Lixie e os meninos perdidos

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Jisung tinha 15 anos quando seus pais se divorciaram. Ele não entendeu direito o que aconteceu com o casamento dos mesmos, afinal, nunca os ouviu discutindo ou algo do tipo. Entretanto, ele entendeu quando seu pai abriu mão de sua guarda e disse, diante o tribunal, que não fazia questão de vê-lo nos fins de semana, ou ter qualquer direito de visita. Também não entendeu o motivo de sua mãe querer se mudar para a Austrália, e entendeu menos ainda quando as pessoas da nova cidade começaram a lhe chamar de Peter. Bem, talvez fosse porque a pronúncia de Peter é bem mais fácil para eles do que Jisung.

Estava perdido, não apenas no sentido mental, mas no físico também. Quis rir de sua própria burrice por ter acreditado que seria uma boa ideia entrar no bosque, sozinho, sem ter qualquer noção e referência, para voltar para casa depois. Contudo, ele só queria andar para ajudar a clarear as ideias e acabou perdido. Em sua cabecinha criativa, vulgo paranóica, já começava a imaginar como morreria perdido ali, sendo devorado por algum animal selvagem ou algo do tipo. Sentiu suas perninhas doerem pelo esforço de ficar andando por horas, provavelmente em círculos, e sentou-se em um tronco de árvore que estava caído, mas que ainda parecia firme para aguentar o seu peso. Sentia fome, sede e queria muito poder deitar em sua cama e dormir até o dia seguinte, mas não conseguia nem ao menos achar o caminho de volta para casa.

Não sabia há quanto tempo estava ali no bosque, porém cogitou estar completamente delirante a ponto de enxergar uma garota loira com sardas e asas, num vestido verdinho e descalça, parecendo saber exatamente por onde está andando. E Jisung não podia negar, a garota — ou deveria dizer fada? — era dona de uma beleza etérea. O Han tinha certeza que acabou caindo em algum lugar, bateu a cabeça e estava desmaiado em algum canto, sonhando estar perdido numa mata com uma espécie de fada. Ou talvez ele tenha comido algo que continha drogas ou alucinógenos.

A garota sorriu para si, tendo as bochechas rosadas pela vergonha por ter sido encarada tão fixamente por um garoto novo e bonito. Ela riu quando percebeu que o rapaz havia sorrido de volta, de forma encantada e igualmente envergonhado. A fada riu, não porque estava caçoando do garoto, mas sim porque achou fofo a maneira como ele reagiu.

— Precisa de ajuda? Parece perdido. — A voz um pouco rouca e grossa para uma garota, mas ainda assim melodiosa, soou levemente preocupada e Jisung se perguntou se ela estava agindo desta forma por ter outras intenções, que não fossem bondosas, para consigo.

— É... eu meio que me perdi. — respondeu um tanto baixo, sentindo vergonha de admitir sua falta de capacidade de encontrar a saída por si próprio.

— Meu nome é Felícia e se quiser, posso te levar para um abrigo, com comida, e amanhã os meninos te levam para sua casa. Eu não sei muito bem o caminho para civilização, não costumo ir lá, mas os meninos devem saber. — a Lee ofereceu e Jisung ficou receoso. Talvez ela estivesse se aproveitando de sua cara de idiota e tentando o sequestrar, certo? Pensou em negar, mas sentiu o estômago roncar e notou a loira rir novamente. — Pode confiar em mim...

— Jisung, mas pode me chamar de Peter, acho que é mais fácil. — o Han disse, deixando a tal garota que se tornara suspeita saber seu nome.

— Oh! Coreano, certo? Os meninos vão gostar de te conhecer, já que alguns deles são coreanos também. Channie gosta de conhecer pessoas novas e ele se sente meio excluído, já que é o único não coreano além de mim no grupinho. — Ela estendeu a mão para si, oferecendo ajuda para que se levantasse e também como uma forma de guiá-lo. Novamente cogitou a ideia de negar, mas sabendo do fato de que ela tem amigos, pensou na possibilidade de eles estarem ali, o cercando, para o pegarem. Segundo sua cabeça paranóica, não tinha como fugir, então segurou a mão da loira e se levantou — Acho que vou te chamar de Peter... Porque me lembra Peter Pan e eu, como uma fada, seria a sua Tinker Bell, te guiando até os meninos perdidos.

Peter HanOnde histórias criam vida. Descubra agora