prólogo

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You know that place
between sleep and awake,
The place where you can still
remember dreaming?
That's where I will always love you.
That's where I'll be waiting.
- Peter Pan

—×—

Louis havia acordado não mais que cinco minutos atrás, ainda pensando, lembrando. Seu braço ainda formigando pela força exercida sobre ele embaixo de seu travesseiro, seus olhos ainda lutando para permanecerem abertos por tempo o suficiente para enxergar com clareza o horário exposto no relógio da mesa de cabeceira.

O alarme ainda não havia tocado, o dia ainda não havia começado, mas o garoto esperava, sem mover um músculo, tentando aproveitar cada segundo a mais de descanso em sua confortável cama.

Talvez se ele pudesse descobrir quanto tempo faltava até precisar começar a funcionar como um ser humano com responsabilidades, se ele pudesse ver se ainda teria dez, quinze, ou se a sorte estivesse do seu lado, trinta minutos antes do alarme tocar, ele voltaria para seu sonho, seu mundo imaginário.

Voltaria para ele.

Mas não se daria esse luxo. Preferindo utilizar cada segundo restante para repassar o sonho, cada momento, antes que a penumbra do esquecimento levasse os detalhes que ele gostaria tanto de guardar.

Já fazia um tempo, talvez uns três meses, Tomlinson não lembrava exatamente a primeira vez que o viu em seu sonho. Mas lembra de dormir na outra noite e o ver lá novamente, seguindo outra direção, nunca realmente falando consigo.

Seria só mais um personagem criado pela sua mente fértil, mais um figurante.

Até que aos poucos se tornou um coadjuvante, aparecendo mais e mais, sem anunciar sua chegada, mas estabelecendo sua importância. Louis acabou deixando que ele participasse de seu momento imaginário. Fazendo perguntas mesmo que ele não fosse lembrar das respostas na manhã seguinte.

O garoto de seus sonhos foi deixando lembranças, fazendo com que Tomlinson não esquecesse. Se tornando sua pequena obsessão. Cada noite que chegava trazia a excitação de mais um sonho com ele. Passavam horas no mundo sem sentido dos sonhos, indo para lugares irreais, agindo como nunca fariam na realidade, sempre juntos. Era fácil, era simples.

Se era um sonho, por que desperdiçar bons momentos impondo dificuldades da vida real?

Louis se jogou de cabeça, soltava seus medos, piadas sem graça, seus problemas. Cada pensamento era exposto para seu garoto.

E o mesmo falava de volta. Histórias das mais diversas sobre a suposta vida que levava. Por muitas vezes Tomlinson até se assustava com o quão longe sua mente poderia chegar. Inventando uma vida com todas as suas particularidades para alguém, que uma vez fora figurante, mas estava tomando tanto tempo de tela em sua mente que poderia agora ser considerado protagonista.

Louis percebeu que o queria, por muito mais que um sonho. Percebeu que projetava nele seu ideal, seu par perfeito. O que só fazia com que a realidade virasse cada vez mais indesejada.

O alarme tocou e ele grunhiu alto. Queria externar sua frustração, teve pouco tempo com o garoto dos sonhos essa noite. As vezes ele aparecia menos, ou ia embora cedo demais. Louis não entendia porque sua mente fazia isso.

Levantou da cama rapidamente, se embolando para chegar no banheiro e poder começar a viver a vida real.

"Acorda Tomlinson, você vai ver ele mais tarde." Falava consigo mesmo no espelho do banheiro, levando a escova com pasta para sua boca, ainda imaginando como seria acordar e ainda ter aquele que literalmente tomou conta dos seus sonhos ao seu lado.

when I sleep at nightOnde histórias criam vida. Descubra agora