Aí, Morfético!

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21 de maio, 6ª feira, de tarde.

É amigão, nos últimos tempos, tenho tido tanta poesia não escrita na minha vida que até esqueci do meu sonho de me tornar escritor... E acho que até te deixei um pouco de lado também, né, Comp? Desculpa. Não é nada pessoal, não, juro. Mas agora eu tô namorado com o Sasuke, sabe? Nada de ficar com mais ninguém ou beijos do nada, não, é na-mo-ro no duro! E a gente tem conversado tanto, brincado se entendendo tanto, que nem dá tempo mais de ficar aqui teclando, mesmo sentindo a maior falta... Sabe, Putão, acho que eu gosto mesmo do Sasuke. Demais! E é tão bom.

Ah! Cê deve tá curioso de uma coisa... Quer saber da minha história? Bom, eu resolvi mudar um pouco o percurso da minha história, eu escrevi um conto sobre o Sasuke. Acho que não tá muito bom, mas vou teclar pra você assim mesmo...

Fim de aula

Sasuke fechou o caderno azul com cuidado, como se daquele gesto dependesse sua respiração. Inspirou devagar. Expirou. Suspirou.

Sempre, antes do sinal da saída, o Sasuke ficava assim. A professora já havia apagado a lousa e guardado o apagador. Após seria o final de semana e ele teria dois dias de descanso da escola, das aulas, de tudo. Só ficava triste por não ter ensaio de teatro aos sábados e domingos, sua principal razão de viver depois da poesia. Sua verdadeira vida, a dos palcos.

Enquanto os minutos não passavam, o Sasuke ficava com medo.

Mas agora, mesmo sem muitos amigos, na verdade quase nenhum, sabia que tinha com quem contar, que podia olhar pra trás. Ajeitou os óculos, que escorregavam no nariz, e suspirou de novo.

Sasuke era esquisito, sempre foi, quase nunca sorria ou falava, mas também era misterioso, escrevia versos – sempre reclamados nos saraus da escola – e, mais que tudo, encenava como ninguém. As meninas do Ensino Médio só faltavam pegar ele no colo, diziam que a timidez era seu maior charme.

A Sakura se tornou uma grande amiga e fã do Sasuke, vivia pedindo para ler seus poemas, fazendo de conta que não sabia que eram pra ela... O Naruto tinha ciúme, muito, mas nada dizia, só confiava e, mesmo sem conseguir assumir muito isso, admirava o Sasuke. Demais. E gostava dele. Muito.

O Naruto sempre via o Sasuke ir só pra casa. Às vezes andando na chuva, e ele, por também gostar muito da chuva, só, tinha vontade de se aproximar, de compartilhar esse gostar em comum, de ambos, de cada um, mas não fazia isso. Nunca.

Até que um dia fez. Estava chovendo muito e o Sasuke andava devagar, devagar, como se nem se importasse. Como se só gostasse mesmo era de andar, chuva chovendo, e, por isso, ainda quisesse menos e menos chegar.

O Naruto foi se aproximando, se aproximando, se aproximou:

— Cê gosta de chuva, né, Sasuke? Eu também.
— É, eu sei.
— Posso ir embora tomando chuva com você?... Posso?
— É... Acho. Não, pode.

E foram os dois, juntos, molhados: caminhando sob a tempestade, fechando os olhos pros raios e abrindo os ouvidos pros trovões, chutando algumas poças de água e saltando outras, torcendo e torcendo para o caminho ficar ainda mais longo... Pra sempre. Na maior parte do tempo, porém, andavam apenas quietos, meio encorajados de frio sob as jaquetas do uniforme da escola, mas despreocupados, destímidos... E próximos. Juntos.

Quem os visse, assim, de longe, pensaria serem apenas um.

— Aí, Morfético! – ouviram de não sei onde. E se viraram, os dois, num só tempo, um pouco trêmulos, talvez do frio e da chuva. Não viram ninguém... Ninguém. E não mais procuraram ou se importaram em procurar. Apenas sorriram.

— Foi com você ou comigo?
— Não sei... Importa?
— Não.
— Nem pra mim.
— É.

Riram. Primeiro sorrisos murchos, úmidos da garoa. Depois risos altos, para além das nuvens, gargalhadas... Como o Naruto sabia tanto, como o Sasuke quase nem sabia e por isso sabia ainda mais, como a chuva nos telhados.

E, como velhos novos amigos que eram e se tornaram, como almas apaixonadas, se redescobrindo, como namorados, foram para casa. De mãos dadas. Juntos. Enquanto durar o "pra sempre" deles.

F I M

— Boa noite, Comp.
— Boa noite, Naruto. Boa noite, Sasuke. Boa noite, leitor.

...

E aí gente? Gostaro? Eu achei que ficou incrível.

Tava aqui pensando...

Lembra que no teatro, o Naru disse que não tinha visto nenhum parente do Sasuke por lá?

Bom, o cês acham de eu mesmo criar um cap só pra isso?

A história foi, literalmente, baseada apenas no ponto de vista do Naruto.

Querem um capítulo extra? Um cap exclusivo pra contar sobre a vida do Sasuke? No ponto de vista dele? Escrito da >minha< forma?

Se sim, me contem! Eu vou adorar fazer isso.

Obg por lerem até aqui, amo vcs. 💖

Essa Tal TimidezOnde histórias criam vida. Descubra agora