Para siempre, mi candado.

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Vete de mi casa.

Naquele momento parecia ser o mais correto a ser feito.

Ana esperava aquele ato de qualquer pessoa na sua vida (muitas vezes a morena questionava-se se tinha alguém verdadeiro a seu lado), mas nunca o viu chegar da parte de Mariana.

A pessoa, que por obra do destino, apareceu da sua vida e lhe mostrou que ela ainda tem tanto para viver.

Agora, com os resultados da sua biópsia nas mãos, Ana sentia o silêncio da sua casa penetrar-lhe na alma.

Ela já perdeu tanto.

Mas queria viver.

E aqueles malditos papéis eram como espinhos de uma rosa.

Uma rosa pronta a desabrochar com o sol de uma nova manhã ou uma rosa murcha como as sombras de uma vida que ficou para trás?

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- Mamã? Mamã, estás bem?

Era assim todas as noites.

Duas semanas passaram-se desde que Ana expulsou Mariana da mansão.

Duas semanas em que a rotina de Ana não mudava.

Acordava, tomava o pequeno-almoço com os seus filhos (sendo escassa em palavras), trabalhava até bem depois da sua hora e quando chegava a casa fechava-se no seu escritório (sem comer) com a desculpa que ainda tinha trabalho por fazer.

E todas as noites Ceci batia na porta do escritório, esperando que a sua mãe a deixasse entrar e lhe explicasse o que se estava a passar.

Sem sucesso.

A filha mais velha de Ana sabia que algo tinha acontecido.

Duas semanas atrás, depois do batizado de Regina e Valentina, Ceci viu Mariana a sair da mansão com Regina.

E desde então elas não voltaram.

Claro, Regina vinha frequentemente a casa para estar com Ana, Valentina e os mais velhos, mas Mariana entregava a menina a Alta e saía em seguida.

Quando perguntou à sua mãe onde estava Mariana, Ana apenas lhe disse que ela já não vivia ali.

Já nada era igual.

A sua mãe não era a mesma.

Voltou a ser a mesma Ana Servín antes de Mariana e Regina entrarem nas suas vidas.

E por amar tanto a sua mãe, ela sabia que essa não era a sua melhor versão.

- Mãe, por favor...deixa-me entrar?

Como não obteve nenhuma resposta negativa por parte de Ana, Ceci decidiu tentar a sua sorte e abrir a porta do escritório.

- Ceci, o que é que eu já te disse sobre entrares no escritório enquanto eu estou a trabalhar?

Ana não estava a trabalhar.

Ana passava as suas noites arrependendo-se um pouco mais da decisão de ter expulsado Mariana da mansão. E da sua vida.

- Desculpa mãe, sei que não devo, mas eu estou muito preocupada.

- Preocupada?

- Sim, contigo. Eu estou aqui, mãe. Seja o que for que se passa, tu podes-me contar.

Ana levanta-se da sua cadeira e caminha até Ceci, surpreendendo a mais nova com um abraço apertado.

O abraço foi feito em silêncio e durou mais do que o habitual, para o comum de Ana Servín.

Para siempre, mi candado.Onde histórias criam vida. Descubra agora