I ain't got nothin' to smile about

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- Faz duas semanas, Malfoy – Albus me falou enquanto colocava a pipoca no microondas – Você falou que ela simplesmente sumiu do mapa, como acha que vai conseguir encontrá-la?

- Eu não sei, até pensei em colocar aqueles posters de desaparecida pelo campus, mas não sei muito bem como agir.

- É uma saída – Ele ficou em silêncio por um momento, e ficamos escutando a pipoca estourar ao passo que os dois estavam imersos nos próprios pensamentos. – O que a garota que mora com ela disse?

- Apenas que ela não voltou e nem deu notícias. As coisas dela continuam no quarto, a garota não sabe o que fazer, se ela guarda as coisas e começa a procurar uma nova pessoa para dividir o apartamento ou se ela espera para o começo do novo semestre para ver se ela aparece.

- Acho que você pode fazer os posters sim, mas não sei, colocar no campus pode não ser a melhor ideia – Albus me passou a pipoca e saiu andando. – Hoje em dia temos a famosa internet meu caro, jogar nas redes sociais já ajuda bastante.

- Ela não tem redes sociais.

- Não na dela, nas suas! – Ele puxou o laptop e começou a montar o post, colocando as informações dela e o meu contato. – Só preciso de uma foto dela agora.

Mostrei as fotos que eu tirei dela e Albus pareceu intrigado demais para continuar fazendo o poster, era aquele mesmo olhar que eu vi no rosto do meu pai durante o jantar, o mesmo olhar de minha mãe tinha quando observava a foto que eu tenho de Rose no criado mudo, o mesmo olhar que eu estava ficando cansado de ver.

- É estranho – ele voltou a vida depois de muito tempo parado – ela é familiar, até demais.

- Meus pais falaram a mesma coisa – comentei e peguei o celular, eu adorava aquela foto. Tirei no dia que eu a pedi em namoro, estávamos na nossa cafeteria favorita, ela estava animada com a saída das notas no dia seguinte e não parava de falar em como aquilo era importante para ela, de como aquelas notas poderiam ter um impacto na sua vida profissional.

Rose estava radiante naquele dia, e como se fosse possível, seu sorriso abriu ainda mais quando eu fiz a pergunta. Ela estava tagarelando com um sorriso no rosto e quando eu vi já havia perguntado. Eu sabia que estava apaixonado, que eu queria oficializar aquele relacionamento, mas eu não sabia que seria algo tão espontâneo.

Foi algo tão mágico que eu quis recordar daquele sorriso para sempre, e por isso tirei a foto. Era com esse sorriso que eu sonhava todas as noites, era esse sorriso que eu sentia falta. Eu a queria de volta. Eu desejava saber o que aconteceu e, assim, pedi para Albus utilizar aquela foto.

Acabei postando tudo naquela noite mesmo, eu não podia negar o quanto estava preocupado, até meus pais estavam estranhando o meu jeito de agir. Essa era a primeira vez que eu me sentia assim, preocupado com a pessoa com que eu estava vendo. Era a primeira vez que eu entrava em um relacionamento porque estava realmente apaixonado e não apenas pela imagem que isso passava.

Apaixonado. Essa é a palavra certa, essa era a primeira vez que eu passei a amar alguém e não tive a chance de contar isso a ela.

Se eu fechasse os olhos, conseguia ver a imagem dela deitada na minha cama, com a minha camisa surrada do colégio, fazendo caretas para mim enquanto tentava me convencer que ficar no apartamento e pedir comida era melhor do que sair para ir em um restaurante.

Eu passei a noite em claro depois que os pais dela a puxaram para fora do meu apartamento, meu pai pediu desculpa pelo comportamento dele, mas eu não conseguia entender como o seu comportamento poderia influenciar na saída repentina. Eles fizeram as mesmas perguntas para os pais de Albus quando eles começaram a se aproximar, como o garoto se comportava, se eles tiveram alguma técnica para o deixar calmo em momentos de estresse. Não havia nada de errado com o comportamento de seus pais.

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