, além de sua mãe, sua melhor amiga ally e sua ovelhinha de pelúcia Cindy, se aproximar de si. Mas tudo muda com a chegada de sua nova vizinha, que com a sua curiosidade...