canção de amor

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N| Aika

Terça-feira
A chuva tomou conta do redor, dava para escutar aos poucos seus barulhos, como se fosse música. Aika se sentiu protegida pelas paredes, mas ela sabia que a chuva lhe protegeria bem mais que aquele concreto a sua volta. O barulho virou um grande toque para seus ouvidos cansados. O dia foi longo na terça-feira, ela não se encontrou com Fumiko, mas soube que a garota compareceu ao lugar. Teria ficado no último piso, seu pai lhe pedirá que ajeitasse tudo que havia no saguão, estava uma frege o lugar, lhe cansou tanto ter que empilhar caixa por caixa.

Eram 0:35, o sono não batia e ela estava lutando contra seus olhos para poder dormir, mas foi inválido suas forças, sua inquietude aflorava em seu corpo parecendo que cada órgão que tinha sobre ela iria extrair até não sobrar mais nada. Ficou sufocante continuar olhando ao teto, então sentou-se no sofá, observando pela janela com cuidado; viu as gotas caírem retas até o chão que ficava a alguns quilômetros dela. As luzes da rua estavam em um tom laranja, parecendo que a água do céu deixou muito mais claro.

Segunda tinha acabado com Kang, foi um giro, tão rápido que ela nem conseguiu acompanhar o tempo. Depois daquele momento nunca mais recebeu nada do misterioso número, pensou por um bom prazo que realmente teria sido a Fumiko com outro número, mas ela sabia que a "amiga" - se é que tinha direito para lhe chamar assim - não fazeria algo do tipo. Ela conhecia Fumi a anos, e era muito difícil a menina tentar usar outro algarismo para se comunicar, isso não era o tipo de coisa que ela fazia. Depois de ter chegado em casa, nada dessa mistériosa mensagem foi descoberta e Aik ainda procurava respostas sobre tudo aquilo.

Presumia sabiamente que aquela segunda tinha consumido todo o restante de sua alma, lhe deixando tão gasta que na terça não teve muito trabalho com tal sentimento; estar exausta já era normal. esteve sendo manuseada por uma linha invisível, que ia amarrado em seus cabelos até a mão do Pai (ou seja lá quem fosse a pessoa a direcionar assuntos a ela) o dia todo.
Seu corpo doía e seu padecimento crescia a cada minuto.
A tarde ela não fez nada que fosse útil para que sua alma ou ela, voltasse a buscar alguma alegria. Parecia que tudo a sua volta tinha ficado combalido, fazendo-a se ver em total devaneio entre seus pensamentos longos e cruéis.

A chuva ficou mais grossa, os pingos pequenos de antes agora pareciam estar quebrando seu telhado cada vez que caía sobre ele, a rua estava sendo bombardeada por elas. Os trovões eram fortes, dava para se escutar quando uma gota atingia uma possa de água; fechava os olhos e via direitinho o momento em que o líquido em forma de bolita desmoronava quando entrava em contato com o chão.

Ela tampou o seu corpo, puxando lentamente o travesseiro para perto de sua cabeça; se enrolou em forma de uma concha, sua pele se arrepiou por completo quando escutou outro trovão, era baixo, lento e a chuva entrou em sincronia com a trovoada. Fechou seus olhos, a sua vista agora era um escuro pacífico e seus ouvidos ficaram livres para todo aquele barulho que a natureza dava. Suspirou livre, fazendo seus pulmões subirem o máximo possível para cima e descerem descansadamente para baixo.
Agora dava passagem aos seus sonhos e esperava que eles fossem tão pacíficos quanto o seu ambiente.

N| Bloo

Eram 2:00 da manhã, o cigarro sobre sua boca comia o resto de pulmão que tinha em seu corpo. Ele via a chuva cair, agora, lenta, como se somente quisesse molhar ao redor. Em seu peito uma dor imaginária, da qual não passaria daquela noite.

Os dias foram agitáveis; segunda ele fez música, e se saiu bem fazendo aquilo que gostava, cantou o máximo que podia e se orgulhou dos resultados finais, a manhã de terça ele foi ao estúdio, cantou e, cantou e viveu como se fosse dependente da música, não foi diferente dos outros dias e provável que não seria diferente.
Foi tão parado e, ao mesmo tempo, movimentado, o garoto se sentiu agitado neles, mas por dentro nada mudou, foi somente outros dias banais; se ele contasse para alguém, narraria sempre sua segunda-feira, elas são todas afim, longas e vão até sexta-feira.

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