Não há nada de incrível, de intenso, de doador, de tocante, de amante ou interessado por viver. Ela não sabia exatamente como ir embora, e precisava apenas ter erigido a curta sentença "não lhe quero mais". Nada de textos ou explicações doloridas demais para serem entendidas e superadas. Bastava acabar por acabar. Já esperava então que chegaria, e era o aguardo do inevitável.
Estou morto desde sempre. Teço minhas relações e elas nunca parecem sólidas o suficiente, as quais possuem um convite em suas testas logo de início: "foi bom enquanto durou". Não sei como evitar das pessoas irem embora, e quando não estão de malas prontas eu pulo do convés do navio antes. Prefiro afogar meus prantos com outros prantos do que aguardar outro "até mais nunca".
Superar parece tão fácil para os outros, e temo não saber como fazê-lo. Tudo que se deixa doer, dói incessantemente. Até os problemas de décadas possuem um lugar nefasto para morarem, e a terapia serve de apenas um carnaval qualquer enquanto dançam pela desgraça.
Estou sozinho desde que me entendo por gente, e não sei lidar comigo mesmo por este motivo. Nós estamos sempre sendo empurrados a nos socializar, e de todas as vezes que fiquei em vias disso era como se os erros incontáveis voltassem. Eu não sou nada do que as pessoas me elogiam ou aparentemente tratam como talento ou dom.
Estou apenas em desespero. Eterno desespero.
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Desamor em verso
PoëzieUm dos escritos da grande obra do Nada, surgido da indelicadeza de um cérebro imparável e que não descansa até destrinchar a natureza do gigante ignorado.