PRÓLOGO

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Suas mãos tremiam incessantemente. Enquanto olhava para a janela embaçada e apertava a Glock 17 em suas mãos, sentia como se o seu coração estivesse prestes a explodir.

Definitivamente tinha feito a maior burrada de sua vida. Todos estavam lá fora, enfrentando uma horda de errantes, enquanto sua covardia apenas permitia que ficasse ali.

Covardia, ou melhor dizendo, um instinto de sobrevivência?

O sol estava começando a nascer no horizonte, iluminando o campo repleto de árvores majestosas. E embora a beleza daquele lugar fosse algo hipnótico, a morte ter chegado até ali tinha simplesmente destruído aquela paisagem digna de um quadro.

Então a figura se afastou da janela enquanto colocava seu revólver no coldre novamente. Por sua mente passaram todas as suas decisões e como tinham levado aquele lugar ao caos. Sua necessidade por segurança, sua incapacidade de se aliar ou confiar em alguém inteiramente: seu medo de se apegar e em seguida perder mais pessoas.

Olhando para trás, viu a caixa que continha tudo o que mais queria: várias ampolas, cheias de um líquido transparente e viscoso que levariam o mundo aos eixos novamente.

A cura.

O maior propósito deles tinha sido levar aquela maldita caixa até a base militar em Washington, onde uma parcela da humanidade com grande poder conseguiu se manter em segurança. Onde cientistas poderiam produzir uma vacina em larga escala...

Onde haveria um recomeço.

Mas recomeços servem como uma borracha em tudo. Apagam o egoísmo, as guerras, as perdas... E não era bem assim que estava imaginando o mundo.

Não depois de tudo.

A morte era cruel, assoladora e trágica. Mas se a humanidade estava caminhando para a extinção, se a humanidade estava trilhando um caminho de penitência... Sua consciência jamais permitiria que o mundo voltasse aos eixos.

Tirando uma caixa de fósforos da mochila e uma garrafa com um pouco de álcool, não hesitou em despejar o líquido por cima da caixa e lançar o resto no piso de madeira.

Com as mãos ainda trêmulas, arrancou a caixa de fósforos da mochila e riscou. A chama iluminou aquela área do cômodo, e seus olhos repousaram sobre o fogo.

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