Lexa point of view
Tudo pronto pra casar com a peste da escuridão. Iremos nos casar em dois dias e hoje é o dia separado para conversarmos. Não houve noivado ou nada do tipo. Ela não quis. Melhor assim. Queria que ela abrisse mão desse encontro de hoje, mas ela aceitou. Não sei com que intenção. O casarão inteiro é nosso hoje e um jantar nos aguarda. Bernadete abre a porta e ela entra toda trevosa vestida de preto.
- Presumo que a cor escolhida do vestido seja propícia pro enterro que será esse jantar. - Pego sua mão e beijo. - Boa noite, Clarke.
- Uma idiota educada. Pelo menos isso. - Ela me segue. - Boa noite, Lexa.
Puxo a cadeira e ela senta toda elegante. Nem parece uma peste quando está calada. Parece até... Bonitinha.
- Tudo pronto pra minha mudança pro castelo? - Quis puxar assunto. - Já separou meu quarto?
- Separar quarto? - Ela parece surpresa. - Digo, você não vai dormir no mesmo quarto que eu? Seremos casadas e...
- Não, Clarke. - Interrompo. - Casadas nós seremos, mas não tenho obrigação alguma de dormir com você. Nos odiamos, isso é fato. Tenho medo de que em um dos seus surtos você toque fogo em mim. Não vou arriscar.
Ela gargalha como seu ouvisse uma boa piada, mas eu senti um tom de desapontamento vindo dela.
- Confesso que pensei em fazer isso mesmo. - Ela bebe um pouco de sangue. - Mas assim seja. Você dormirá em um quarto muito aconchegante. Não duvide que mandarei preparar o melhor quarto.
Comemos em silêncio e por muitas vezes percebi que ela me olhava. Durante a sobremesa, senti uma inquietação vindo dela. Ergui meu olhar e apenas com ele perguntei o que estava acontecendo. Faço muito isso.
- Você me acha infantil, imatura, peste, como for. Mas acho que no mínimo devemos tentar ser amigas. - Ela diz de uma vez. - Você verá que a eternidade é muita coisa e ficar nesse pé de guerra não vai fazer passar depressa. O que você acha?
Ela tem razão. Vamos permanecer casadas para sempre e viver nesse clima ruim é intolerável. Terei que fazer esse esforço.
- Ok, Clarke. Podemos tentar então. - Levanto uma taça. - Um brinde a nossa mais nova amizade.
- Um brinde.
Acompanhei ela até na frente do casarão e ela parecia tão perdida olhando tudo em volta.
- Esse lugar tem um ar de liberdade. Vocês lobos devem viver muito felizes aqui. - Ela me encara. - Obrigada por me receber, amiga idiota.
- De nada, futura esposa das trevas. - Sorrio e impensavelmente beijo sua testa. - Até o casamento.
Volto pra dentro do casarão o mais rápido que posso. Acho que ela zombaria de mim por esse ato repentino. Não iria ficar sendo humilhada por um ato impensado. Afinal, por que fiz isso? Acho que o sentimento de amizade está se manifestando. É isso.
- Você beijou a testa dela? - Louis aparece zombando de mim. - E ainda diz que odeia a garota. Está toda derretidinha.
- Me erra, Louis! - Brado inquieta. - Selamos um acordo de paz. A amizade fará com que possamos nos aturar pela eternidade que nos aguarda. Só isso.
- Deixa a mamãe saber que você beijou a...
Deixo ele falando sozinho e subo pro meu quarto. Logo isso vai tomar proporções imensas e eu não vou querer ficar ouvindo gracinhas. Espero que essa trégua não dê a entender nada para os que estão de fora. Não tenho intenção alguma de ter nada com ela. Ainda não entendi porque ela achou que eu dormiria no mesmo quarto que ela.
- Lexa? - Desperto com a voz da minha mãe. - Bati e você não respondeu. Resolvi entrar. Como foi o jantar? O Louis me contou que...
- Foi tudo bem, mãe. O Louis é muito linguarudo. Não foi nada demais. Por favor, não crie expectativas em relação ao casamento. - Declaro cansada. - Posso ficar um pouco sozinha? Não está sendo fácil pra mim, principalmente porque em dois dias serei uma bebedora de sangue e isso não me deixa nada bem. Tirando o fato de casar com alguém que não tenho nem sentimento de amizade.
Minha mãe assentiu e saiu do meu quarto. Não sou rude, nem tão pouco grosseira, mas a minha situação não é fácil. Eu assumirei tantas responsabilidades ainda aos 20 anos...
Isso me deixa perturbada, isolada, triste. Levanto e vou até a enorme varanda no meu quarto. A lua está enorme, radiante.- Mãe. - Sussurro olhando pra lua. - Me ajuda porque não tá fácil.
A minha ligação com a lua só aumentou com os anos. A Deusa da lua é minha bússola, uma guia pra mim. Mas ultimamente não tenho tido tempo pra conversar com ela. Minha mãe não tem ciúmes disso, pelo contrário, ela apoia e agradece muito a Deusa por ter me enviado a ela. Dona Cheryl é a melhor mãe, sem mais.
--×--
Hoje é o dia do casamento. Estou mais tranquila do que antes. Depois de entender que não tem como fugir disso, descansei. O casamento acontecerá no Castelo dos Vampiros, onde já ficarei aqui em definitivo. Tudo está decorado em preto e vermelho. Reviro os olhos. Só a minha família ocupa quase todos os lugares disponíveis. Só agora percebo que minha família é enorme. A cerimônia será conduzida por um vampiro, um bastante velho. Sozinha no altar, de preto e nem um pouco nervosa, aguardo a entrada da noiva trevosa. E ao som de um órgão, ela entra vestida de preto e vermelho.
A peste está bonita, apesar de que eu ainda tinha esperanças de que ela aparecesse de branco. Mas sei que ela não perderia a oportunidade de contrariar expectativas. Seu pai está ao seu lado e constato que o mesmo está radiante. Além das nossas famílias, muitos lobos e vampiros aguardam o tão sonhado selamento da paz. A paz pra uns, prisão pra outros. No caso, pra mim. Já perto de mim, Austin Mahone me entrega sua filha. Ao me cumprimentar, sussurra algo.
- Sejam felizes!
Devolvo com um aceno e Clarke envolve seu braço ao meu. Ela me olha e sorri levemente. Caminhamos até perto do vampiro velhote e o órgão para de ter seu som ecoando ali. Estava na hora de casar. Infelizmente.
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Prometida à Alfa - Choni
Fanfiction[Finalizada] Filha do líder de uma alcatéia forte, Cheryl sempre dedicou-se a assuntos que não se referiam a lobos. Sabia que o que estava em seu DNA não podia ser mudado, mas preferia negar. Gostava de ensinar as crianças do vilarejo e ajudar quem...