Eles seguem freneticamente pelo corredor que vai sendo revelado instantaneamente pelas árvores em direção a saída dessa floresta sinistra. Pelo senso de direção e pela intensidade da curva a direita, eles sabem que estão contornando em muito o trajeto que fizeram na ida e vão sair bem distante da fenda que usaram para entrar. Metro a metro, o ambiente vai mudando, demonstrando que estão perto de sair e quando finalmente chegam à beira, saltam em direção a outra estrada.
O dia já tende rumo à tarde, eles supõem que já passa das 16 horas, mas é impossível saber ao certo, pois estão dentro da zona escura e não se pode confiar nos relógios, eles seguem na estrada no ritmo máximo que conseguem por aproximadamente meia hora, então Jow pede para que encostem. Todos descem dos veículos e se concentram próximos de Jow, ele tem na mão um mapa e olha para ele parecendo confuso:
— Pessoal, eu estou tentando me situar desde que saímos da floresta. Considerando a intensidade da diagonal que fomos desviados para a direita, eu presumo que saímos nessa estrada aqui. — Jow fala e aponta no mapa. — Basicamente ela não dá acesso a mata, por isso, a guardiã da floresta nos jogou pra cá, pois era provável de as criaturas tentarem nos emboscar na saída da estrada tradicional, assim, tomamos um rumo bem oposto, o que dificultaria tanto o encontro com eles quanto que tentassem nos seguir. Essa rodovia nos coloca em uma posição muito diferente do que eu havia previsto, ela passa a oeste da Floresta da Morte e contorna bem distante o território indígena Kynawa, transpõe uma cadeia de montanhas, mas bem aqui, nessa intersecção poderemos voltar ao plano inicial sem muita perda de tempo. Eu sei que todos estão cansados, com fome e estressados, vamos descer as motos dos veículos para que possamos viajar com mais conforto e sem tanta pressa, não vamos relaxar agora, deixemos pra parar, comer, descansar e abastecer os veículos, um pouco mais pra frente, aqui ainda estamos expostos.
Os homens voltam para os veículos e retiram as motos, Melissa retira a Desbravadora, carinhosamente batizada pela sua antiga dona: Vovó Jack, agora morta, uma lágrima escorre pelo seu rosto, acompanhada de um sorriso de ternura, ela logo suprime essa emoção para que ninguém veja e termina de descer com cuidado a moto que lhe foi dada como presente. Sua cadela, Zoe, permanece no furgão, ela observa sua mestre com olhar manhoso de quem não queria estar sem ela.
— Fique ai garota, será melhor pra nós duas, logo estarei contigo — Ela fala com Zoe, em seguida monta na moto e diz pra si mesma baixinho — Vovó Jack, eu vou cuidar bem da Desbravadora, fique bem... onde quer que esteja...
O comboio retorna a estrada em ritmo mais tranquilo, apesar de ainda ser dia, o Sol, que deveria estar forte no céu, se assemelha à sombra do crepúsculo, que estranhamente vai clareando quanto mais se afastam da Floresta da Morte. Após algumas horas, eles finalmente saem da zona escura, e até o tempo parece mudar, mas não durará muito, pois agora o dia caminha para a noite e eles, para o desconhecido.
Ao longo da estrada pode-se ver alguns vestígios de povoamento urbano, todos muito distantes uns dos outros. Primeiro, restos de placas de sinalização, destroços de construções mais à frente, seguidos de escombros de casas bem distantes da estrada, postes caídos e outras estruturas degradadas, esses sinais anunciavam o que já estavam pra chegar. A cada quilômetro avançado estas marcas de presença urbana ficam mais presentes e mais próximas umas das outras, até que chegam no que sobrou de uma cidade, há tempos abandonada, sem nenhum sinal de vida.
O rádio chia nos veículos com uma voz conhecida:
— Senhores, estas ruínas podem nos servir de um bom abrigo, já está anoitecendo, precisamos descansar por algumas horas, vamos descer, fazer uma ronda e se estiver tudo limpo poderemos acampar por aqui mesmo. — Jow dá a notícia que faz diminuir a tensão e surgir uma leve sensação de tranquilidade.
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Mundos Entre Luas - A Resistência (CONCLUÍDA)
Science FictionO mundo como conhecera já se foi, uma Terceira Guerra Mundial abalou nosso frágil planeta. Matéria nuclear altamente tóxica, agora contamina nossa terra, nossa água, nosso ar. A raça humana fora condenada. Neste ambiente caótico, eis que s...