Saudações, Seres-andantes

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"[...] o som de pássaros cantando, das folhas das árvores sendo balançadas com o vento, o barulho baixo e distante de alguns poucos carros [...]"

Se você estiver se perguntando:  "Que tipo de história começa com um texto aparentemente sem sentido falando sobre o barulho de pássaros, árvores e carros?
Onde estão os diálogos? Os acontecimentos empolgantes, interessantes, intrigantes?", saiba que a minha resposta pra você é: " Na puta que te pariu."

Pra falar a verdade, não sei muito bem o significado dessa frase.
Aparentemente, as pessoas dizem isso quando estão com aquele... É ... Eu não sei explicar. Mas sei que é algo que as pessoas sentem! E... Que pode vir quando algo sai do planejado, quando alguém faz algo que outra pessoa não gosta. É como se.. algo dentro das pessoas começasse a ferver. Como se elas estivem prestes a explodir, e não é atoa que algumas até ficam vermelhas e "fora de si". Sei disso, pois é algo que eu sinto constantemente graças à minha aparente constante angustia.

Calma, você deve estar um pouco confuso, aliás, esse realmente não deve ser o mais esclarecedor dos inícios de livros.
Não quero te deixar confuso, então antes de mais nada, deixe que eu me apresente. Talvez isso vá fazer com que você entenda melhor algumas coisas.

Bom, quem sou eu?
Meu nome... é Elianór. Sou uma jovem de 17 anos. Tenho cabelos ruivos, com o tom de pele puxado para o moreno claro.
Minha personalidade... Não sei muito bem. Pra falar a verdade, eu também não sei exatamente o que é uma personalidade, mas dizem que sou um tanto quanto calada. Alguns até acham que estou morta ou simplesmente existo sem algum tipo do consciência. Como um animal de estimação.

Já ouvi dizerem que eu possuo lindos olhos castanhos, mas eu nunca os vi. Também dizem que meus lábios são belos! E nossa, pensar nisso né deu um certo entusiasmo, mas... bom, eu também nunca pude observar meu lábios.

Por que eu nunca vi essas coisas?
Ah, é simples! Estou acamada. Não consigo mexer nada muito além dos meus olhos e boca.

Acabei sofrendo um acidente quando era muito pequena. Tão pequena, que não me restam muitas memórias da época em que eu podia andar ou conseguia falar.
Desde o dia do acidente, eu sou o que sou. Me considero apenas uma consciência presa em um corpo. Um corpo que não funciona como deveria, ou será que é assim que ele deveria funcionar?

Minha família contratou enfermeiras para cuidar de mim, afinal, eu preciso comer e, segundo minha mãe, ficar cheirosa. Além disso, estou ligada a várias máquinas que parecem me ajudar a ficar viva, e as enfermeiras, segundo o que ouvi minha mãe dizer, estão aqui para cuidar das máquinas, ou melhor dizendo, de "mim".

As enfermeiras que minha mãe contrata nunca ficam aqui por muito tempo, então nunca tive a chance de conversar com nenhuma delas. Quer dizer, sou um pouco tímida, tudo bem? Como uma flor a desabrochar.

Brincadeira, você já deve entender o motivo pelo qual eu não falo. Mas quem sabe, se alguma enfermeira suportar ficar aqui por mais de dois anos, eu não comesse a falar. Como se sua hipotética presença fosse o príncipe encantado que e cuidar de mim por tempo suficiente fosse o tão esperado beijo que me faria acordar desse tipo de sonho... Ou pesadelo.

Não acho que isso vá acontecer. Minha mãe, depois da morte do meu pai, acabou se tornando um tanto quanto... triste. Ela passou a estar sempre tensa e preocupa.
Mas deixando isso de lado, devo dizer que ela faz tudo por mim. Ela Se preocupa comigo... eu só não entendo o porquê, afinal, por que alguém iria se apegar tanto à um simples... Saco de pele?

Eu realmente gostaria de entende-la... Gostaria de... Poder conversar com ela, mas não poder fazer isso... Bom... É agonizante.
"Puff", Enfim, eu já me acostumei, embora isso seja um pouco incompreensível para mim.

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⏰ Última atualização: Jun 10, 2021 ⏰

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