A alvorada do negrume

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A saída da velha estalagem as margens da estrada da ponte congelada, Elliott terminara os últimos ajustes na sela do Percheron de seu cavalheiro Sor. Társis ainda ao coroar da Aurora.

Os olhos verdes ainda ardiam com a teimosia que lhe restara de um sono a pouco esquecido, não lhe era costumeiro acordar tão cedo, pois a rotina de um escudeiro lhe era recente. Mesmo que tivesse ingressado no aprendizado das batalhas ainda jovem, essa fora a viagem mais longa que fizera longe dos seios calorosos das cordiais terras de Mirávelir.

O velho bardo sentado em um tronco serrado as portas da estalagem, declarava um poema sobre uma batalha que dera origem a diversas histórias sobre aquele lugar. Sua voz rouca e marcada pelo tempo dava ritmo a dança das árvores que cercavam o ambiente, sua audiência era cativa marcada por três homens bêbados adormecidos no chão, os cavalos, Elliott com sua lumiaria ao que incandescente ardia ao chão, e o moinho de água localizado na parte posterior da taberna que lhe fazia coro.

Sem olhar nenhuma vez em sua direção, Sor. Társis caminhou pelos cascalhos que adornavam toda a entrada daquela que todos chamavam de "a casa da árvore". A estalagem que fora engolida por um carvalho-vermelho gigante, tão antiga quanto o próprio sul, indo em direção a montaria segurando uma candeia que cambaleava a luz em seu rosto pálido para os lados assim como os movimentos de quem a carregava.
Em um gesto brusco, puxou o odre de pele de cabra de junto a sua cinta, apoiou o pé ao estribo subiu em um passo só fazendo com que seus ossos estalassem, soltando um leve guincho de dor a meia boca.

Elliott se apressou em apagar os lumiares e subiu ao cavalo, como se imitasse a Sor. Társis (não que temesse alguma coisa, mais estava ansioso a chegar já que aquele seria seu último dia na estrada, já que passara a duas semanas que cavalgava em direção ao sul).

O próprio rei havia lhes mandado em direção ao sul a desposar uma garota sulista, a ideia causava calafrios em Elliott, já que as histórias dizem que as mulheres sulistas eram providas de pouca beleza e nada se pareciam com as modestas mulheres de Mirávelir, de fato o próprio Sor Társis concordava com tais histórias sobre o povo de sua terra -Mulheres feias, e vinho bom homem sulista já nasce com o pau virado para isso.

Saíram pela frente e as cercas de madeira passando com as hastes de luz na saída já apagados.
Cavalgaram na estrada em direção a fortaleza sulista pelas pedras cinzas que repousavam ao chão, conforme a escuridão se dissipava, o frescor nascente da manhã convidava os pássaros a cantar. Enquanto os raios de sol batiam as copas das árvores, o caminho arqueado por galhos de carvalhos retorcidos refletia na grama verde e amistosa que nascia de dentre as os trocos robustos como colunas até o canto da estrada, lhe dando boas vindas. Com certeza um milagre que deixara Elliott sem fôlego.
Sor. Társis parecia completamente indiferente a qualquer beleza que o mundo tivesse a oferecer, seus olhos se fechavam embaixo de grandes e grossas sobrancelhas, com uma barba longa como suas duas tranças laterais que caiam sobre uma armadura negra, que lhe dizia impossível de retirar sem arrancar toda a pele.

Sor. Társis estava visivelmente irritado aquela manhã, nada que impedisse Elliott de romper o silêncio.
-Não sabia que iriamos demorar tanto para chegarmos a fortaleza - exclamou Elliott com impaciência na voz - perdermos a celebração do fim do inverno e tudo isso por uma garota sulista.

-Paciência rapaz, o rei não nos mandaria nessa missão se não fosse importante - respondeu sor. Társis com frieza
Elliott nunca ouvirá falar de um rei mandar qualquer família arranjar um casamento, e para ele era uma honra já que a família Wallace e os Graham haviam se unido a pouco.

Casas desconhecidas, mas que como primogênito se esforçaria para tornar conhecido aos quatro ventos da terra.
Mesmo sendo treinado por um cavaleiro de origem de terras selvagens (o único que aceitou o pedido de sua família entre os lordes da justiça), mas ainda era um homem reconhecido pela coroa e pelas outras casas.

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