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GABE

Abril/2021

Eu nunca fiz uma audição para a televisão, nunca foi meu sonho, mas eu estou enxergando como uma oportunidade.

Meu sonho era dançar e cantar na Broadway, mas quando você abandona a temporada no meio logo quando está fazendo sua primeira protagonista é claro que isso é uma mancha em seu currículo. E como se não bastasse isso eu não consigo ser a mesma Gabe de antes, o que impactou todos meus últimos testes.

Então quando Rooney, meu professor de Juilliard e um grande amigo, me convidou para um almoço e disse que tinha uma personagem em uma nova série que sabia que devia ser minha eu apenas topei fazer o teste porque talvez seria bom fazer algo diferente.

- Parece que eu acabei de correr uma maratona. - Suspiro após deixar a audição. Estou em um dos escritórios do estúdio responsável pela série. - Eu fui péssima, não fui?

Rooney me puxa para um abraço e ri do meu nervosismo. - Se acalme garotinha, tenha certeza que o papel é seu.

Ele é mais do que meu ex-professor, é a primeira pessoa que me deu uma chance no teatro, também é uma figura paterna.

Vim para Nova York sozinha aos quinze anos estudar, e com meus pais distantes e passando por muita coisa na época eu não tinha muito com quem contar, Rooney e sua esposa Vera me acolheram. São como minha mãe e meu pai novaiorquinos.

Principalmente agora que minha mãe se foi e meu pai basicamente desistiu da vida, não que antes disso eles tenham sido ótimos pais. Eles viviam para o trabalho e eles se amavam muito, só não tinham muito tempo para Brayden e eu.

Recebo um beijo na testa de Rooney.

- Pare de me enganar. - Eu resmungo.

Enquanto ainda o abraço dou uma olhada para a porta de vidro de outra sala do escritório. Tem várias pessoas lá dentro, mas há um rosto em especial que está olhando para fora, para nós.

O rosto é familiar de alguma maneira, talvez eu já tenha visto na televisão. Ele tem a pele bronzeada e olhos escuros que não param de me encarar. É estranho.

- Tenho que entrar para a reunião. - Rooney me solta. - O elenco está lá dentro. Só faltam dois papéis a serem preenchidos.

Ele é o diretor de elenco dessa série, e falou muito como o único nome possível para ele ao ler a personagem era o meu.

- Um é meu. - Tento soar confiante sobre o papel. - Boa reunião.

- Espere uma ligação.

Cruzo os dedos fazendo uma figa. Estou contando com qualquer sorte, eu só preciso atuar, dançar, estar em algo que eu sei que nasci para fazer: arte.

Desço usando o elevador e saio do prédio sentindo o vento gelado do início de primavera. Estamos há menos de um mês nessa estação e os dias ainda estão frios e chuvosos, mantendo os resquícios do inverno.

Meu celular toca na bolsa enquanto faço o caminho para a estação de metrô mais próxima.

- Oii! Como foi a audição?

É Brayden. Pelo horário ele deveria estar treinando, então estou supondo que ele fez uma pausa só para me ligar.

- Eu acho que fui péssima, Rooney diz que não fui. - Conto a ele descendo as escadas para a estação.

- Rooney está certo, você está errada. - Ele decide em quem acreditar. - Tenho que ir. Quer jantar lá em casa? A Candy ia gostar e o Dylan também.

Sob tantos olhares (Metrópoles #2)Onde histórias criam vida. Descubra agora