Capítulo 15

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Concluí que nosso autocontrole é maior do que imaginei. Considerando tudo o que a gente quase fez na sexta-feira à noite, o fato de eu ter dormido dois dias seguidos com ele e não ter acontecido nada é praticamente um milagre.

Fiquei observando suas feições serenas enquanto Seth dormia. Senti vontade de percorrer os dedos por seu rosto, mas tenho medo de acordar ele.

Me virei na cama cuidadosamente e peguei meu celular de cima da cômoda, ao lado da cama, e tirei uma foto de seu rosto adormecido, sorrindo. Espero que ele não fique chateado.

Saí da cama e fui até a varanda. O céu ainda está nublado, mas não está mais chovendo com a mesma violência de ontem. Sentei por ali mesmo e fiquei olhando para a chuva caindo.

Eu não sei quanto tempo eu fiquei ali fora até o Seth me encontrar, sonolento.

- Bom dia – sorri amplamente. Ele tentou sorrir de volta, mas um bocejo atrapalhou.

- Bom dia – se sentou ao meu lado e jogou o cobertor por cima de nós dois. – Há quanto tempo você está aqui? Você tá congelando!

Dei de ombros, voltando a olhar pra chuva.

- Eu gosto de frio.

- A chuva está melhorando. O que você quer fazer?, voltar pra casa agora ou explorar mais a cidade? – sorriu e deitou a cabeça em meu ombro. Senti uma leve vontade de rir.

- Sinceramente... Se dependesse de mim, eu ficaria aqui o resto da semana... – admiti. - Eu não estou com a mínima vontade de voltar...

- Ainda tá cedo. A gente pode andar por aí, conhecer o lugar, essas coisas. O que você acha? – concordei com a cabeça, mas nenhum de nós dois se mexeu.

A cidade é bem próxima de umas montanhas, e se eu não me engano, eu vi em algum lugar que tem uma cachoeira por aqui...

Como se para contrariar meus planos de exploração, um trovão soou e o clarão no céu me fez suspirar. Péssima ideia se enfiar no meio do mato hoje, pelo que parece.

- Eu vi em algum lugar aqui que tem uma cachoeira nas montanhas – comecei e Seth levantou a cabeça de meu ombro para me encarar, como se eu fosse louca. – Calma, deixa eu terminar antes de me julgar. Eu não sou maluca... – ele arqueou a sobrancelha, praticamente dizendo "não foi você que entrou no carro e dirigiu por quase 4h sem nenhum destino em mente?". – Eu não quis dizer pra gente ir hoje, agora! – me defendi. – Eu quis dizer que eu quero voltar aqui um dia e ir lá. Só isso...

- Ahh... Por mim – deu de ombros. – Embora eu não pratique com frequência, eu gosto de fazer trilha, então se você quiser companhia, eu estou dentro – sorriu e se levantou, segurando minha mão e me puxando consigo. – Aonde a senhorita gostaria de ir agora? – abri a boca para responder, mas ele me cortou. – Dormir não é uma opção... – sorriu travesso e eu acabei acompanhando.

- E esse tal evento que tá acontecendo por aqui? – perguntei por fim, olhando para o céu pela porta aberta da varanda.

- Vamos ver lanternas flutuando rio abaixo? – arqueou a sobrancelha.

Ri.

- Então é isso? – ele concordou com a cabeça. – Eu nunca participei do festival, para ser sincera. Não vejo muito sentido. Mas dizem que é lindo de ver... Talvez seja interessante, já que já estamos aqui.

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