Crush Culture (Joesar)

Crush Culture

Joui Jouki

Eu definitivamente odeio o dia dos namorados.

Tudo bem, isso pode parecer normal para alguém que está solteiro nesse maldito dia. Mas isso é completamente diferente.

Neste maldito lugar que estudo não é apenas o dia dos namorados é o mês dos namorados.

Ok, um mês foi exagero, duas semanas para ser mais exato. Duas semanas que esses adolescentes com nervos à flor da pele ficam doidos. Parece que pegaram alguma doença; é uma epidemia de adolescentes idiotas namorando com outros adolescentes idiotas. Relacionamentos totalmente superficiais que vão terminar assim que esse inferno de semana idiota acabar.

E o mais assustador parece que ninguém escapa, parece que estamos respirando gás do riso, nesse caso, gás da paixonite aguda e idiotice sem limites. Até a Elizabeth, a garota mais racional e séria que eu conheço foi pega por essa maldita data, agora ela está namorando o Thiago, meu outro amigo, quer dizer eles não fazem um casal ruim, na verdade são um casal muito bom, mas cara eles estão como dois pombinhos apaixonados. Acho que vou pegar diabetes se ficar com eles mais um pouco.

Nesse momento estou fugindo de Erin, minha amiga, que quer a todo custo conseguir um namorado/ namorada / namorade; e agora está me caçando, como se eu fosse um coelhinho e ela a loba malvada. Ela não seria uma namorada ruim; não mesmo. Até já tive uma quedinha nela no primeiro ano, tempos vergonhosos não quero lembrar disso. Mas agora ela está agindo completamente diferente, estou até com um pouco de medo dela; por isso estou andando apressadamente pelos corredores pintados de rosa indo até um lugar que eu sei que ela não vai procurar, banheiro masculino do segundo andar, este que foi fechado por problemas no encanamento; mas ao contrário do parece, esse banheiro é bem limpo.

Após me confundir um pouco com a porta pois ela abria para fora e não para dentro me deparei com um garoto sentado no chão do banheiro; que agora não prestava mais atenção em seu celular mas sim em mim. Acho que ele deve o mesmo pensamento que eu "droga, descobriram meu lugar secreto (não tão secreto assim)", mesmo assim entrei no banheiro e também sentei no chão, observei o garoto por alguns segundos; ele tinha cabelos negros compridos, quase na cintura, uma cicatriz na metade direita do rosto; mas era muito clara que quase não percebi, não tinha nenhum sinal de barba crescendo no seu rosto e devo admitir, ele é lindo.

Eu conhecia aquele garoto, era Kaiser, um amigo de Thiago; vi ele algumas vezes, mas nunca chegamos a conversar. Cheguei a me perguntar se ele estava contaminado pela febre dos idiotas, mas ele não estava sorrindo bobo para o celular ou com aquele olhar que adolescentes idiotas apaixonados normalmente tem. Acho que ele está bem, só entediado e cansado de se esconder desses patetas lá fora; assim como eu.

— Se escondendo desses idiotas também?

Não entendi quando ele olhou pra mim confuso; merda, eu disse isso em voz alta.

— Achei que fosse o único. - ele respondeu, cacete ele respondeu. - Mas você achou meu esconderijo também.

— Não é como se fosse muito secreto. - ri

— Fui refutado.

— Mas não acho que muitas pessoas iriam entrar aqui, "esse lugar fede a mijo de garoto" como diz uma amiga.

— É um ótimo lugar para fumar maconha - disse, e olhei para ele meio assustado. Como ele sabe disso?

Acho que ele percebeu meu olhar assustado e tossiu de nervoso

— Meu nome é Kaiser, sou da 3b

— Joui, 2a

— Joui, Joui, eu conheço um Joui... Ah! É aquele amigo do Thiago não é?