Capítulo 6

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A jovem Sarah se encontrava na sala de estar, jogada no sofá principal de cor bege, enquanto os cachos de seus cabelos estavam sendo amassados ​​pelo atrito. As cortinas de renda branca voavam, bem alto, por conta do vento, que refrescava o cômodo. O calor estava insuportável naquele dia e só uma brisa fresca para aliviar aquela sensação.

Sarah havia ficado horas ali tentando achar alguma vaga de emprego no jornal, mas foi em vão. Não havia nada para uma mulher, e o que havia, a moça jamais saberia fazer, como por exemplo, ser uma cozinheira em casa de família. Ela não sabia cozinhar nada além de ovos, panquecas e bolo de chocolate. Não tinha absolutamente coisa alguma para ela naqueles anúncios, e então desistiu de procurar para poder adormecer um pouco, já que seus olhos estavam pesando.

Apenas conseguiu cochilar por alguns minutos, pois seu tio chegou fazendo um estardalhaço. Ele ainda estava no salão de entrada, provavelmente lavando as mãos. A jovem sabia que era o tio, pois reconheceu as risadas, mas de repente surgiu uma voz de mulher e seu coração gelou ao pensar que Arthuro podia estar querendo privacidade e não lembrava que a sobrinha estava em casa.

- T-tio, o senhor está bem? - perguntou ela, constrangida.

Ele não respondeu. Sarah não sabia se permanecia ali ou se subia as escadas para deixar os dois a sós, mas rapidamente decidiu ir para o quarto. Ao cruzar o corredor principal, deu de cara com Arthuro e Margarida.

- Tio Arthuro, eu não queria atrapalhar, juro!

- Mas o que está falando, minha sobrinha? Eu e Margarida estamos comemorando!

Sarah franziu a testa sem entender o que ele queria dizer.

- Nós nos casamos! - respondeu Margarida, com um grande sorriso, parecendo adivinhar a dúvida da jovem.

- Ah, meu Deus. Que maravilha, meus parabéns! - desejou Sarah, surpresa, mas muito feliz pelos dois.

Ela abraçou Arthuro e logo depois, Margarida. Eles faziam um belo casal. Estavam tão felizes que quando um ou outro sorria, os olhos sorriam juntos. Arthuro explicou que eles haviam se casado apenas no cartório sem dizer nada a ninguém, mas que assim que fosse possível e a situação da família melhorasse, eles fariam uma grande festa.

Enquanto conversavam, a porta do salão de entrada foi aberta mais uma vez e rapidamente, Célia entrou na sala de estar se deparando com uma cena de muita alegria.

- Que felicidade toda é essa, posso saber? - perguntou a senhora Virgos deixando sua bolsa bordada no sofá.

- Mamãe, tio Arthuro e Margarida se casaram!

A expressão de Célia se fechou, enquanto ela olhava incrédula para o mais novo casal. Sarah pensou que poderia ter dito algo errado, mas quando olhou para o tio, ele mantinha a feição serena, ao mesmo tempo que encarava a irmã esperando o absurdo que ela falaria.

- Mas que disparate! Como ousa se casar sem avisar ninguém, sem a família estar presente? - disse ela.

- Nós nos casamos no cartório, não na igreja. Ainda não! - respondeu Arthuro.

Celinha se tranquilizou um pouco, ela não queria que o irmão tivesse se casado sem a presença da sociedade. Se bem que no pensamento dela a aristocracia paulista nunca iria querer estar presente no casamento de um desempregado falido e uma professora.

- Menos mal, então. - concluiu ela. - Mas, eu espero que Margarida saiba que você, meu caro irmão, não tem onde cair morto.

Arthuro não conseguia acreditar que a própria irmã estava destilando veneno daquela forma. Ele iria falar poucas e boas para Celinha, mas foi interrompido pela esposa.

A noiva falidaOnde histórias criam vida. Descubra agora