13. O que está acontecendo?

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— O que está acontecendo? – gritou Ciano, assim que saímos da enfermaria

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— O que está acontecendo? – gritou Ciano, assim que saímos da enfermaria. – Você disse que iríamos ajudar o Rosa, não lidar com um assassino!

— Uma coisa de cada vez. – expliquei. – Quero você comigo quando eu contar aos outros o que aconteceu.

— Pra fingir que estou do seu lado???

— Precisamos ser uma nave unida mais do que nunca! O que vem pela frente é uma tempestade monstruosa, irmãozinho, e se não quiser ver tudo aqui de pernas pro ar é melhor seguir meu plano.

Ciano andou com os braços cruzados até chegarmos à Sala de Reuniões. Estava emburrado porque sabia que eu estava certo, como sempre.

Entrando lá, acionei o botão de alerta, fazendo as luzes e o alarme acenderem.

Em outras circunstâncias talvez as pessoas demorassem para responder ao chamado, mas agora estavam todos em estado de alerta. Vieram quase ao mesmo tempo, inclusive Roxo e Amarelo — que me olharam confusos ao ver o Ciano tão próximo de mim.

— Desculpe, mas serei direto daqui pra frente. – falei, assim que o alarme parou e as pessoas deixaram de murmurar sobre as possíveis razões para estarem ali.

Aquele aviso seria difícil de dar sem a ajuda do Rosa, mas pelo visto ele não estava disposto a abandonar um dia de sono para poder me ajudar a colocar as coisas no lugar. Tudo o que eu tinha era a minha autoridade naquela nave.

Era hora de contar a verdade. Ou pelo menos parte dela.

— No dia de ontem, após as buscas que fizemos no setor de luxo, encontramos o corpo da Laranja no escritório dela.

Branco levou a mão à boca, impactada pela notícia. Os demais começaram a falar ao mesmo tempo, exigindo respostas.

Preto parecia o mais desesperado por informações, jogava as perguntas uma atrás da outra enquanto mostrava raiva e um choro contido.

— EU AVISEI – Preto gritou. – Falei que havia algo errado e NINGUÉM acreditou em mim!

— Tudo o que sabemos é que ela teve um mal súbito...

— Mal súbito? Quem disse isso? Cadê o corpo?

Mordi o lábio, incomodado por ter que responder àquilo.

— Foi ejetado da nave. – Ciano disse, rapidamente.

Assim que ouviram isso, as pessoas começaram a se voltar contra mim. Era fácil uma multidão virar um perigo, principalmente quando todos passam tanto tempo trancafiados uns com os outros.

— Isso tem a ver com o seu irmão, não é? Tá tentando esconder as provas? – instigou o Preto. – Por isso tirou ele da prisão?

— Como é que é, filho da puta?

Segurei o Ciano pelo ombro para evitar uma briga.

— Chega disso. – Minha voz soou firme. – Nos livrar do corpo é um protocolo da enfermaria, está nos manuais de vocês. Não sabemos o que houve com a Laranja, mas para evitar uma possível pandemia precisamos seguir os protocolos de saúde.

— Quê??? Já estamos todos aqui, respirando o mesmo ar! – Gritou Azul.

— São as minhas ordens. Fiquem nos seus quartos, só saiam para as tasks, com máscaras e equipamentos adequados.

— Só pode estar de brincadeira...

— Haverá toque de recolher. Se alguém for pego infringindo as novas regas será preso e possivelmente levado à uma câmera de criogenia.

Conforme eu falava as pessoas se agitavam mais. O pânico estava a um passo de se instaurar.

— Ciano e Azul serão os responsáveis por circular pelos corredores, conferindo se vocês estão seguindo as novas regras. Preciso da colaboração de todo mundo!

— E onde está o Rosa? – perguntou o Preto. – Preciso falar com ele agora!

Preto saiu da sala, batendo os pés e seguindo para encontrar o namorado. Realmente parecia chateado, mas não sei se necessariamente por conta da Laranja.

Deixei que os outros também se dispensassem depois que expliquei as novas regras.

Foi difícil fazer todo mundo absorver tanta informação nova, mas no fim pareceram aceitar o inevitável — eles precisavam ir para seus quartos, pegar máscaras e torcer para que o vírus não se espalhasse.

Amarelo ainda ficou para conversar comigo, mas falei que o encontraria mais tarde e segui para fora dali.

— Por que disse aquilo? – Ciano perguntou. – Não faz sentido! Se fosse o vírus, todos estariam infectados e nenhuma quarentena adiantaria.

— Precisamos ser inteligentes e usar o medo contra eles. – falei, seguindo meu caminho para a navegação. – É melhor que fiquem ocupados com a pandemia do que com um assassino a bordo. Concorda?

— Em partes... Mentir é um erro, Vermelho.

— Sério? – parei na metade do corredor. – O que acha que eles farão quando descobrirem que qualquer um pode ter matado a Laranja? Essa é uma arca do fim do mundo, não podemos arriscar uma guerra aqui dentro.

Ciano concordou, mesmo que receoso.

— É muita coisa para processar. – Continuou. – Aquele filho da puta do Preto parece que quer criar um motim aqui dentro! O Rosa não pode estar apaixonado de alguém assim.

— Entendeu agora por que precisei de você?

Continuamos andando em direção às câmeras de segurança. Queria ter certeza de que a tripulação estava indo para os seus quartos e quis vigiar cada um deles.

Não me surpreendi quando vi a porta do elevador para o setor de luxo ser aberta e o Preto ir direto para os aposentos da chefe.

— Olha só o que esse lunático tá fazendo. – Mostrei a tela pro meu irmão, inconformado.

— Sabe o que dizem sobre os criminosos: eles sempre voltam ao local do crime. – Ele sorriu. – Deixa que cuido dele.

— Vou com você pra garantir que não estrague nada.

Senti uma pontada forte no peito enquanto falava, mas tentei disfarçar antes de me levantar da cadeira. Estava fraco. Todas aquelas emoções me destruíam e a minha saúde piorava em um nível que mal conseguia respirar.

Mesmo assim, segui adiante com o Ciano ao meu lado. Pegamos o elevador enquanto eu pensava em qual seria o castigo do Preto por desobedecer às recentes ordens.

E a verdade é que eu estava tão obcecado por fazer o Preto cair do cavalo que não reparei que ele não foi o único que seguiu o caminho para o Setor de Luxo. Havia mais uma pessoa. Alguém que tentou evitar as câmeras e seguiu escondida, esperando o momento certo para agir... 

Among Us | Gay Fanfic +18Onde histórias criam vida. Descubra agora