Começaram com mensagens que não lembrava de ter mandado, recados que não lembrava de ter deixado. Papéis grudados nas paredes e no banheiro do quarto. “Não deixe a torneira ligada”, “não alimente o gato”. Achei que estivesse esquecida, pequenas loucuras de ter ido morar sozinha. Mas eles continuaram. “Não estrague tudo”, “respire”. Eu as arrancava todas. Um dia, encontrei uma roupa em fiapos, arranhões estranhos no espelho do quarto. “Não seja patética”, “se livra da porra desse quadro”. No outro, não achei mais o gato. Fiz uma fogueira com papéis rabiscados.
Decidi me mudar.
Enquanto arrumava as coisas, dei de cara com um bilhete na parede do banheiro “se vire”. Atrás de mim tinha o espelho. No espelho, eu... e uma sombra atrás de mim.
Virei-me rapidamente, mas não tinha nada. Então senti mãos em meu pescoço e fui puxada para o espelho. Do outro lado, meu reflexo me encarava, com um sorriso e superioridade no ar.
“É minha vez de brincar”
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O terror que habita a esquina (Microcontos)
Cerita Pendekcoletânea de microcontos sombrios Os contos ocupam um capítulo só, a maioria tem um final meio aberto também. Espero que gostem TW - violência - su1cídi0 - terror psicológico - m0rte - abus0 - terror clássico (assombrações)