Capítulo 17

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 Leticia

Desisti de fazer meu cérebro pensar em outra coisa que não fosse o convite de Gustavo, olhando a situação não era tão louco assim ele decidir tirar alguns meses para se aventurar por aí, claro que eu jamais cogitaria a ideia de adiar em pelo menos seis meses a faculdade, mas ainda era uma ideia interessante. Será que eu estava ficando louca? Não é realmente sério que estou aqui sentada em frente ao espelho tendo uma crise de identidade, bem agora quando falta tão pouco para a prova da Fuvest, sempre soube que essa minha amizade com Gustavo ia me levar para o fundo do poço.

O passeio ontem com Tia Kira já tinha sido estranho o suficiente, definitivamente eu teria que ter uma conversa com Gustavo, as coisas estavam indo tão bem, porque céus ele teve que surgir com essa ideia maluca de mochilão pela Europa? Sem contar que está muito difícil ignorar os seus olhares, é quase impossível segurar o sorriso quando ele pousa aqueles olhos cor de mel nos meus...

A véspera de Natal não é algo que os americanos comemoram, diferente de nós brasileiros que qualquer dia é dia de festa, aqui o dia 24 de dezembro é só mais um dia comum. Tia Kira nos encontrou para um jantar de natal junto com a nosso grupo de viagem, como sempre ela foi o grande centro das atenções arrancando gargalhadas de todos, fiquei muito chateada por ela não poder ir com a gente assistir ao musical da Broadway depois do jantar, mas super entendi que não estava dentro do seu orçamento gastar dinheiro com o ingresso.

Não sei se assistir a um musical tinha sido uma boa ideia, afinal 90% do nosso grupo não entendia nada de inglês então seria bem chato ficar por pelo menos 2 horas em um teatro sem entender absolutamente uma palavra do que estava sendo dito pelos atores. Meu pai tentou pular esse passeio alegando que poderíamos fazer qualquer outra coisa com o dinheiro dos ingressos, mas minha mãe estava com a ideia fixa de que precisávamos curtir absolutamente todas as coisas turísticas de Nova York e uma delas era passar pelo ritual do primeiro musical da Broadway. O grupo votou pelo musical Aladdin, além de ser um musical com indicação livre era uma história que a maioria das pessoas conhecia facilitando a vida de todo mundo.

--Poxa esse teatro é lindo! -- Comentou meu pai sem tirar os olhos das luzes que piscavam ao redor do letreiro.

--Falei que valia cada centavo!

Revirando os olhos murmurou – Agora é meio tarde pra pedir o dinheiro de volta né Katia...

--Você sempre arranja uma maneira de estragar a magia das coisas Fabio! -- Disse irritada enquanto passava pela porta de entrada do teatro.

Gustavo e eu estávamos nos mantendo amigáveis, continuamos no ritmo que seguíamos desde o começo dessa viagem. Essa noite em específico ele estava ainda mais bonito, definitivamente a sua mãe tem um senso de moda incrível e isso é claro em todos os looks que foram escolhidos a dedo por ela, o casaco de linho preto comprido até a altura dos seus joelhos dava um ar de modelo de passarela.

--Você está muito elegante hoje...

Abrindo um sorriso comentou -- Não é todo dia que vamos a Broadway não é mesmo?

--Os pombinhos podem fazer o favor de sentar logo? Eu preciso enxergar o palco e se vocês continuarem aí em pé vai ficar muito difícil... -- Joca estava nos encarando como se estivéssemos cometendo um enorme crime.

Olhei meu ingresso novamente pra ter certeza que aquele era o acento correto ignorando as reclamações de Joca que continuavam a irritar meus ouvidos, me sentei na poltrona finalmente me virando pra fileira de trás onde Joca e meus pais estavam sentados -- Mãe você precisa controlar melhor o seu filho ele está simplesmente insuportável!

Nada é por acasoOnde histórias criam vida. Descubra agora