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as estrelas observam
(playlist na bio)

Os olhos bicolores da garota pálida se abriram, deparando-se com o vasto céu negrume coberto de pontinhos brilhosos. Ren sentia o vento frio bater em seu rosto gélido, a grama úmida grudava-se em seus braços e roupas, dando-lhe uma leve agonia da lama que lhe sujava. Sentou, procurando pelo livro que trouxera consigo para a floresta, encontrando o mesmo a poucos centímetros de distância. Seus dedos frios tatearam até a capa dura do objeto, segurando-o com força por entre os braços. A morena acostumava-se com a escuridão do bosque, tendo apenas a lua para guiar seus olhos pelas árvores.

Suspirou pesadamente ao perceber que caira no sono no meio da floresta, culpando-se por ser descuidada. Pensou em ir embora o mais rápido possível, já que parecia ser tarde da noite e o frio intensificava a cada segundo. O kimono azul claro era a única fonte de calor que protegia seu corpo frágil da brisa gelada que passava pelo bosque. Ren encontrava-se em uma clareira, as costas uma vez deitadas na grama verdinha e úmida esticavam-se para o preparo de uma futura caminhada até a aldeia. A garota de olhos bicolores estava feliz por presenciar um fenômeno tão lindo quanto o céu voluptuoso e extenso, que iluminava com sua lua cintilante o pé do morro em que estava.

Levantou decidida, já acostumando-se com as sombras incomuns que tentava iludir sua mente fingindo ser monstros aterrorizantes. Ren sabia que aquele tipo de terror apenas existia se você se permetia acreditar. Ela acreditava, embora soubesse que se apenas continuasse quieta nada de ruim lhe aconteceria. A morena tinha muita vontade de viver alguma aventurar como nos livros que lia, ficando encantada com cada ser místico que encontrava por entre as páginas escritas. A japonesa era apegada a qualquer tipo de existência no mundo, poderia ser o que fosse, não se permitia odiar algo. Mantinha a bondade em seu coração puro, nunca deixando-se levar por pensamentos maldosos ou maliciosos.

Andava pelo bosque, importando-se apenas de encontrar a estradinha por onde viera, forçando as orbes heterocromaticas para enxergarem algo naquela vastidão de escuridão. Resporava fundo, não se importando em estar na floresta naquele horário, já se acostumara a muito tempo a conviver com a natureza, sentia-se em casa. Todavia, Ren se via perdida por entre as árvores altas e de folhagem densas, questionando-se se havia seguido o caminho certo. Parou, olhando de um lado para outro a fina trilha já feita pelos moradores, não reconhecendo aquela área por onde passava.

Amaldiçoou a si mesma por tal descuido, ponderando entre voltar ou seguir em frente até encontrar a aldeia. Ficava observando as folhas caídas no solo, às vezes virando os olhos para todos os cantos em busca de algum canto familiarizado por ela. Desistiu ao perceber que realmente estava perdida, abraçando o próprio corpo para sentir-se mais calorosa enquanto escutava passos contínuos esmagarem as folhagens secas. Imaginou se seria algum morador, animando-se e se sentindo insegura ao mesmo tempo. Esperou que a pessoa passasse por si para que podesse pedir-lhe um favor.

Um homem alto, cabelos róseos e corpo estrutural andava lentamente na direção da garota, os olhos baixos encarando a mesma de uma forma vazia e tenebrosa. Ren pensou se realmente deveria chamar a atenção do mais alto, decidindo arriscar e então dizer em voz alta:

- Com licença - foi educada, não esquecendo de sua criação carismática - Eu me perdi, importa-se de me mostrar o caminho da estrada?

Seus olhos encontraram as orbes bicolores da garota, surpreendendo-se com a dualidade das cores. No esquerdo permanecia um azul turquesa encantador e no outro encontrava-se um marrom claro, que se posto na luz do sol, viraria um âmbar belíssimo. O homem fingiu não se importar com a presença de Ren, ignorando-a e dizendo apenas quatro palavras:

- Saía da minha frente - deu passos para dentro da floresta, deixando-a sozinha.

A morena já estava acostumada com aquele tipo de comportamento, então apenas suspirou cansada e tomou um rumo qualquer por entre as árvores de cascas grossas. Enquanto caminhava cansada, o homem observava inquieto a mulher adentrar os terrenos desconhecidos por si. Ela não via, porém em sua volta circulava maldições de todos os tipos, algumas pequenas e outras de grande porte, todas encaravam de forma maliciosa a garota andar inocentemente pela armadilha feita.

Perguntava-se o porque de se sentir atraído por Ren, desejando entender o que era aquela sensação de proteção que tivera automaticamente ao ver a frágil humana dar passos pesados por entre os monstros caçadores de gente. Encarou por mais um tempo, a curiosidade de querer saber os motivos da mesma estar ali preenchiam seus pensamentos inquietos e soberbos. Uma maldição ameaçou encostar na perna protegida pelo kimono azul claro, sendo impedida pela presença forte que o homem tinha.

Quando percebeu, já caminhava lado a lado com Ren, espantando os montros que esgueiravam-se atrás da bela moça em busca de uma nova presa. Manteu-se silencioso, esperando que a morena o seguisse sem dizer nada, embora parecesse que ela fosse inquieta demais.

- Muito obrigada - sorriu inconscientemente, segurando o livro com mais firmeza ao sentir-se segura por caminhar naquelas bandas - Sabia que não era alguém tão rancoroso assim.

Olhou para cima, observando a lua conversar consigo mesma, já acostumada com as conversações que tinha com os astros. Pelo contrário de Ren, o rosado questionou-se sobre o que ela dissera, mantendo-se em silêncio, porém seus pensamentos gritavam para negar as suposições da garota. Até agora, se perguntava o porque que a acompanhava.

Quando finalmente chegaram na estradinha que levava para aldeia, Ren sorriu abertamente, iluminando a escuridão da floresta com seu brilho descomunal de felicidade. Suspirou aliviada, virando-se para ele e dizendo as seguintes palavras:

- Antes de ir, poderia saber seu nome? - comentou, colocando uma mecha solta atrás da orelha - O meu é Ren.

O homem pareceu pensar bem antes de dizer algo.

- Sukuna Ryomen.

[05/06/21]
sem revisão

𝒂𝒑𝒐𝒄𝒂𝒍𝒚𝒑𝒔𝒆 {sukuna ryomen}Onde histórias criam vida. Descubra agora