3. Apta para o trabalho?

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O SOL JÁ RAIAVA NA CLAREIRA QUANDO OS PRIMEIROS Clareanos acordaram. Os corredores tinham um trabalho para cumprir e desde que formaram uma equipe considerável com garotos suficientemente rápidos e corajosos, iam todos os dias para o Labirinto em busca da saída. 

Não era uma tarefa fácil, eles corriam muito, tinham que decorar todo o local e descansavam pouco, apenas o suficiente para aguentar durante o dia. 

Caçarola e Alby também já haviam acordado. Caçarola preparava os lanches dos corredores e Alby tinha uma Clareira para liderar. 

A luminosidade do sol já era perceptível e passava pelas frestas do amansadouro, fazendo a pele de Kiara esquentar e a acordar com a temperatura. Esfregou seu rosto com a palma da mão e bocejou ainda cansada, pode sentir alguns ossos estralando quando se espreguiçou sentando-se no chão. 

Ouviu alguns cochichos do lado de fora do amansador e gatinhou até o portão para observar lá fora. Alguns meninos, os corredores, estavam caminhando na direção do Labirinto para as buscas, percebeu que eles ouviam os comandos de um dos garotos em especial, Minho, o garoto que correr atrás dela pelo bosque. 

Estava curiosa, ele era um corredor? 

Depois que acordou e do incidente com Gally, ela não teve oportunidade de falar com o garoto sobre o ocorrido e nem para perguntar sobre o Labirinto que a deixou intrigada. 

Com a mente turbulenta durante a noite, ela sequer parou para pensar no Labirinto que os cercavam ou reparou no barulho dos muros e verdugos que ecoavam na noite, mas depois de ver os corredores ficou bastante curiosa. 

Ficou se perguntando como eles sobreviviam lá se tinham verdugos. Como decoravam os caminhos se os muros mudavam de lugar todas as noite? E como conseguiam correr o dia inteiro quase sem parar? 

Era um cargo do qual ela não queria muita responsabilidade, cansaria rápido. 

— Bom dia, fedelha. — disse Newt, se aproximando de Kiara e abrindo o portão. — Como passou a primeira noite aqui? 

Apesar dos ocorridos, Newt tinha um sorriso ladino nos lábios, não sabia descrever se estava sendo gentil ou ironico. 

— Podia ter sido melhor. — ao passar pelo portão, esticou seus braços e pernas se espreguiçando e estralando alguns ossos novamente. — Bem melhor. — riu nasalmente. 

— Bom, hoje você vai passar parte da manhã comigo, o resto da manhã e parte da tarde com Caçarola e o resto do dia com os construtores. — explicou enquanto caminhávamos na direção do domicilio. — Geralmente, os garotos passam um dia inteiro em cada cargo para verem onde estão mais aptos, mas acreditamos que você consiga achar um lugar onde se sinta melhor ainda hoje. 

— Por que acham isso? Eu não sei no que sou boa, como vou saber onde estou apta a trabalhar? — Newt parou de caminhar, surpreso com a pergunta. 

Ele e Alby acreditavam que ela seria melhor na cozinha ou na jardinagem e que não se sairia bem com os construtores por ser uma garota. Para eles, isso era óbvio, mas como falaria isso para a própria garota? 

— É que...bom, sabe, né? Você... é uma garota. — respondeu meio acanhado. Sabia que isso poderia chatear a garota, mas a verdade era inevitável. 

Por um instante, Newt não soube decifrar o olhar de Kiara, ela parecia estar brava e não ligar ao mesmo tempo. Logo, essa semblante que causou confusão se tornou uma risada sarcástica. 

Ela não se sentia magoada como presumiram, se sentia desafiada e aí que tudo mudou. 

Até então ela queria um cargo que não e consumisse muito esforço e que ela pudesse aproveitar o dia, além de trabalhar, mas depois da acusação e Newt, ela estava determinada a conseguir o oposto disso. Queria o trabalho que mais exigisse dela. 

DESCARTÁVEL | The Maze RunnerOnde histórias criam vida. Descubra agora