Capítulo 4: Novo plano

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Desde quando chegaram a Chiang Rai alguns dias atrás, Ohm e Fluke procederam à investigação sobre a situação atual dos seus alvos. Não para a sua surpresa, os rapazes descobriram que os homens mantinham as mesmas ocupações da época em que Ohm havia descoberto sobre eles e de quando haviam cometido o crime, inclusive.

Numa mostra clara do que a corrupção dos bons é capaz de fazer em favor dos maus, Meen e Bo ainda trabalhavam como distribuidores de drogas. Ligados a um grande cartel da região, eram eles que controlavam quanto cada vendedor receberia, definiam os preços e cuidavam da contabilidade, o que significava dizer que ameaçavam e matavam quem devia dinheiro para eles. Só havia um líder em posto mais elevado que o deles na região, mas ninguém conhecia a identidade secreta do temido traficante.

Meen era um pouco mais baixo que Ohm, mas compensava em força física. Ele havia servido ao Exército há alguns anos e ainda mantinha o mesmo corpo e preparo daquela época. Ele vendia drogas e gozava do lucro, mas era esperto o suficiente para não usar seus produtos. Por outro lado, estava acostumado a chegar em casa bêbado depois de um dia de "serviço" e bater na mulher, uma moça comum que deu a falta de sorte de casar com a cara errado e agora sofria com as consequências.

Por sua vez, Bo era um homem baixinho, mas ainda mais alto que Fluke, e muito magro. Tinha uma péssima postura, o que dava a ele a impressão de ter algum problema de coluna. Seus olhos constantemente arregalados e nariz longo pontudo lhe davam uma aparência similar a de um rato e ele era tão sujo quanto um. Estava constantemente sob o efeito de drogas estimulantes e gostava de se liberar sem cerimônia onde tivesse oportunidade. Porém, tinha um tipo específico: gostava de menores de idade. Não importa se meninos ou meninas, ele gostava de ver as lágrimas em seus olhos enquanto tomava seus pequenos corpos.

Toda a comunidade conhecia Meen e Bo, além de ter uma noção forte dos seus trabalhos. Contudo, o terror provocado pela mão do tráfico e a certeza da impunidade desestimulavam qualquer denúncia contra eles. Com toda a certeza ninguém sentiria falta deles.

Depois de descobrir onde eles atendiam na maior parte do dia, Fluke foi até lá para dar início ao plano. Ohm não gostava da ideia de deixar o outro sozinho, mas o argumento do mais velho era preciso demais para ser ignorado:

"Um garoto de pele boa e olhar inocente comprando drogas? Vão te matar em 2 segundos com suspeita de ser alguma tocaia, Ohm.", e saiu caminhando a passos deliberados na direção do prédio abandonado que havia sido invadido pelo grupo criminoso com o propósito exclusivo de tornar ali seu escritório.

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"Chefe, olha o que eu encontrei!", um homem disse empurrando Fluke na frente de Meen.

"Ei, ei! Cuidado! Só essa jaqueta de couro custa mais do que o seu rabo!", Fluke provocou, a calma escrita nos seus olhos e postura.

"Seu desgraçado, o que você tá falan--", o capanga ameaçava dar um soco nele, mas foi interrompido por Meen.

"Espera, Dom. Quem é você, garoto?", o homem perguntou de trás da sua mesa.

"Ninguém que te interesse!", Fluke respondeu cortante.

Meen sinalizou com a cabeça e Dom plantou no estômago do prisioneiro o soco que tanto queria dar. Fluke caiu no chão buscando por ar. O lugar tinha 5 pessoas além de Meen sentado numa mesa e Bo numa poltrona colocada no canto do cômodo, parecendo alheio a toda a movimentação que passava diante de si, um efeito comum do seu estado entorpecido.

"Preparado pra dizer quem é, garoto?", Meen perguntou.

"Ninguém. De verdade, eu não sou ninguém. Meu chefe me mandou aqui pra negociar um pedido. Só isso."

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