Permita :)

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Ele corria atrás de mim, como se fosse esse o único objetivo de sua vida. Estava cansado e ofegante, totalmente desgastado pelo tempo que passou implorando para que eu parasse. Mas eu não podia, e gritava minhas mil desculpas.

– É sempre mais doloroso parar do que continuar correndo, então eu não posso! – eu dizia entre lágrimas.

– Não irá machucar, estou aqui para nos curar, eu prometo. – ele respondeu baixinho.

Eu chorava descontroladamente, também não tinha mais forças para fugir e evitar. Porém... doía tanto sentir cada pedacinho de mim se esvair pouco a pouco, cada gota de felicidade era como suor que evaporava lentamente após um grande esforço.

Mais uma vez, tinham me deixado sozinha. Mais uma vez, tinham me abandonado e, aparentemente, a culpa era minha. Então, eu decididamente não podia parar. Eu precisava continuar a correr.

Eu corria pela estrada infinita que não parecia me levar a lugar algum, me perguntando a cada passo como me deixei ir tão longe. Como tudo acabou assim? O que eu fiz errado dessa vez?

– Nada, você não fez nada. – ouvi sua voz atrás de mim.

Ele tinha me alcançado, e, virando para olhar, notei que havia milhares de pedaços seus espalhados pelo caminho. Ele estava se fragmentando e a culpa era minha. Olhei para minhas próprias mãos, elas também estavam sumindo.

Pensei "É isso, cheguei ao limite. Não há mais lugar algum para chegar, não tem ninguém me esperando do outro lado". E era verdade, eu sabia que não tinha. 

Diminui o passo, acelerar não adiantaria mais. Meu corpo começava começava ficar cada vez mais instável, a ponto de deixá-lo se aproximar.

– Dessa vez, por favor, não deixe isso consumi-la. 

Olhei para aquele frágil espécime, atordoada por tê-lo magoado novamente.

– Eu... quero estar com você novamente. Sei que, juntos, podemos ficar bem. Não vou abandoná-lo. Eu prometo...

Ele me olhou carinhosamente e sorriu. Peguei seus pedaços que ficaram espalhados e os segurei com força. Derramei lágrimas e mais lágrimas. Pedi perdão por tê-lo negligenciado tantas vezes. Meu coração era frágil, mas poderia me perdoar, como de fato fez.

Ele me ajudou a recuperar seus fragmentos pulsantes e a colocá-los em ordem. Cuidei do meu pequeno e triste coração, porque a ele devia toda uma vida repleta de sentimentos, bons ou ruins, dos quais eu tentei me esconder tantas vezes.

Ele sorria, mesmo em agonia, e eu sabia que ele se sentia tão derrotado e ferido quanto eu sempre me senti, porque não era sua culpa, éramos um só.

– Nós vamos conseguir passar por isso, ouviu? Sempre conseguimos. – meu lindo coração sussurrou antes de voltar para sua casinha em meu peito, que era seu lugar de direito.

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⏰ Última atualização: Jun 01, 2021 ⏰

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