Luffy era alguém que não ligava para coisas fúteis como ciúmes, na maioria das vezes sequer percebia quando sentiam tal sentimento ao seu respeito; nunca foi de se incomodar com contato físico e não entendia porque outras pessoas se incomodavam com algo que não lhes diziam respeito e nem mesmo ele – quem tinha o direito de se irritar – se importava.
Contudo ele ainda era um humano, e assim como todo e qualquer mero mortal ele sentia ciúmes, bastante, na verdade. Foi quando finalmente encontrou seu ômega – ao qual é perdidamente apaixonado – que descobriu que também era afetado por essa falha, e pior ainda, não sabia lidar com ela sem envolver sua impulsividade e instintos agressivos, resultando em alguns narizes quebrados e seu namorado – que detesta confusão – bravo toda vez que ele fazia uma algazarra daquelas.
– Traaaaaaaal. - Chamou arrastado com um pequeno bico nos lábios. – Para de me ignorar!
Estava sentado sobre a mesa da cozinha da casa que compartilhavam com as pernas cruzadas enquanto seu namorado, sentado na cadeira a sua frente, segurava sua mão direita com cuidado – mesmo estando irritado –, lhe lançando um olhar atravessado.
– Eu estou tentando me concentrar, então fique quieto.
– Mas você não precisa usar a boca pra isso, pode me respond- Ai! Isso doeu!
– Se você não agisse como um idiota possessivo que sai socando qualquer um pela frente não estaria doendo nada.
Com um bico ainda maior, acompanhando a carranca do parceiro, Luffy bufou frustrado.
– Chato.
Luffy, embora relutante, reconhecia que tinha sim um pouco de ciúmes, mas acontece que Law exagerava muito. Dizer que ele era possessivo isso sim era um escarcéu, ele apenas não gostava de pessoas tocando o seu namorado.
Claro, mesmo sendo alguém altruísta – era capaz de deixar até mesmo seus sonhos de lado em prol dos amigos –, ele não era um super herói perfeito de histórias em quadrinhos, era, igualmente, egoísta. Law era sua carne favorita, e ele obviamente não queria, nem iria, dividi-lo com mais ninguém.
E só de pensar em algum bastardo – ou bastarda – mal intencionado tentando se aproximar dele, por Deus, já fazia-o cerrar os punhos pronto para chutar a bunda de quem ousasse fazê-lo.
Era por isso, aliás, que estava naquela condição, com os nós dos dedos esfolados e cobertos de sangue seco e o pulso deslocado enquanto seu namorado massageava o local e limpava as suas feridas completamente zangado consigo.
Mas também pudera, Luffy havia acabado de comer um lanche extra grande e seguia feliz da vida até a saída da faculdade onde seu namorado o esperava para voltarem juntos para casa quando viu um idiota se inclinar sobre ele e cheirar seu pescoço, o que queriam que ele fizesse? Ficar parado é que não seria, e ele não se arrependia nenhum pouco de quebrar o nariz daquele brutamontes ruivo pra frente.
– Mas, Tral! Ele tava te cheirando!
– É, Luffy-ya, eu sei, foi comigo que aconteceu.
– Então!
– Então nada!
– Então tudo! Eu não podia deixar aquele espetado idiota fazer aquilo com você!
– O que você não podia era deixar de confiar em mim e me tratar como uma donzela em perigo incapaz que precisa sempre que você me defenda.
Com o cenho enrugado o moreno menor observou o namorado guardar a caixinha com utensílios que usara para tratar seus ferimentos e sair chateado do cômodo.
Finalmente entendeu o motivo daquela chateação – exagerada, em sua opinião – e o seguiu até o sofá, sentando-se ao lado dele.
– Tral...
– Só porque eu sou um ômega não significa que sou alguém fraco e indefeso. ‐ Disse assim que o menor passou os braços ao seu redor e o olhou sentido. – Eu também sei lidar com esse tipo de situação, sei fazer alguém me respeitar.
Luffy mantinha um biquinho nos lábios enquanto o apertava, nunca foi sua intenção fazer o namorado se sentir daquela forma.
– Eu sei disso... Eu não me apaixonaria por você se fosse um fracote. - Afinal ele havia se apaixonado por aquele ser ranzinza e estressado justamente por ele ser o oposto do padrão esperado dos ômegas – pequeno, sensível, frágil –, estereótipo esse que Luffy, assim como o namorado, detestava. – Só que você tá sempre cuidando dos problemas que eu causo e de mim. - Ainda com um biquinho apoiou a cabeça no ombro alheio. – Eu também quero cuidar de você...
Aquele conjunto que poderia ser sintetizado e categorizado como adorável foi mais que o suficiente para amolecer o coração do mais velho.
– Eu sempre vou proteger quem eu amo. - Touché.
Com o suspiro alto Luffy já sabia que ele não estava mais – tão – bravo e passou a distribuir beijos pelo pescoço dele, sobretudo na pequena marquinha avermelhada próxima da nuca que havia feito ali.
– Só não faça tanta confusão na próxima vez, você poderia ter sido expulso, ou pior, preso.
– Mas ele tava-
– Eu sei, só que ele não fez aquilo por mim. Fez porque te viu e queria te provocar. - Luffy e suas rivalidades idiotas, nada atípico. – E você faz alarde atoa, eu não atraio alfas, nem ômegas. E mesmo se atraísse isso não me importa.
Apesar de ser um ômega, Law não parecia com um, e decepcionava aqueles que equivocadamente acreditavam que ele fosse um alfa. No entanto ele era muito bonito e tinha seu charme, era claro que atraía atenção, como poderia achar que Luffy era o único que o olhava daquela forma?
– Ainda assim. - O apertou fortemente em seus braços enquanto transformava os beijos em mordidas. – Você é meu, só eu posso te beijar, te cheirar, te morder...
– Quando você fala assim parece que sou um pedaço de carne. - E seria ofensivo, se ele não conhecesse o amor exacerbado do menor pelo alimento...
– Eu te amo mais que carne. - Novamente estava sendo exagerado, no máximo Law estava próximo do patamar de importância que ele dava à ela, mas aquilo já o deixava feliz.
– Eu também te amo. - Luffy sorriu largo vendo Law se virar para ele com um sorriso pequeno, prendendo suas orbes negras naqueles olhos dourados. – E eu sou apenas e completamente seu.
No instante seguinte após a declaração daquelas palavras Luffy estava entre as pernas do namorado, mordendo, lambendo e chupando os lábios alheios, com as mãos por baixo da camisa do mesmo, segurando possessivamente a cintura esguia; pronto para marcá-lo de todas as formas que poderia.
Luffy não era possessivo, só era um egoísta que não gostava de dividir aquilo que considerava seu, mas não era nada que afetasse negativamente aquele relacionamento excêntrico deles, afinal Law era seu, assim como ele era de Law.
No fim, tudo não passava de exageros.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Exageros
FanfictionLuffy não era possessivo e Law estava fazendo tempestade em copo d'água. No fim, era tudo uma questão de exageros. Lulaw/Lawlu || AU!ABO || Fluffy