capítulo 4 - a garota na cozinha

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Adelaine

Estava naquele lugar entediante a dois dias, os humanos idiotas não notaram que eu não estava fazendo nada, jogar um feitiço de ilusão foi fácil. Apenas alguns poucos tinham sentidos apurados e conseguiam me notar, mas isso era fácil de resolver. O que a Lider quer com esses camponeses?

No dia em que fui mandada para cá, tentei convencê-la do contrário, mas no final fui mandada para cá, sem muitas explicações.

Flash back on

A garota de cabelos brancos arrumando a estante de livros já havia tomado uma decisão. Mesmo sendo jovem, sabia quando e como ser firme.

- Minha querida, quando lá você chegar saberá do que estou falando. - dizia enquanto pegava um romance e o colocava numa pilha.

- Mas em meio aos criados? Humanos não são interessantes - eu disse com desprezo. Ela suspirou

- Não gosto quando você fala assim, os humanos são infinitamente interessantes em sua fragilidade. São como nos, só que sem magia. Enfim, está decidido, você e Liber a traram até mim, entendido?

- Sim, grande mestra - me curvei, derrotada. Já estava indo em direção a saida quando ela falou novamente

- Não force a barra, tenha paciência, a pessoa em questão é extremamente importante. Lhe proibo de usar qualquer artífice de força contra ela.

Flash back off

Aquela garota... seus olhos reluziram em um vermelho fogo, houve uma breve mudança no lugar durante aqueles breves segundos....

Deve ser novata, só assim para cometer um erro desse nível, expor sua verdadeira face. Até os humanos se retrairam levemente com aquela energia. Esbocei um leve sorriso enquanto a jovem voltava aos afazeres.
Ora ora, achei o novo brinquedo da senhora Prixa....

....

- Você realmente acha que a garota vira?

- Não sei, foi uma abordagem súbita, vamos ver...

- Não sei pra que você foi tão rápida, devia ter sido mais cuidadosa - ele suspirou enquanto ajeitava a sua capa, levemente irritado. Não o julgo, geralmente sou cuidadosa, mas dessa vez ... esse convívio com humanos vem me cansando consideravelmente.

- Relaxa Liber, ela vindo ou não vai dar na mesma ... - senti a presença de alguém por perto, me virei e a vi. É ela

- Angeeel - Liber riu

- Você mal conhece a garota e já força toda essa intimidade... - dei de ombros, mas não o respondi pois ela já se aproximava, visivelmente desconfiada. Ela soltou um suspiro e disse:

- Você disse que tinha algo importante para dizer então...

- Sabemos do seu segredo - a menina me olhou surpresa e um pouco confusa. Depois entendeu o peso de minhas palavras. Liber estava irritado, ele provavelmente achou que iria ter outro tipo de conversa. Eu que não vou perder meu tempo, a líder que me perdoe.

- Que segredo?

- Sua magia minha querid.. - fui interrompida com um vento súbito e cortante. Liber convocou um escudo para nós proteger, mas ñ rápido o bastante, já que surgiu um leve corte em meu rosto.

- Ora ora, não vai querer conversar com seus novos amigos? - falei com um ar inocente - que pena.
Neste momento comecei a fazer sinais de mãos.

- Terra, se renda a minha vontade, aprisionamento semi completo...
O solo ficou com uma aparência maleável, a garota notou o perigo é começou a fazer alguma coisa... Mas nesse momento Liber apareceu do lado dela e a carregou consigo, usando invocações do ar.

- Quer merda Lib...

- Cala a boca Adelaine, a errada aqui é você, nossas ordens são de conversar, e não iniciar um confronto aberto contra essa menina. Aqui não é o fronte de batalha, é um jardim. 

Ele estava extremamente enfurecido, mas procurou aliviar a expressão quando se virou para Angel:

- Minha senhora, poderíamos conversar? Eu odiaria iniciar um confronto com uma dama, sem nenhum motivo.

- Conversar?? Vocês me atacaram e ameaçaram, agora querem conversar...

- Na verdade foi você que nos atacou - interrompi com um leve tom de deboche  - Eu apenas estava conversando e disse que sabia de um segredo, não falei qual era.

- Infelizmente sou obrigado a concordar com minha colega, foi a senhorita quem nos atacou. - isso fez a garota refletir e pareceu realmente culpada. Que estúpida, tem que aprender a não deixar seus pensamentos tão em evidência no seu rosto.

- Ok, vamos conversar - Ela ainda mantinha uma postura defensiva. A essa altura Liber já estava no chão, junto dela.

- Quem são vocês e o que  querem comigo?

- Eu sou Liber, e aquela, - ele apontou pra mim, que estava apoiada num carvalho antigo - é Adelaine. Somos magos, e fomos enviados pela nossa senhora para procurar por você

- Na verdade não sabemos se foi por essa garota, madame Prixa não especificou o que era.

Liber me ignorou e falou com a garota  novamente.

- Gostaria de pedir perdão pela abordagem súbita, nos foi recomendado apenas conversar com você, e não agredi-la.

A menina aparentemente estava acreditando nele. Quem não iria? Liber consegue ser agradável quando o deseja. Mas alguma coisa nessa garota ainda me deixa curiosa...

- Angel, sei que até agora você deve estar me odiando, mas eu fico realmente surpresa com algo. Por que uma feiticeira vive nesse castelo em meio aos empregados humanos?

Finalmente Liber concorda comigo, pois ele também parecia querer saber o por que disso. Ela suspirou e sentou em um banco que havia por perto.

- Bem, eu vivo aqui desde criança. Não sabia se ou onde existia outras pessoas como eu.

Isso era ainda mais surpreendente ainda, e também perigoso, como uma criança manteve escondidos seus poderes?

- Bem, eu não estava totalmente sozinha esse tempo todo - Ela disse isso olhando diretamente para mim, como se respondendo a minha pergunta. Provavelmente falei meus pensamentos em voz alta....

- Entendo, pode nos contar mais sobre isso?

Ela tornou a se virar na direção de Liber, mas antes de iniciar, eu falei:

-Espera um pouco, vocês não sentem frio? Caraca, vou acender uma fogueira antes da história começar. Fogo e terra, junte-se a minha vontade, e aqueçam este lugar. - um pequeno fogo surgiu em uma concavidade na terra. Me sentei em uma das raízes da árvore e disse para a garota continuar.

- Uma das criadas do castelo era uma amiga íntima de minha mãe, e cuidou de mim por todos esses anos.

- O que houve com sua mãe? - Liber perguntou.

- Ela..., eu não sei direito. Me foi dito que ela morreu, porém não sei as circunstâncias.

Notei que Liber iria dar as condolências mas falei antes dele, não temos tempo pra delicadezas,

- Esta mulher que te criou, é uma feiticeira?

- Não...

- Então como dominou seus poderes?

- Minha mãe me ensinou, ela dizia que era importante eu saber me defender... - ela pareceu divagar em pensamentos de saudade. Pelo menos ela se lembra... Não posso pensar nisso agora, passou, eu superei... - e antes que me perguntem, eu tinha 6 anos quando ela saiu da minha vida. - a garota finalizou.

Eu queria perguntar mais coisas, porém Liber não deixou. Ele nunca gostou de pisar em terreno delicado mesmo...

- Bem, isso tudo me leva a crer que você é extremamente ignorante sobre nosso mundo, certo? - ela concordou com a cabeça - Bem, então irei lhe contar tudo que precisa saber de imediato, e o porquê de estarmos aqui.

-Vai ser uma longa noite, falei com um leve bochejo...

O Reino De Solarian, Entre Raios E TempestadesOnde histórias criam vida. Descubra agora