Quando abri meus olhos eu me sentia de alguma forma diferente... quer dizer, eu estava diferente, pois agora tinha minhas memórias para ser acessível na hora quando eu quiser. Ainda me sentia pouco confusa, muitas coisas ainda estavam embaralhadas, mas aos poucos tudo estava se encaixando.
Levantei-me daquela cama, sentindo minhas costas doerem pelo tempo que fiquei deitada, tentei colocar meus pensamentos em ordem quando abria a porta do quarto, tentando imaginar por quanto tempo eu passei apagada. Pelas pequenas frestas de luz que vinha do lado de fora, sabia que não havia anoitecido. Meu interior estava ansioso, minhas mãos tremiam um pouco e estavam geladas. Eu queria ver Sarada, tocar nela, sentir seu cheirinho de morango e creme e abraçá-la, por que ela era minha menina.
Minha filha.
E eu não havia percebido o quanto eu estava nervosa quando vi que minha mão direita que estava segurando a maçaneta dourada e redonda tremer quando girava e abria a porta do quarto. Meu coração batia forte quando eu a vi sentada em sua cama, observava a correntinha prateada que era minha. Seus olhos me enxergaram e me segurei para não correr e embala-la em meus braços.
- Babá – sua voz era baixa.
Meus olhos ficaram marejados.
- Oi – e sorri, sentindo meus lábios tremerem.
Sarada desviou seus olhos para a correntinha aberta em suas mãos, parecia me esperar. Eu caminhei com passos um depois do outro até chegar para perto e sentei-me na cama ao seu lado e olhei com mais atenção as duas fotos que haviam ali, a minha e a de Sasuke. Ele queria que não dissesse nada para a menina, mas a verdade estava estampada naquele pingente que ele mesmo a presenteou sendo uma joia de sua mãe.
A minha joia.
- Eu só queria saber o que a sua foto está fazendo aqui, ao lado da do meu pai.
Umedeci meus lábios e os mordi, tentando segurar ao máximo que minhas lágrimas rolassem, a verdade entalada em minha garganta, esperando a hora para ser cuspida.
- Por que essa correntinha é minha.
Os olhos negros de Sarada ergueram-se para me fitar, suas bochechas estavam coradas, contrastando com sua pele pálida.
- E por que o papai me deu a sua correntinha então? – Sua pergunta saía de um modo lento, cauteloso.
Eu percebia que Sarada estava esperando uma resposta, aquela que podia acabar com a solidão em que ela se sentia, acabar com a ausência de uma pessoa em especial que a trouxe ao mundo.
E olhando no fundo de seus olhos negros com uma noite escura, eu contei a verdade:
- Por que eu sou a sua mãe.
E o choro veio em seguida, inundando e molhando todo o seu rosto, o deixando ainda mais vermelho. A correntinha que estava em suas mãos foi ao chão para que assim as suas mãos vazias tampassem os seus olhos.
Agi por impulso e a abracei, deixando minhas lágrimas rolarem também, agora com minha filha em meus braços.
Minha filha.
- Eu sinto muito, meu amor – minha voz saiu chorosa com ela ainda em meus braços que ainda mantinha as mãos no rosto. – Sinto muito por não está aqui por você. Mas o destino traçou a nossa separação, mas agora eu estou aqui, ele me trouxe até você.
- Como você... como você pode ser minha mãe e não lembrar de mim? – Sua voz soava desesperada e soluçando, havia tirado as mãos dos olhos que estavam vermelhos pelas lágrimas.
- Sua mãe não tinha condições de estar com você – a voz de Sasuke soou, trazendo nossas atenções para seu perfil parado no portal nos olhando com aquela expressão séria.
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The Secret
FanfictionDepois de um acidente misterioso que fez perder dois anos de suas memórias, Sakura Haruno tentou voltar a sua vida normal, mas algo estava errado. Com a superproteção de seus pais, e a ignorância de suas amigas, fez Sakura tomar uma decisão drástic...