Um

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Todos sabiam que, ao encontrar sua alma gêmea e beijá-la pela primeira vez, uma corrente elétrica era sentida por todo o corpo. Era impossível que apenas uma das duas pessoas sentisse isso. Ou as duas eram tomadas pela eletricidade, ou ninguém era.

Acontecia, às vezes, de duas pessoas se apaixonarem e construírem uma vida juntos, sem serem almas gêmeas. Às vezes o casal ficava junto para o resto da vida, mas também acontecia de um dos dois conhecerem sua alma gêmea e o relacionamento acabar. Ou então havia o caso de que a pessoa não tinha alma gêmea e não era destinada a ninguém.

Esses últimos casos eram raros, mas acontecia.

Raramente também a corrente elétrica não era sentida no primeiro beijo, mas isso era muito, muito difícil, com apenas dois casos conhecidos em todo o mundo.

Algumas pessoas não acreditavam nisso, até acontecer com elas. Alguns encontravam sua metade ainda criança, numa brincadeira. Outros vinham a conhecer já na fase adulta, ou então quando já estavam na terceira idade. Mas, o comum, era conhecer seu parceiro, sua pessoa, quando ainda era jovem, saindo da adolescência e ingressando na fase adulta.

Havia aqueles que tinham medo e por isso nunca beijaram ninguém. E ainda aqueles que beijavam todas as bocas que passavam pela frente, para encontrar logo a pessoa destinada para si.

Era de conhecimento também que as pessoas, almas gêmeas, não eram obrigadas a ficarem juntas para sempre. Mas isso também era raro.

Não importava como ou quando esse encontro acontecia, ou ainda se aconteceria. O que importa é que isso é real e para toda a vida.

Essa ligação era realmente muito forte.

Assim como alguns irmãos gêmeos, que sentem as dores do outro, as emoções ou até mesmo se algum deles sofreu ou está para sofrer algum acidente, isso também acontecia com quem era ligado.

A partir do momento que você era "apresentado" a sua alma gêmea, tudo o que ela sentia, mudanças de humor e situações de perigo, você sentia também. Era mais do que amor. Era mais do que duas pessoas ligando seus corações. Era literalmente a ligação de almas.

Por isso alguns tinham medo, pois se assustavam com o peso que isso acarretava, com a responsabilidade que de certa forma você ganhava com aquele ser que seria ligado a você.

Mas, mesmo algumas pessoas tendo medo, quando a ligação acontecia nada mais importava. Não era algo assustador. Não era "demais", era "tudo".


-x-


A casa de tijolos na esquina da rua XV vivia cheia. Provavelmente a casa mais alegre e barulhenta da rua. Isso porque pertencia à família Tomlinson.

Johannah e Mark Tomlinson eram casados e pais de cinco filhos. Bom, Mark não era pai do mais velho, mas era considerado como tal. O garoto até mesmo possuía seu sobrenome. Mas não era só esse o motivo da casa ser conhecida pela vizinhança como "a casa que nunca dorme".

Os Styles, que moravam na casa amarela, eram vizinhos dos Tomlinsons desde que Anne, grávida de Gemma, e Desmond mudaram-se. Enquanto criavam sua primogênita, o casal acompanhou todo o drama de Johannah com seu ex namorado, que depois de alguns anos foi embora deixando a mulher grávida de seu primeiro filho, juntamente com Anne grávida de seu segundo filho, um menino. Ficaram profundamente felizes quando viram Jay se estabelecer com Mark criando sua própria família.

Nem é preciso dizer que os meninos, que nasceram com um mês e alguns dias de diferença, eram melhores amigos desde a barriga de suas mães. E isso não é exagero.

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