Voltamos❤️
Nem vou me estender um pouco, apenas boa leitura!
Me lembro bem da última vez que eu chorei pelo Joshua, estava no cemitério em seu túmulo vazio sem um único corpo lá dentro, todos os familiares que perderam alguém naquele incêndio ficaram sem dar um enterro digno. Apenas com fotos e mais lembranças, a família Beauchamp desde de seus antepassados eram enterrados todos juntos. Me pergunto se quero fazer parte disso um dia.
Minhas mãos tremiam, e eu não sabia o motivo, já tinha me despedido de você em tantos idiomas, tantas formas que eu não era mais criativa pra fazer, apenas levei minha mão até uma foto nossa e com a ponta dos dedos te fiz carinho, dedilhei seu rosto. E as lágrimas saiam descontroladamente, eu soluçava e a dor era enorme.
Depois nunca mais chorei.
Era a terceira vez que eu enchia aquela taça de vinho, quase a ponto de levar a garrafa a minha boca e tomar um gole até esquecer meu nome. Tinha pego a garrafa pra conseguir harmonizar a minha refeição com o líquido avermelhado tinto, mas fui seduzida de uma forma que mesmo acabando a refeição continuei a degustar daquele sabor. O barulho do vidro contra o mármore ocorre ao colocar a minha taça vazia em cima da superfície.
E ainda sim eu não consigo esquecer, me embebedar, porque a minha mente não para, a ansiedade não permite isso, as coisas ao meu redor não permitem que eu fique bêbada facilmente, hoje nem o vinho conseguia me relaxar.
Eu tentei cigarros no início quando eu queria sentir...
Sentir mais contato com o meu marido morto, então eu queria criar laços com ele como ele sempre estava fumando, mesmo tendo o maior ódio de cigarros pelo que causa a saúde, eu tentei.
Mas isso foi quando eu estava perdendo a cabeça e vivendo meu luto, quando eu ainda tentava me acordar, me beliscar, mas ele morreu, não está sentindo nada, tudo sou que sinto, e sentir saudade é a coisa que me coloca de pé no chão, que mostra que não é um pesadelo.
Subo as escadas sem fazer barulho, delicadamente meus pés pisam no gelado do chão, encaro aquele corredor e observo todas as portas entreabertas, pensando em qual entrar primeiro. Meu coração me leva até a última no corredor, assim que eu abro, encaro minha sereia deitada agarrada ao cobertor do seu pai.
- Hey estranha. - ela diz pra mim e eu sorrio.
- Oi estranha, como estamos?
- Eu estou bem, comi duas vezes hoje.
- Eu estou orgulhosa de você, tente manter assim. Eu te amo muito.
- Você também não está comendo. Está mais magra mãe, os ossos da sua clavícula estão muito aparentes. Se cuide por favor...
- Eu vou me cuidar, só estou ocupada e as vezes fico sem tempo. Mas vamos ficar bem. - ela assente e boceja. - Boa noite Ariel. Tem certeza que não precisa de nada?
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𝐀𝐌𝐂 - A Médica e o Criminoso II
Hayran KurguLembranças e Recomeços Segunda Temporada de A Médica e o Criminoso. Depois de quase dois anos sem dar a cara, apenas observando de longe como foi a vida sem ele, cheio de culpa e sem coragem de entrar na vida da mulher que ele mais amou, agora que...