Capítulo 1

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Rio de Janeiro, 09h da manhã.

"Anitta, a Juliette disse que "AINDA" não evoluiu pra bissexual, será que você poderia ajudá-la nessa evolução?"

Um dos milhares tweets com seu nome que bombaram na rede social que mais prendia a atenção de Juliette após todo a reviravolta que sua vida sofrera. Nos poucos minutos livres, era lá que a paraibana se divertia, vigiava o que os fãs falavam de si, se estavam curtindo seu pós e anotava mentalmente cada pedido ou crítica construtiva. Ela queria ser a melhor que pudesse, queria retribuir do o carinho.

— Veja só como são umas pestes! — Ela ria — Agora deram pra tentar me arrumar Anitta, tô com moral mesmo — Virou a tela do celular para Débora que se divertia junto à ela — Até parece que Anitta, ia querer à mim, num é mesmo? Tudo bem que eu sou linda e maravilhosa mas mulher, ela pode ter todas e todos — Balançava a cabeça negativamente enquanto ria.

Numa fração de segundo o olhar de Débora se arregalou e a tela do celular fora virada novamente pra Juliette.

"@Anitta: Super posso"

Foi exatamente ali que o coração da nordestina ameaçou parar, sua cabeça começou a girar e as mãos a suar.

Seria possível uma das cantoras mais famosas da atualidade estar falando sério? Pra Juliette, aquilo só seria mais uma das piadas de Anitta, que sempre se mostrava uma pessoa bem-humorada. Bloqueou o celular e sacudiu a cabeça numa tentativa nula de espantar os pensamentos de sua cabeça.

Não negaria jamais a vontade que tinha de ficar com mulheres, especialmente aquela, mas não se sentia à altura. Débora a observava de canto de olho, perdida em seus devaneios com um sorrisinho bobo no rosto.

— Tá pensando nela né, safada? — Riu e cutucou a amiga com o cotovelo.

Juliette riu sem graça e suspirou, teria um dia cheio pela frente, viajando de um lado para o outro, se preparando pra ser nomeada embaixadora de pelo menos 4 marcas famosas. Sua vida estava agitada como nunca estivera antes, mas tudo aquilo era só uma agitação superficial.

A mulher somente experimentaria o que era a real agitação quando seu interior se remexesse por completo ao primeiro passo de Anitta pra dentro de sua própria mansão.

E isso não estava longe de acontecer. 

A van na qual sua equipe se locomovia já estava esperando na porta da mansão, Juliette suspirou pensando em quanta coisa tinha pra fazer e sentiu a mão de Débora acariciar suas costas. A amiga sabia que tudo aquilo era novo e extremamente cansativo pra ela, mas se mostrava firme no propósito de apoiá-la.

— Vamos enfrentar mais um dia? — Sorriu amigável.

— Simbora. — A paraibana respondeu confiante enquanto fazia um sinal da cruz e abria um sorriso pra equipe que já a esperava. — Essa equipe é pau! — Se sentou em um dos bancos de fundo.

Enquanto a paisagem do Rio de Janeiro passava pela janela, ela se perdia em seus pensamentos enquanto tentava evitar que o sono a levasse. Seria mais um grande dia pros fãs, e ela não poderia perder por esperar.

No estúdio de gravação, cabeleireiros e maquiadores a esperavam. Um manicure se mantinha paciente num sofá no canto enquanto mandava "tchauzinhos" e esperava por sua chance de fazer parte daquele show. Ela como sempre simpática, jogou beijos e mexeu com todos os profissionais presentes. Arrancava elogios por onde passava com seu jeitinho iluminado e humilde de ser. Como havia dito em uma de suas recentes entrevistas, ela era a mesma Juliette, mas agora milionária.

Se sentou na cadeira macia e antes mesmo de ajeitar a postura já sentiu uma mecha de seu cabelo ser pega. Suspirou. Não estava habituada àquela rotina, não era seu perfil toda aquela exposição diária, e por vezes, em seu íntimo, pensava sobre voltar à calmaria do anonimato. Agora já não tinha mais volta.

Tu VenenoOnde histórias criam vida. Descubra agora