capítulo 27

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The narrator's point of view.

Lauren ajudou aos poucos alunos que teve dúvidas e auxiliou os outros antes de voltar para perto de Camila, a ajudou a treinar o ciclo das quartas, estranhando o fato da menina ter lhe chamado pelo nome quando verbalizou uma dúvida. No final da aula Lauren estava em sua mesa esclarecendo dúvidas de alguns alunos, Camila continuava no final da sala de aula observando a mais velha quando Ariana parou ao seu lado e sentou-se na cadeira que Lauren havia deixado.

— Olá. — A ruiva saudou animada, Camila se manteve quieta agora encarando o instrumento a sua frente, não gostava de falar com pessoas desconhecidas. — Certo... Bom, eu notei que você perdeu algumas aulas, se quiser, posso te passar os conteúdos e te ajudar a treinar. — A mais nova mexeu-se incomodada no banco ao sentir sua respiração acelerar um pouco. — Você não é de falar muito, certo? Está tudo bem?

A ruiva tentou tocar o braço de Camila que desviou de seu toque, sentia que estava a ponto de ter uma crise, seus olhos já ardiam e o choro queria sair, mas ela não queria fazer isso ali, não na frente daquelas pessoas estranhas. De sua mesa Lauren notou a inquietude de Camila, despediu-se educadamente dos alunos que se retiraram da sala e aproximou-se das duas meninas no final da sala, Ariana tinha o semblante confuso não entendia o que estava acontecendo com a morena ao seu lado, enquanto Camila mantinha o olhar baixo escondendo da ruiva as lágrimas contidas.

— Está tudo bem aqui?

— Não sei... Vim oferecer a ela minha ajuda para treinar as técnicas que passou nas aulas que ela perdeu e ela está assim, acho que está passando mal. — Lauren sorriu.

— Tudo bem, Ariana, obrigada por se oferecer. Depois Camila e você conversam sobre isso, agora preciso cuidar dela.

— Certo, até a próxima aula professora. — A ruiva falou levantando-se.

— Até. — Lauren observou a menina se retirar da sala, cuidadosamente fez Camila ficar de pé notando que a mais nova já chorava e a abraçou mesmo tendo o corpo empurrado para longe, a abraçou bem apertado. — Está tudo bem, meu amor, não precisa chorar.

Jauregui acariciou o cabelo da mais nova por longos minutos, quando sentiu que ela estava mais calma a soltou aos poucos, pegou a mochila de Camila, com ela foi para sua mesa, pegou seus pertences e retirou-se da sala ao lado da mais nova. O caminho para casa foi silencioso e inquietante, Lauren não fazia ideia do motivo da suposta crise de Camil e tinha receio de perguntar porque havia uma enorme possibilidade de Camila lhe ignorar totalmente.

Ao estacionar em frente a casa as duas desceram do carro com suas coisas em mãos, Camila rumou para porta de sua casa sentindo-se envergonhada e Lauren foi atrás da mais nova, queria conversar com Sinuhe e também ter certeza de que a mais nova estava melhor.

— Sol... — Camila parou em frente a porta ainda de costas para mais velha. — Vai dormir em sua casa hoje? — Recebeu um aceno positivo. — Quero que fique bem, ok? Não sei o que aconteceu, mas quero que saiba que eu estou aqui e vou sempre estar.

Camila suspirou virando-se para Lauren e a abraçou bem apertado, a hispânica retribuiu o abraço com muito carinho e deixou um beijo nos fios escuros de Camila, juntas entraram na casa, a pequena Cabello rumou para o seu quarto, Lauren aproveitou a oportunidade para falar com a Sinuhe, explicou o que havia acontecido e também o que estava planejando, a mais velha a emprestou o livro de receitas citado por Ally e Lauren foi para casa.

Após tomar um banho demorado, a hispânica rumou para o seu piano, sentou-se em seu banquinho negro e começou a tocar Für Elise, sabia que Camila poderia ouvi-la e também do significado que aquela música tem para ambas. Na casa ao lado isolada em seu quarto, Camila ouvia a melodia de Für Elise ressoar baixo por seu quarto, também ouviu sua porta abrir e os passos calmos de sua mãe se aproximando.

— Lauren me contou que teve uma crise, o que houve? — Perguntou calmamente sentando-se ao lado do corpo da pequena.

— Não sei, mamãe... Senti algo ruim dentro de mim e quando a menina veio falar comigo, aconteceu. — Suspirou pesarosa.

— Quem foi a menina?

— É uma aluna da Lise, ela está sempre falando com a Lise e sorrindo para ela, eu não gosto disso. Me sinto estranha. — Resmungou.

— Por que se sente assim?

— Porque ela é bonita e é inteligente, sempre responde as perguntas da Lise.

— Você também é linda e inteligente, querida. — Sinuhe acariciou os fios escuros de Camila. — E a Lise gosta muito de você, não dessa outra menina, o que você sente é ciúmes e não deveria ter tanto já que a Lise só quer você.

— Não consigo controlar.

— Sei que é novo para você, querida, mas precisa aprender. Escute, para quem Lauren está tocando essa linda melodia? — Camila se manteve quieta. — É para você! Não é para mim, não é para Normani, nem para ela ou para essa outra menina, é para você! Ela sempre toca para você, porque ama você e te quer bem.

— É Für Elise... Foi dessa música que tirei o apelido dela, mamãe. — Sinuhe sorriu.

— Ela está tocando a música que tem um significado importante para as duas, acha mesmo que ela quer outra pessoa ao invés de você? — Camila meneou a cabeça negativamente. — Então, amanhã converse com ela e diga a razão da sua crise, ela ficou muito preocupada com você, querida.

— Tudo bem, mamãe. — Camila fecha os olhos cansada. — Pega a Cindy, por favor.

— A Cindy? — Perguntou surpresa, Sinuhe levantou-se ao receber o grunhido positivo de Camila. — Por que quer dormir com a Cindy hoje? Você anda dormindo sem ela.

— Porque a Lise não está aqui, só ela consegue me fazer dormir sem a Cindy. — A pequena Cabello murmurou ainda de olhos fechados.

— Entendo, aqui está. — Sinuhe sussurrou colocando a ovelha de pelúcia entre os braços de Camila. — Tenha bons sonhos, filha.

— Boa noite, mamãe.

— Boa noite, filha.

Sinuhe retirou-se do quarto deixando Camila a sós com sua Cindy e a melodia que vinha da casa ao lado, levou um bom tempo até que Camila conseguisse dormir, era estranho estar dormindo em seu quarto e não no de Lauren, e mais estranho ainda era estar abraçada a Cindy e não ao corpo de Lauren. A mais nova constatou que estava mal acostumada, que dormir por noites ao lado da hispânica havia lhe acostumado mal e que toda vez que fosse dormir em sua casa levaria horas até conseguir fechar os olhos e dormir sem o calor do corpo da sua Lise.

AUTISM (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora