She is not perfect

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Alexander havia acabado de chegar do trabalho quando a cidade passou a ser assolada por uma terrível chuva, deixando o tráfego completamente parado, ele se conderava muito sortudo por ter escapado disso. Jogou as chaves na mesinha de centro e começou a mesma rotina que vinha tendo à 7 anos, depois de assumir uma das filiais da empresa de seu pai.

Ele tirou os sapatos e a gravata para se sentir mais à vontade. Em seguida, seguiu para a cozinha procurando algo que saciasse a sua fome. Geralmente ele pedia Grace, sua diarista, para que deixasse marmitas separadas ao longo da semana. Ela fazia o serviço de forma extremamente cuidadosa e carinhosa, ao ponto de até etiquetar o dia e o horário para cada marmita ser consumida.

Após seus ritos automáticos, seu cerebro parecia ficar confuso com o que fazer dali em diante. Alex não era um homem de hobbies, a única coisa que ele costumava fazer para se distrair uma vez ou outra era ler, mas não se lembrava de nenhum livro que já não tivesse lido de seu acervo pessoal. Não gostava de redes sociais e mantinha apenas contas profissionais para comunicação. Sem muitas opções, ele liga a tv em algum programa popular para passar o tempo enquanto comia sua marmita.

Era apenas mais um dia normal para Alex, até que o agudo som de visitas à porta começasse à tocar.

Parte de seu corpo, cansado pelo longo dia de trabalho, tentava impedir que ele levantasse, rezando para que as inconveniências se fossem caso não mostrasse estar em casa, mas, seja quem for que estivesse atrás da porta, não queria deixar Alex relaxar e isso o deixou de mal humor.

Ele deixou a comida de lado e foi até a porta com as chaves em mão. Segundos depois ele puxou e se deparou com a única cena que não tinha se passado por todo o tempo que se passou da poltrona até a porta.

Primeiro ele viu seus sapatos, saltos vermelhos bem lustrados, sua calça jeans parecia razoavelmente seca em seus calcanhares, mas do joelho para cima não havia uma parte de tecido que tivesse escapado da tempestade. Seu olhar foi subindo com uma análise até que chegou no rosto da última pessoa que ele achava possivel lhe fazer uma visita.

Era Beatrice, seu antigo e unico amor adolescente, com os cabelos castanhos, agora curtos, ensopada da inoportuna chuva que ainda caía lá fora. Seu coração errou uma batida e o ar parecia estar se tornando cada vez mais escasso. As palavras pareciam ter sumido de sua boca, ele simplesnete não sabia o que fazer em uma situação como aquela.

- Oi Alexander - foi ela a primeira a tomar uma atitude - Liguei para sua mãe e ela me passou seu endereço, não sabia para onde ir.

E por isso decidiu vir para minha casa? Mesmo sem nem manter contato comigo? Isso não soa estranho para você? - Foi o que ele pensou, mas lhe faltou coragem para tornar as palavras imaginárias em algo mais físico. Depois de alguns segundos contragedores de silêncio, ele pareceu compreender de que deveria falar algo.

-Você... Sei lá, quer entrar?

-Obrigada. - ela deu um passo à frente enquanto abraçava o próprio corpo como se devesse se conter e permanecer do lado de fora - Espero não ter interrompido nada.

-Não, não interrompeu - ele sabia que mentia mas não parecia se incomodar com isso.

As mãos dele passaram por sua barba rala, o lembrando que deveria faze-la de uma vez. Os recentes acontecimentos no trabalho pareciam tomar a maior parte do seu tempo nos últimos dias, talvez meses, e isso estava começando à ficar claro.

-Vou pegar uma toalha para você.

Foi a única coisa que conseguiu pensar para sair daquela situação constrangedora de uma vez. Sem esperar que ela respondesse, ele subiu até seu quarto em passos rápidos que só vieram à desacelerar depois de chegar ao segundo andar da casa, onde ele finalmente estaria sozinho, nem que por um breve momento.

She's not the perfect girl [CONTO]Onde histórias criam vida. Descubra agora