Don't let it burn us out

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Two kids with their hearts on fire
Who's gonna save us now?
When we thought that we couldn't get higher
Things started looking down
I look at you and you look at me
Like nothing but strangers now
Two kids with their hearts on fire


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A primeira coisa muito evidente era a música alta.

Existia cor, luz, fumaça e calor para todo o lado. Valentina franziu o cenho enquanto adentrava o local; enfiou a frente da barra da blusa social branca por dentro do cós da calça com a mesma casualidade de todo dia, dava um ar mais despojado — e naquele momento ela precisava estar despojada. A empresária CEO ficara por trás da porta que atravessara; ali, ela era apenas Valentina. E Valentina queria se divertir com suas amigas.

— Finalmente! — A voz afobada de Lena atingiu seus ouvidos. Ela encarou a mulher de cabelos negros e olhos muito azuis à sua frente; a personificação da felicidade de uma mulher que iria casar com o suposto amor de sua vida. — Achamos que você nunca iria chegar, que demora.

— Fiquei presa no escritório, sabe como é.

A música alta não deu o exato tom displicente que Valentina usou para falar, mas Lena entendeu do mesmo jeito. Valentina se viu carregada para uma mesa redonda, com suas melhores amigas, que ficava em frente ao palco. Na verdade colada ao palco; suspirou profundamente — muito calor humano. Olhou em volta. Haviam garotas dançando para todos os gostos.

Lingeries, fantasias, roupas apertadas, pouquíssimas que realmente cobriam suas peles cheias de glitter e suor. A música pareceu tornar—se mais alta — talvez fosse o refrão. Valentina não conseguia distinguir exatamente qual era pois, em sua cabeça, as músicas eram sempre muito parecidas. Ainda mais naquele momento.

Uma batida pop arrastada, mas sensual.

Parecia o tipo de música feita para o local em que ela estava; então sua mente processava muito pouco da música. Entre um gole de uísque e outro, ela resolveu que precisava da uma cerveja — a mulher de negócios foi se esvaindo de seu corpo à medida que ela se sentia confortável.

A garrafa de cerveja estava trincada de gelada, como ela gostava, e a medida que o liquido descia por sua garganta, ela sorria. Até que ficou estática. Começou com a música — como um preludio, um anuncio suave; e então ela ficou hipnotizada. Do centro do palco se estendia uma mulher — uma morena que era certamente a criatura mais linda que seus olhos já viram. Linda não, deveria haver outra palavra. Valentina não conseguia pensar em absolutamente mais nada.

A morena caminhou em sua direção e então se segurou no poste que estendia do palco ao teto. Valentina molhou os lábios com o desejo urgente e pulsante se espalhando por seu corpo. A morena dos olhos cor de chocolate não parava de olhar para ela. E sorrir.

Aquele sorriso era perigoso.

A voz de alguma cantora R&B que ela gostava foi identificada por algum lugar do cérebro de Valentina, e ela pensou que guardaria aquela informação mais tarde. Naquele momento... Precisava ver a morena dançar. Nada mais importava, nem mesmo a cerveja que esquentava entre seus dedos; nem sua boca seca, nada. Ela mal piscava.

As pernas se moviam, o quadril, o corpo, ela dançava com o poste, para ele, nele. E dançava para Valentina — e claro, para todos ali presentes que certamente estavam no mesmo rumo que Valentina — encantados. Mas ela sorria para Valentina.

Call You Mine | Juliantina | ONESHOTOnde histórias criam vida. Descubra agora