O Lorde Mountobbani - Mounbridge 01

01

Mounbridge House, Londres

Londres está a todo vapor com os preparativos para a temporada, que promete muitas emoções. Este jornal não ficará por fora de todas as grandes e pequenas fofocas, sempre lhes entregando tudo com a melhor qualidade e o melhor do entretenimento. 
E de acréscimo, os olhares das matronas se voltaram para dois cobiçados solteiros este ano. Os – em minha opinião – infelizes lordes M. estão com mais atenção do que gostariam.
Desejo boa sorte aos rapazes desafortunados, e que comece a caça aos maridos.

Crônicas da Sociedade Britânica
06 de abril de 1811

— Você viu o que este jornal anda escrevendo sobre seus irmãos? — questionou a condessa, deixando o papel de lado, em cima de uma mesinha, e encarando fixamente Catarina, que se concentrava em aprender uma das composições de Beethoven.

— Eu o li esta manhã, mas como sabe que é sobre meus irmãos? Há muitos lordes com sobrenomes que começam com a letra M — respondeu Catarina, concentrada em seus dedos e no sentimento transpassado pela música.

— Catarina, seja racional. Como não ser sobre eles? Creio que é notório que estão falando de Harry e Benjamin há semanas. Eu ouço e vejo os cochichos das mães. Não sei se fico aborrecida ou feliz com este artigo — resmungou Diana, começando a andar de um lado para o outro da sala de estar, fazendo Catarina se incomodar e perder o ritmo, errando a música. Seus dedos pararam de percorrer as teclas do piano e se fecharam, furando a pele com a unha. 

Vinha ensaiando com o piano havia semanas, e sua mãe conseguira frustrar todos os seus planos, o que a deixava irritada. 

Levantou-se vagarosamente, afastando-se do objeto de mogno com adornos dourados e se virando para encarar a mãe, que continuava a andar de um lado para o outro, com seus saltos crepitando no chão e a barra do seu vestido sendo arrastada.

— Mamãe, quer parar por um instante? Está me deixando maluca, andando de um lado para o outro desse jeito — pediu Catarina, afrouxando o aperto de suas unhas nas palmas das mãos. A condessa obedeceu, parando abruptamente e sentando-se no sofá mais próximo.

— Por um lado, fico feliz que Harry e Benjamin estão ganhando visibilidade, e isto, consequentemente, atrai possíveis pretendentes, e eu realmente espero que eles se interessem por alguma. Mas por outro, esta nota me parece ser uma sátira, e nenhuma mãe gosta de ver seus filhos sendo criticados — resmungou a condessa, totalmente alheia a sua filha parada à sua frente, esta última se encontrando aturdida com a capacidade da matrona de somente conseguir pensar em matrimônio.

— Mamãe, a temporada mal começou e a senhora já está cogitando pretendentes? Não se esqueça que a opinião deles é o que realmente constará no final, então não os force a nada, por favor — pediu Catarina, trocando o peso do corpo de um pé para o outro, e balançando sua cabeça em um gesto que deixava explícito a sua desaprovação.

— Ora, só estou cogitando as possibilidades. E ainda não comecei a me atentar à futuras pretendentes para apresentar aos dois, mas logo vou fazer isso — respondeu a condessa, fazendo Catarina abrir a boca, incrédula.

— Mamãe, nós a amamos, mas precisamos que pare de nos sufocar um pouco — comentou Catarina de forma sucinta.

A condessa se empertigou em seu assento. Levantou-se abruptamente, colocando as mãos na cintura logo após e encarando intensamente a filha, enquanto batia furiosamente a ponta de um pé no chão.

— Harry já tem 27 anos e não pretende conseguir uma esposa por tão cedo. Benjamin já alcançou os 23 e demonstra seguir os passos do irmão. E se a senhorita já se esqueceu, está em sua segunda temporada e ainda solteira, com quatro pedidos de casamento recusados. Eu só quero que me ajudem a lhes ajudar — vociferou a condessa, levantando um dedo para cada uma das citações dos filhos, como se quisesse frisar algo.