Sob Seda | Ereri - Riren

Capítulo Único

• Feito para o Meu Namorado Secreto, evento realizado pela Ereriren_Agenda (Twitter)

• Presente para @skyward_Chuuya (Twitter)

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Sob Seda

Eren podia escutar o tintilar das taças de champanhe e dos copos com whisky daquela festa, como alguém podia ouvir os gritos desesperados de alguém que já viveu os horrores de uma guerra. A mínima felicidade deixava aquele combatente de guerra desconfortável, e para ser sincero, ele não queria estar no meio de pessoas que tinham sorrisos falsos estampados no rosto, comemorando por algo que não passava de ascensão política e armamentista. Um pequeno vislumbre do que podiam fazer, e então o resto do mundo tomaria cuidado até com a forma como respirava dentro das fronteiras de Paradis. 

Ele saiu pela porta dos fundos da cozinha daquela festa com uma mão no cabelo e com um cigarro, sem estar aceso, na boca. A única coisa que podia fazê-lo relaxar agora. Não se importou quando os funcionários disseram que era uma área reservada apenas para eles, muito menos quando ouviu uma voz conhecida gritá-lo em um tom preocupado.

— Eren, você precisa parar com esse hábito de fugir das pessoas — Era Historia quem falava com ele — Estamos comemorando a nossa vitória depois de tantos anos nessa guerra! E você foi o nosso melhor soldado! 

— Então volte para lá! Você sabe o quanto me sinto desconfortável com isso, e sabe também que eu nunca quis estar na posição de soldado — ele respirou fundo o ar gélido que rondava o beco sujo em que foi parar — Deixe-me só respirar um pouco de silêncio.

— Você odeia estar em lugares sujos e esse beco é horroroso. Vem, vamos voltar para dentro. 

— Lá também está sujo. 

— Não força, Eren. Você tem que estar lá para receber sua medalha de honra — Ela parecia impaciente. 

Eren acendeu o cigarro com o isqueiro, que sempre guardava no bolso e antes de tragar uma boa quantidade de nicotina, ele sorriu amarelo e deixou um tom sombrio escorrer pela sua boca. 

— Medalha de honra por matar pessoas e crianças? 

— Você sabe que não é assim! — Historia reclamou. 

— Você sabe que é sim! — Respondeu irritado — Você esteve ao meu lado, Historia, e sabe tanto quanto eu que a nossa vitória está sobre uma poça de sangue. Talvez um lago, ou quem sabe, uma cascata seja uma melhor definição. 

— Mas não é assim que as guerras são? Você entrou no exército por quê? 

Eren a olhou e, sua íris sempre viva em verde, agora estava profundamente escura como a iluminação daquele beco. Historia sentiu-se estremecer. A fumaça saiu da sua boca e ele aspirou fundo até a última molécula daquela droga viciante. 

— Eu vou embora — Eren jogou o cigarro no chão, pisando nele logo em seguida — E se você se importa tanto com essa medalha, pode ficar com ela. Eu não ligo — disse ao fim de alguns segundos, e nem ao menos deixou margem para que Historia pudesse responder, já saindo do beco para a rua principal.

Eren não sabia o que era mais irritante: estar em uma posição de glória manchada, ou estar em posição de glória machada em que todos aqueles fotógrafos em frente ao parlamento tentavam capturar. Mal ele colocou os pés em frente no tapete vermelho para pegar o seu carro, e meia dúzia de fofoqueiros enxeridos vieram para enfiar microfones e celulares na sua boca.