O sonho de uma noite de verão

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Que começou antes e continuou após a peça acabar...

Quando cheguei na escola, às sete em ponto, a Sakura, atrasada como sempre, ainda não tinha chegado. Me deixou esperando.

Mas, quando apareceu, compensou toda a espera, aliás, todas as esperas, mesmo aquelas que eu ainda nem tinha esperado.

Ela tava linda... Meio hipponguinha, meio menina, muito mulher: com um vestido indicando vermelho; umas sandálias trançadas que deixavam seus pezinhos quase descalços; uns brincos com pedacinhos de espelhos que pareciam caquinhos de estrelas ao refletir as luzes da rua; e os cabelos, com alguns fios soltos e outros presos, que dançavam e dançavam com o vento da noite... Aliás, que também convidava o seu vestido pra bailar, pra voar, o que obrigava a Sakura, toda sem jeito, a se proteger segurando a saia e não conseguindo impedir, de repente, de o vento sua saia levantar, mesmo que um pouquinho só... Ou até mais que isso!

Nada mau. Todo mundo piraria vendo ela assim.

— Oi, Naruto. Desculpa o atraso.

— Tudo bem, Sakura, eu... Acabei de chegar. Puxa, você tá linda.

— Obrigada... É... Acho que vai chover, né? Que vento!

— É... Bonito... O vento... – Eu, sem conseguir tirar os olhos dela. Ela, com os olhos mais brilhantes que os caquinhos de estrelas, que a lua cheia brincando de esconde-esconde por detrás das nuvens: promessa de tempestade.

²⁶Ela riu, acho que mais pra descontrair, das minhas palavras²⁶, da falta de palavras.

Sakura: Eu ri mesmo, mas estou chorando agora, Naruto, só que de emoção... Te adoro tanto! Ops... Melhor eu ficar quieta ou o Sasu fica com ciúme!...

A questão é que apesar de melhores amigos, nunca fomos de nos elogiar ou coisa do tipo, nossa amizade era tão próxima e tão distante. Não andávamos sempre juntos, mas se um estivesse mal, o outro sempre sabia. Se um precisasse de ajuda, o outro sempre ajudava. Era assim. E eu gostava disso.

Entramos, sem dizer mais nada, eu queria ver o Sasuke. Como será que ele estava vestido? Será que me acharia bonito?

Tinha muita gente no auditório. Mas eu e a Sakura arrumamos um lugar bem perto do palco, pra poder ver melhor.

Tava tudo tão estranho, Comp, eu, sentado do lado da Sakura, mas triste, preso, sem chave. Aí as luzes se apagaram, começou a tocar uma música bonita, de flauta, e as cortinas se abriram.

Tinha, no cenário, um bosque, um céu de primeiras estrelas, um palácio branco desenhado no fundo azul quase noite... E uma lua cheia. E fadas entraram, brindalheiras, esvoandantes, vestidas de azul, de verde, de vermelho, de furta-cor, sempre com asinhas transparentes, sempre dançando à luz dourada do luar, ao som da flauta de não sei onde, nos reflexos dos nossos olhares.

Eu olhei pra Sakura e ela conseguia estar com os olhos ainda mais brilhantes do que quando chegou.

Aí entraram o Teseu, a Hipólita, os jovens apaixonados. E todo mundo em silêncio, ouvindo, vendo, se emocionando.

Agora, na hora dos comediantes, ninguém aguentou, menos por causa do texto e mais, muito mais, por causa dos atores mais que desengonçados... Eram só risadas e risadas, gostosas que só.

Ah, e advinha quem eram? Meus "guarda-costas", claro! Mó engraçados! E nem precisavam fazer quase nada pra isso.

Cara, demais! Só não tava melhor porque eu tava distante e, cê pode não acreditar, mas eu tava mó nervoso com as cenas do Sasuke. E se ele travasse?...

Essa Tal TimidezOnde histórias criam vida. Descubra agora