Capítulo 1

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— Olha aí, se não é a doida das plantas! — a voz de Boscha ecoou pelo corredor, estranhamente vazio, até chegar aos ouvidos de Willow, que, apesar de já está acostumada com esse verdadeiro inferno, ainda assim tremeu e fraquejou um pouco diante das palavras da mais alta.

Era apenas mais um dia qualquer de aula na escola.

Willow havia saído de casa logo cedo ao acordar, já que estudava no horário da manhã. Obviamente, tinha regado e dado uma boa olhada em suas plantas antes de sair, apenas se certificando de que não havia nada de anormal ou estranho nelas; depois de constatar que não, Willow se encontrou com o seu amigo Gus e se dirigiu até a escola, num caminho até que longo. Ao chegar no colégio, se encontrou com sua outra amiga, Luz, com a qual ficou conversando até o sinal para o início das aulas tocar.

A garota de óculos — Willow — gostava bastante de seus amigos, mas um ela ficava conversando com eles por tanto tempo para evitar ficar sozinha e encontrar justamente quem ela não queria encontrar.

Mas, como nem tudo é um mar de rosas — e principalmente na vida de Willow, as coisas estão mais para serem um mar de espinhos —, a garota não estudava na mesma sala que os outros dois, e para piorar, a localização da sua sala sequer ficava perto das dos seus amigos.

Então, quando o sinal tocou e Willow se despediu de Luz e Gus, ela inevitavelmente ficou sozinha, e inevitavelmente encontrou Boscha.

O fato de quase sempre que ocorria um encontro entre as duas o local desse encontro se encontrar completamente vazio com exceção da presença das duas era um total mistério; um mistério que favorecia bastante Boscha e que só deixava a situação ainda pior para Willow.

— Que tipo de erva daninha você tem plantado ultimamente? — Boscha zombou, se aproximando de Willow a passos calmos.

Willow estava paralisada. Não sabia se era de medo ou de alguma outra coisa. Quando se sofre tanto bullying quanto Willow sofria, você não perde o medo, mas você meio que se acostuma aquilo, não apresentando muita resistência, pois para haver resistência deve existir esperança, e quando esse tipo de violência se torna uma rotina, a esperança acaba morrendo.

— Tem cuidado bem de suas flores? — perguntou Boscha colocando uma mão em um dos ombros de Willow, intimidando a garota ainda mais. — Porque se elas forem parecidas com você, bem... tenho uma má notícia. — Riu, insultando a garota.

Graças a Boscha, a autoestima de Willow era péssima. A garota não conseguia enxergar a beleza que o seu reflexo mostrava; invés disso, toda vez que ela se olhava no espelho, tudo o que ela conseguia ver ali refletido naquela superfície eram as piadas e os insultos de Boscha, as vezes diretos outras vezes irônicos.

"Você é horrível"

"Nossa, Willow, como você é linda, se parece até mesmo como uma abobora podre"

"Seus pais devem chorar todo dia antes de dormirem no quarto por pena de terem tido uma filha tão feia e idiota"

"Aberração"

Eram essas as coisas que Willow via no espelho e que lhe impediam de enxergar a verdadeira beleza que ela possuía.

— Ficou muda, quatro-olhos? — Boscha falou, jogando Willow contra a parede e perdendo-a entre os seus braços.

— E-eu... eu... — Willow tentou falar algo, começando a chorar.

Boscha observou Willow chorar amedrontada por um tempo. A sua cara não parecia a cara de alguém que sente verdadeiro prazer ao praticar bullying; ao contrário disso, a maior parecia até estar com um pouco de pena da outra, mas isso rapidamente mudou quando Boscha agarrou o queixo de Willow com sua mão esquerda e botou certa pressão ali.

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⏰ Última atualização: Jan 30 ⏰

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