Capítulo 4 - Tickets

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Quando Maxon acorda já estou preparando o café da manhã.

Ele sai do meu quarto vestindo apenas a cueca que usava ontem à noite. Não tinha reparado no seu corpo. Eu estava atordoado pela sua revelação. E também estava escuro. E também não é legal olhar corpo de uma pessoa enquanto ela está desacordada. E por que eu repararia no corpo dele mesmo?

Foco em seu rosto. Seu cabelo desgrenhado emoldura seus olhos castanhos apertados pelo sono e pela insatisfação de estar acordado. Ele ainda tem as mesmas feições de anos atrás, um pouco mais maduro agora, mas ainda é o mesmo garoto de antes.

- Bom dia. Estou fazendo café da manhã.

- Onde estão minhas roupas? – Ele fala com a voz rouca.

- Eu coloquei para lavar, estavam cheirando a bebida barata. – O que me lembra que terei que trocar os meus lençóis também.

Ele caminha até mim. Pego um copo d'água e o entrego. Ele está precisando se hidratar. Max olha para o sofá com um lençol e travesseiros em cima.

- Você dormiu no sofá?

- Sim. – Respondo enquanto frito o bacon. Não é algo que eu gosto de comer, mas como Max está aqui decidir fazer. – Você pode tomar um banho enquanto eu termino o café da manhã.

- Não. Eu estou enjoado demais. Eu... eu acho que preciso vomitar.

Aponto para o banheiro antes de que ele vomite na minha cozinha e Max corre trancando a porta assim que entra no banheiro. Ótimo, agora preciso lavar o meu banheiro. Termino de fazer o café da manhã. Retiro a roupa de Max da secadora e pego uma toalha em meu quarto. Bato na porta do banheiro e depois de alguns minutos ele finalmente a abre.

Ele está verde. não está pálido nem nada do tipo. Está verde como se estivesse em decomposição. Seus olhos estão mais fechados que abertos e eu começo a cogitar se eu não deveria leva-lo ao hospital em que Aaron trabalha.

- Toma um banho. – Entrego-o as suas roupas. – Vai te ajudar um pouco.

- Obrigado e não se preocupa, não sujei nada. – Ele diz com a voz falha.

- Não estou preocupado com isso. Só quero que você fique bem.

Nesse momento ele não parece ser maior que eu, ele parece ser o mesmo garoto que eu consolava quando perdia um jogo ou que se culpava por erro cometido por todo o time. Olho em seus olhos e tento passar a mesma confiança, a mesma sensação de que tudo está bem, assim como eu fazia alguns anos atrás.

Mas não é isso que acontece. Sou arrebatado por algo que não sei explicar. Seus olhos me passam algo, uma sensação, um sentimento que não sou capaz de descrever. É como se eu fosse puxado para ele e...

- É melhor eu tomar banho. – Ele se afasta e fecha a porta.

Que merda foi essa, Benjamin Summer Goode? Que merda acabou de acontecer? Puta que pariu, o que foi isso?

Continuo um tempo ainda parado na frente da porta do banheiro. Só quando escuto a água do chuveiro caindo que me dou conta de que ainda estou plantado, extasiado pelo momento de estranheza que acabou de acontecer. Volto a cozinha e bebo quase os dois litros de água diários de uma só vez.

Quando Max sai do banheiro alguns minutos depois, está completamente vestido. Seus cabelos estão molhados e ele parece constrangido, mas definitivamente melhor do que estava antes.

Good Daddy |Lovegoode livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora