𝙻𝚘𝚜𝚝 𝚂𝚝𝚊𝚛𝚜
𝙲𝚊𝚙𝚒́𝚝𝚞𝚕𝚘 7
O céu no final da tarde, abaixo de um um semáforo na rua em que Kook atravessava todo o dia para ir para faculdade, era menos colorido do que ele lembrava.
Prédios cinzas gigantes, luzes LED sufocantes, barulhos de todo o tipo vindo de todos os lugares, o cheiro de fumaça e de comida ao vapor.
A sensação de conforto ao estar imerso nisso, afogado na insignificância dentre milhões de vidas, não o atingiu.
Ele olhou para o lado, buscando fadinhas, as pequenas luzes que compartilhavam seus segredos próprios e estavam presentes em todo o canto. Ele não as viu ali.
Toda árvore que aparecera era apenas uma sombra triste e praticamente sem vida das que viu na floresta, onde as folhas possuíam sentimentos e suas raízes se esticavam sem restrições alguma. Era um lar de alguém. Cada uma delas.
Ele sentiu um aperto forte o suficiente para desequilibrar seus joelhos.
O humano caiu no chão.
Não vieram coelhos ou qualquer animais para o ajudar, chamando carinhosamente seu nome. Nada, não houve nada.
Até que ele abriu os olhos.
Jungkook sonhou que estava em casa.
Ele acordou arfando, suado e triste, dando um susto imenso em uma fada verde que não estava fazendo nada além de comer umas frutinhas escondida da horta na frente da janela de seu quarto.
Jeon olhou para o teto de madeira e se forçou a respirar devagar, ele não queria chorar.
Ele só queria chamar sua mãe e dizer que estava cansado, mas que tinha feito tudo o que ela pediu. Ele só queria dizer ao seu irmão para, por favor, fazer o que gosta na vida e não o que nosso pai espera, por experiência própria. Ele queria que eles todos fossem felizes e que ele fosse normal e aceito. Era pedir demais?
Por que era demais?
Não achando que era o bastante olhar para o teto, o pequeno humano se levantou e colocou suas roupas macias aquecidas, seus sapatos costurados a mão por, se ele bem lembra, um coelho de pelos ruivos e saiu da casa.
Ele deu apenas alguns passos para fora quando foi interceptado por criaturas curiosas pela sua visão periférica.
Luzes coloridas flutuavam para cima e baixo, como se quisessem ansiosamente perguntar o que ele queria fazer. A fadinha verde voou a toda velocidade e segurou no bolso do casaco de Kook, fazendo uma série de chiados finos rápidos.
Ele olhou para baixo e parece que o ar preso em seus pulmões agoniados finalmente saiu.
O peso em seus ombros e joelhos caiu.
Parece que finalmente ele abriu os olhos claramente depois de acordar.
— Desculpa. - disse apenas. Não sabendo ou querendo saber exatamente o porquê se sentia culpado.
Jeon caminhou lentamente de volta para a porta, para as escadas e seu quarto. O moreno olhou para fora da janela, absorvendo cada detalhe que podia antes de se deitar.
Ele se virou inquieto na cama, pensando com profundidade no que sentia e o que isso significa, se assustando e deixando-se soltar lágrimas às vezes.
Muito tempo depois dentro desse exercício reflexivo, Jeon encarou a caixa de músicas em sua cabeceira, uma que Namjoon prometeu ter sido enviada por quem quer tenha o chamado para o campo há dois dias atrás.
"Alguém que ele não tinha permissão de saber quem era ainda", foi o que disseram.
Kook olhou para ela com uma expressão em branco. Ele não pretendia abri-la.
"Não quero ter que sentir saudade de mais uma coisa quando for a hora de partir".
E, sinceramente, Kook não sabia o que doía mais.
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𝙻𝚘𝚜𝚝 𝚂𝚝𝚊𝚛𝚜 // TAEKOOK
FanfictionUma mensagem misteriosa chegou. Ao abrir os olhos, Jungkook foi parar num mundo em que a coisa mais próxima de humanos são pessoas com caudas e orelhas de animais! Tudo é lindo, as criaturas são gentis, não há disputa nem sequer mal explícito nessa...