4- Maldito seja você, Dylan Sprouse.

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- Sei que você não está dormindo. - O timbre profundo de Dylan atingiu um nervo dentro dela, fazendo seus braços ficarem arrepiados.


- Me deixa em paz, seu galinha. Estou tentando esquecer o cara assustador conversando com o próprio casaco, o pessoal das verificações excessivamente animado e o fato de estar indo por vontade própria para a cova do leão com um homem que contrata strippers. Acho que


mereço fechar os olhos por um tempo, não acha?


O silêncio se seguiu, fazendo Lili pensar que tinha vencido... isto é, até sentir Dylan


passar a mão no braço dela.


- Por que dormir quando podemos conversar?

- Sim - disse Lili, obrigando os olhos a continuarem fechados.

Não vou olhar para os olhos hipnóticos dele. Não vou olhar para os olhos hipnóticos dele.

- Vamos conversar sobre o fato de você estar me manipulando, além de me pedir para convencer sua família toda de que eu


te amo. Como se isso fosse possível. E, sério, como eles vão acreditar nisso? Você não vai para casa? Nunca? Eles não vão desconfiar quando você milagrosamente aparecer comigo a tiracolo?


Dylan pigarreou.


- Na verdade, não. Me diz: quer beber alguma coisa? Água? Uísque?


Hum, mudança deliberada de assunto. O que será que Dylan tem na manga?


- Dyl? - Lili usou sua voz suave. - O que te faz pensar que eles vão acreditar em


tudo? Sério, acho que eu mereço saber.

Lili abriu os olhos e viu Dylan olhando direto para a frente, sem movimento, só


encarando o nada.

Com toda a honestidade, ela se perguntou se ele estava sequer respirando, pois


parecia muito tenso.

A comissária de bordo apareceu a tempo de Dylan pedir um drinque.


Ele engoliu dois shots de uísque, mas continuou a encarar o nada, e o avião ainda nem tinha decolado.


- Dylan?


- Merda... - Ele olhou para o chão. - Eles não sabem... de nós.


- O que quer dizer? - Lili ficou verdadeiramente preocupada de ele estar bêbado a essa altura.

Do que ele estava falando?

Dylan xingou de novo.

- Porra! Lili, eles não sabem que a gente terminou. Ok?

- Ok? - repetiu Lili enquanto murmurava um xingamento entre dentes. - Então


me diz: o que eles sabem?

Dylan expirou.

- Tudo que eles sabem é que nos afastamos, mas conseguimos manter contato ao longo dos últimos anos da faculdade, tá? É possível que eu os tenha levado a acreditar que ainda saímos


uma vez por semana. Eu os atualizo sobre a sua vida e o trabalho na cafeteria, e isso é


basicamente tudo.


Lili riu.


- Mas como eles saberiam disso? Quero dizer, você nem...

Dylan lhe deu um olhar culpado e remexeu as mãos.

- Dylan? Como eles sabem tudo isso?

A vovó Nadine sempre jurou que não atualizaria a família sobre a vida de Lili. Era inconcebível que ela quebrasse essa promessa.

- Eu contei a eles, tá? - Dylan quase gritou. - Caramba, Lili, para com esse


interrogatório. E daí? Eu te vigiei. Eu sei tudo de você. Deixa isso pra lá. Eles teriam morrido se soubessem que eu transei...

- ... com a sua melhor amiga - completou Lili.


Dylan se recusou a fazer contato visual, só continuou a olhar diretamente para a frente. Ele não disse nada, não que isso fosse muito surpreendente. Era nisso que ele era bom. Não dizer nada quando ela precisava que ele dissesse alguma coisa - qualquer coisa para fazê-la se sentir


melhor.


- Este é o seu comandante, somos os próximos na decolagem, então, se vocês sentarem e relaxarem, levaremos vocês a Portland em uma hora.


{...}

Ele era um canalha podre.

A fotógrafa que ele tinha contratado para espionar os dois conseguiu alguns cliques antes de virar de costas.


Não deveria ter sido tão fácil fazer Lili beijá-lo, e agora ele se sentia o maior babaca do planeta. Mas eles tinham que parecer apaixonados! Precisava parecer sério! Dar as mãos não era suficiente.


Então ele partiu com tudo.


E depois abriu a porcaria da boca de novo. Em que ele estava pensando? A história dos dois criou um enorme abismo entre eles, que ele não tinha certeza que conseguiria resolver.


O silêncio ia matá-lo. Precisava pensar rápido, mas as únicas palavras que pareciam vir à mente eram: "Me desculpa, sou um babaca. Todos os homens deviam queimar no inferno." E, na verdade, isso o fazia parecer um traidor da população masculina como um todo.


Além do mais, Lili também tinha muitas oportunidades de falar com ele. O telefone


funcionava para os dois lados. E daí que ele a tinha vigiado? Ela também o tinha vigiado.


Ele lhe deu um sorriso falso e um olhar arrepiante.


- Me diz que você não fez exatamente a mesma coisa comigo e eu te deixo voar de


volta pra Seattle.

Lili balançou a cabeça e olhou para as próprias mãos.

- O quê? - Ele a cutucou. - Nenhuma resposta?

Ela balançou a cabeça mais uma vez, e ele lhe deu um olhar tempestuoso.

- Maldito seja você, Dylan Sprouse. Que a maldição caia sobre seu carro de luxo, seu


apartamento e seu cachorrinho!

- Hum, Lil, se você vai incluir todas as minhas posses no mundo na sua pequena


maldição, talvez seja bom incluir meu iate, três casas de veraneio, 27 carros e o peixinho dourado Sid.

Ele deu uma piscadela convencida e cruzou os braços sobre o peito.


- Que diab...


A mulher estava tentando matá-lo!
Lili beliscou a parte interna do braço dele com tanta força que ele achou que ia perder a visão no olho esquerdo.

- Para!

Lili girou a pele e a soltou.

Sim, definitivamente ia aparecer uma marca bem horrível ali em breve.

- Nunca mais jogue o seu dinheiro na minha cara desse jeito. Não é educado, não é gentil, e eu me lembro de você antes de ter tudo isso!

Dylan balançou a cabeça.

- Lil, eu sempre tive dinheiro.

O avião começou a taxiar, e Lili estendeu a mão buscando a dele.

- Não tanto quanto tem agora. Admite. Eu te conheci quando você tinha espinhas.


Ele sentiu o rosto queimar e ficar vermelho.


- Eu nunca tive espinhas.

- Não minta, Dyl. Eu também me lembro de quando você sonhava em ter uma fazenda com galinhas.

- Eu tinha 7 anos!

- Você era um fofo. - Ela deu um sorriso forçado, estendeu a mão livre e deu um


tapinha na cabeça dele, ainda mantendo a outra mão na dele.

Dylan não tinha certeza se ela sabia que estava apertando com tanta força, mas era óbvio que o medo dela ainda estava


ridiculamente fora de controle.

- Além disso... - A boca maravilhosa de Lili se abriu num sorriso. - Eu te dei seu


primeiro beijo.

Dylan fechou os olhos para afastar o ataque de memórias que essa confissão gerou.

- Ok, tudo bem, eu te dei seu primeiro beijo...

- Antes de todas as strippers.

- Fala baixo, Lil! - Ele a silenciou.

- Antes de você saber o que era beijo de língua. - Ela riu. - "Lil, Lil, o que eu


faço com a minha língua?" - imitou ela.

- Hilário. - Ele se ajeitou na cadeira e estalou o pescoço.

- "A sensação é esquisita assim mesmo?"

Ela continuou imitando Dylan e caiu na


gargalhada.

...

THE BET. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora