↫Confuse fellings↬

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Era como se tudo ali berrasse dizendo que não era o meu lugar

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Era como se tudo ali berrasse dizendo que não era o meu lugar. As emoções eram muitas e confusas, não conseguia bloqueá-las. Eu falei com Aizawa que não deveria vir para a U.A antes de aprender a controlar minha quirck, mas ele não me deu ouvidos.

Sentir tantas emoções ao mesmo tempo é como estar presa a uma âncora jogada no oceano, ou você afunda ou se afoga e naquele momento, eu estava sufocando.

_ Mizuki? - a voz do herói Eraserhead soou aos meus ouvidos, me tirando de meus devaneios e eu o olhei, as enormes olheiras embaixo de seus olhos. Com certeza não havia dormido a noite vigiando vilões ou velando meu sono, preocupado com os pesadelos que me acordavam de madrugada. - Tudo bem?

_ Sim, prometo que não vai se decepcionar comigo! - ele não sorriu, mas eu percebi a ponta de orgulho que se acendeu nele e a promessa era sincera.

Desde que Aizawa havia me encontrado há seis meses atrás, vinha cuidando de mim e me protegendo. Ele não se incomodou em me acolher na sua casa, nem mesmo as madrugadas que eu o acordava gritando por algum pesadelo e muito menos ligou se eu tinha ou não vilões no meu encalço. Eu não tinha nada, não sabia quem eu era e ainda não sei, mas ele está me ajudando a descobrir aos poucos. Eu era ninguém e ele me ajudou a ser alguém. Eu nunca teria palavras o suficiente para agradecê-lo, por isso queria me tornar a melhor heroína que ele vira na vida. Alguém que ele teria orgulho.

Senti ele colocar suas mãos em minhas costas e começar a me conduzir para o grande prédio onde vários alunos nos observavam. Teria que me acostumar com toda aquela atenção, afinal morava com o herói e ele a tratava como uma filha. A ideia me deixava boba, ser filha de alguém como o homem ao meu lado.

Apertei o pingente em formato de lua do meu colar, o único bem material que eu tinha e desejei forças para me dar bem nesse lugar. Que eles não me achem estranha, que gostem de mim. Não sei se iria suportar ter que sentir as emoções de pessoas que não vão com a minha cara e saber quando estão sendo falsas comigo, se isso acontecesse iria me trancar no banheiro até a aula acabar.

Antes de seguir para a sala 1A, Aizawa a puxou para o lance de escadas que levava a secretaria onde pegou todas as informações que precisava. Eu olhava tudo ao redor, tentando me acostumar ao ambiente e às vezes, sentia os olhares em mim. Alguns apontavam com curiosidade e mesmo desviando o olhar envergonhada, podia sentir as emoções maliciosas dos garotos sobre mim. Ignorava, tentando ao máximo não deixar minhas bochechas corarem.

Todos me olhavam como se eu merecesse atenção, como se eu fosse diferente e eu era. A diferença entre mim e as pessoas que estudavam ali era gritante, tão gritante que os olhares de dividiam entre admiração e desprezo. Talvez pensassem que eu era fraca, que não estava ali por mérito próprio.

Então o sinal tocou, me fazendo dar um pequeno pulo de susto e o mais velho me dirigiu a classe em que estudaria.

As pessoas presentes na sala variavam, eram tão diferentes umas das outras. Todos, sem exceção, se viraram na nossa direção e me olharam embasbacados. Tinha uma garota com a pele cor de rosa, um outro que parecia algum tipo de pássaro e até mesmo uma garota sapo.

Sentado na segunda carteira na fileira da janela, com os cabelos desgrenhados e mexendo seu lápis distraidamente, um certo loiro me chamou atenção. As emoções que vinham dele eram intensas e pesadas demais. Agressividade, mas também fragilidade, tudo tão delicado quanto o vidro que se espatifa no chão e se transforma em cacos. Eram como o crepitar de uma fogueira, lento e quente, sempre em combustão.

_ Com certeza é só mais uma extra, alguém fraca que nem devia estar aqui.- ele resmungou para si próprio e seu olhar se fixou em mim. Seus olhos eram vermelhos, brilhavam como o magma de um vulcão e temia que se eu chegasse perto demais poderia me queimar.

Eu queria descobrir de onde vinham suas emoções negativas, quem o tinha quebrado à aquele ponto. Porém, estar perto dele era sufocante. Mesmo de longe eu absorvia sua negatividade e empatas como eu, eram atraídas para esse tipo de pessoa como um inseto para a luz, mesmo sabendo que poderia ser fatal. Ele era uma bomba nuclear de sentimentos e estava prestes a explodir, eu não queria estar por perto quando isso ocorresse.

_ Bom dia, turma! Gostaria de apresentar a vocês a nova aluna da classe 1A, Mizuki Aizawa. - me encolhi envergonhada e só acenei para todos, não era muito boa com pessoas. Os alunos começaram a falar, o que me deixou mais desconfortável ainda. - Pode se sentar à frente de Bakugou Katsuki, por favor.

Aizawa acenou para o lugar a frente do loiro com cabelos desgrenhados e eu travei. As emoções que sentia vindo dele permeavam o ar, me impossibilitando de respirar. Ficar perto de Bakugou era como ter falta de oxigênio, não tinha atmosfera suficiente para suportar sua aura e isso me deixava tonta. Eu era um catalisador e o loiro, era a pior combinação de elementos químicos, uma que eu não conseguiria equacionar.

_ Hum... Eu gostaria de sentar em outro lugar se possível, sensei. - achei que minha voz falharia, pois saiu mais baixo que o normal. Eu não gostava do efeito que Bakugou tinha em mim!

Shouta me olhou estranho, mas acatou o meu pedido me colocando do lado do garoto ruivo com dentes de tubarão e atrás da garota rosa. As emoções que emanavam deles eram delicadas e coloridas, como um doce que você come sem enjoar.

_ Olá, Mizuki, eu sou Mina Ashido! - se apresentou a garota a minha frente empolgada e eu sorri, pois ela me lembrava algodão doce. - Você é tão fofa. Me decidi, você é minha amiga agora!

Minhas bochechas coraram automaticamente, era estranho alguém me considerar daquele jeito. As pessoas tendem a fugir de mim, já que sou fechada e tímida.

_ Assim? Do nada? - uma risadinha escapou pelos meus lábios e eu pude sentir a animação da rosada crescer.

_ É, assim do nada. - ela me mandou uma piscadela e se virou para frente ao professor chamar sua atenção.

Por mais que eu tentasse me focar na aula, meu olhar sempre se desviava para ele, Bakugou Katsuki. Eu me sentia enfeitiçada, sabia que não podia me aproximar dele, que suas emoções me afetariam e ainda assim, lá estava eu o encarando. Eu me sentia como um metal sendo atraído para um imã, existia uma força que me puxava para ele e eu não podia me deixar ir.

Éramos polos opostos e isso nos juntava. Enquanto Bakugou era explosivo e quente, eu tendia a me tornar calma e fria. Eu senti podia acalmar o fogo crescente dentro dele se eu quisesse, mas teria o risco desse fogo me engolir caso eu tentasse.

Me afastar era a melhor opção e eu sabia disso, mas quem disse que eu queria. Quanto mais o afastava de mim, mais o queria por perto mesmo sabendo que isso me destruiria.

Só tinha certeza de uma coisa, Bakugou seria meu fim...

↢❦Coração de Vidro❦ ↣Onde histórias criam vida. Descubra agora