a estranha vida que levamos
Acordou feliz, planejando ir encontrar Sukuna Ryomen novamente na floresta, resolvendo levar consigo alguns bolinhos como agradecimento pelo acompanhamento noite passada. Ren nem mesmo parou para pensar se o homem morava na montanha, apenas saiu feliz de sua casa, tendo no braço uma cesta agarrada em si. A garota sentia-se contente por não ter sido deixada para trás na floresta, desejando retribuir carinhosamente o cuidado de Sukuna. Arrumou uma trouxa de alguns doces e suco feitos por ela, extremamente animada para poder reencontrar o rosado.
Subiu toda a montanha, desejando encontrar Ryomen por algum canto do bosque, por sorte o achando perto de onde se chocaram na noite passada. O homem estava encostado em uma árvore, encarava um canto intensamente e parecia absorto em pensamentos, se não fosse pela movimentação nada discreta de Ren. Observou com suas orbes vermelhas a garota se aproximar com um sorriso aliviada, Sukuna lembrou-se dela assim que os olhos se encontraram com sua heterocromia.
- Sukuna-san! - deu um tchauzinho, aproximando-se - Como vai? Imaginei que encontraria com o senhor aqui.
Parou para inspirar fortemente o ar que faltava no alto do morro. Ryomen indagou a si mesmo o que a mulher fazia ali, contemplando com cuidado o que ela trazia nos braços. Ainda confuso por seus atos no dia passado,
decidiu voltar a ser bruto como antes, ignorando a presença dela. Todavia Ren fosse animada e nem mesmo percebia ser deixada de lado pelo homem.- Trouxe algumas guloseimas para o senhor, aceitas? - indicou a cesta, aproximando-se pouco a pouco - Tem bolinhos de morango.
- Por que ofereceria comida a um estranho? - perguntou, os braços cruzados.
A voz do rapaz penetrou na pele de Ren, deixando-a arrepiada e sensível por seu tom. Tivera o mesmo choque na noite passada.
- É apenas meu agradecimento por ontem - ficou ao lado de Sukuna, tirando de dentro do cesto de palha alguns biscoitos de frutas - Oh, experimente esse.
A morena ofereceu a guloseima para Ryomen, recebendo uma encarada carrancuda do rosado. Internamente, o homem queria entender a mente da frágil moça que tentava interagir com ele, não compreendendo seus atos bondosos sendo que eram totalmente desconhecidos. Sentiu raiva por ela não ter medo dele, afinal, era normal a maioria das pessoas temerem Sukuna. Ren não ficava quieta, tagarelava enquanto dizia as prioridades dos doces que trouxera consigo, dando sorrisos genuínos e descontraídos enquanto os olhos bicolores viajavam pela floresta.
Seu azul e marrom claro encontraram-se com o vermelho denso de Sukuna, uma conexão passando por entre a corrente sanguínea do homem estupefato ao observar atentamente a forma carismática que Ren era. Ele realmente não entendia aquilo tudo, mulheres só se aproximavam dele em interesses luxuosos ou comprometedores, de resto, Ryomen era fortemente temido por sua aparência poderosa. Queria a resposta para a aproximação de um ser tão puro e ingênuo, que nem mesmo sabia das maldades que espreitavam a escuridão.
- Sukuna-san, pare de me encarar, é vergonhoso - viu a garota mais baixa tampar o rosto corada.
Aquele comportamento, Sukuna raramente havia visto alguém ficar envergonhado em sua frente ao ponto de enrubescer. Ren tinha o kimono azul bebê bem apertado ao corpo para proteger-se do frio exagerado que fazia naquela época, tentava a todo custo puxar um pouco da roupa para tampar a própria face tímida, fracassando totalmente. Desviava os olhos de Sukuna, esperando que ele dissesse algo ou não a deixasse conversando sozinha, era constrangedor.
Ryomen decidiu flexibilizar, suspirando e pegando um dos biscoitos feitos pela japonesa. Ren observou bem sua expressão, vendo o homem comer a guloseima enquanto seus olhos vermelhos tinham como foco o rosto dela. Ainda tinha as bochechas rosadas e um leve tremer nos lábios inchados, sua timidez não deixando o corpo. A verdade era que Ren nunca tivera contato frequente com as pessoas da aldeia, vivia mais com a floresta e animais, conversando apenas com eles e nada a mais. Contato visual era algo novo que ela presenciava.
- Hm... Gostou? - perguntou para poder mudar a atmosfera constrangedora.
- Sim, são bons - pegou outro, apenas para ver o sorriso dela brincar pelo rosto.
Sukuna havia descoberto que gostava de seu ato singelo de dar risada, admirando bem sua simplicidade e paixão para fazer tal ato. Ele queria sorrir assim.
- Coma outro, vamos - ofereceu ao ver o homem comer o segundo biscoito - Experimente esse pão com essa geleia.
Os dedos pequenos e delicados dela procuraram pelo cesto, tirando de lá o vidrinho com conteúdo roxo escuro dentro e a massa que havia feito para comer com a geleia. Ren mordeu os lábios quando dividiu o pão em pedaços menores para Ryomen comer como quisesse. O citado tinha as orbes escarlates encarando cada mínimo detalhe e atos que a jovem moça fazia, suas manias simples mexiam fortemente com o psicológico do rosado. Ele se viu obrigado a experimentar da geleia e descobriu que amava amora daquela forma, misturada com pão e um copo de leite - que Ren trouxera junto.
Ficou tentado em comer mais um, repetindo o processo até que a massa acabasse e sobrasse apenas bolinhos e biscoitos. Ren gargalhava plenamente dos simples gestos que Sukuna tinha, sentindo-se feliz por ter agradado seu estômago. Ao mesmo tempo que o homem se sentia entorpecido, ele presenciava uma sensação relaxante e carinhosa brincar em seu peito maldoso. Ryomen frequentemente questionava-se o que eram aqueles sentimentos, sempre que olhava para ela, seu mundo parecia mudar completamente e todas as preocupações e ambições se retorciam apenas por ela.
- Sukuna-san - chamou, vendo o homem levantar o rosto rapidamente - Não se preocupe, trago mais assim que der.
Ren sorriu, sorriu da forma mais avassaladora que poderia existir, tomando para si o coração de Ryomen. Os dois não sabiam disso, não sabiam que seus destinos estavam traçados e que apenas se embaralhavam um no outro, abraçando-se em uma forma urgente de manterem-se juntos. Naquela manhã, Sukuna descobriu que amava geleia de amora com pão e leite. Esperava ansiosamente para poder comer mais daquela combinação magnífica.
[06/06/21]
sem revisão
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𝒂𝒑𝒐𝒄𝒂𝒍𝒚𝒑𝒔𝒆 {sukuna ryomen}
Fanfiction• SHORT FIC • Anos atrás, quando os cantos do mundo não eram explorados e habitados por multidões de humanos, uma pequena civilização agrícola serpenteava por entre os territórios do atual Japão...