Ma belle dame

180 13 7
                                    

Batidas parecidas com as de um tambor martelavam minha cabeça me fazendo abrir os olhos e enxergar os raios de sol entrando por uma janela que não era a do meu quarto. Desorientada, deslizei meu olhar pelo cômodo desconhecido na vã tentativa de descobrir onde eu estava. O quarto, claramente masculino, tinha algumas roupas espalhadas tiradas aparentemente as pressas, jogadas pelo chão, outras por cima de uma mesa, mas foi quando senti o meu coração disparar ao ver meu sutiã preso em um violão, que finalmente tive coragem de olhar para mim mesmo, levantando vagarosamente o lençol que me cobria apenas para descobrir que aquele era o único tecido sobre meu corpo. A aquela altura, quanto mais eu tentava lembrar do que poderia ter acontecido na noite anterior, mais minha cabeça doía me fazendo ter uma única certeza: Bebi além da conta.

Com um suspiro pesado e um tanto inquieta, vou me virando sobre a cama tentando olhar o resto do quarto, mas o que senti foi minhas costas batendo nas de outra pessoa, fazendo meu coração acelerar mais uma vez. "Por favor, que não seja algum louco." Supliquei em pensamento, enquanto me virava vagarosamente para olhar o homem que ainda dormia com apernas metade do corpo coberto por um outro lençol, deixando o tronco a mostra como se quisesse mesmo que forma inconsciente, exibir a barriga bem definida que tinha. "É, parece que eu me dei bem".

Um sorrisinho travesso se desenhou em meus lábios com o novo pensamento um tanto mais safado enquanto eu continuava a analisar o homem a minha frente. Ele estava virado para o lado oposto em que eu me encontrava, e os longos cabelos castanhos cobriam seu rosto, ainda escondendo sua identidade.

Sem conseguir controlar a curiosidade que a essa altura já tomava conta de mim, me curvei um pouco sobre ele, deixando parte do meu corpo por cima do masculino enquanto me apoiava com uma perna no colchão pra não fazer peso e acordá-lo. Com a mão direita, fui puxando pouco a pouco os fios de cabelo que cobriam seu rosto revelando uma barba rala, indicando que ainda estaria começando a nascer, se formando pelas laterais de seu rosto. A medida que o rosto ia se revelando, eu podia sentir meu coração congelando pela terceira vez naquela manhã.

- AI MEU DEUS EU TRANSEI COM CHARLIE GILLESPIE!

De início, achei que tinha apenas pensado aquilo, mas percebi que tinha falado, ou melhor, gritado, quando o vi abrir os olhos e virar o rosto em minha direção tentando, assim como eu, se situar e entender o que estava acontecendo. Por um momento ele apenas me encarou, já eu não conseguia me mover, mas foi quando ele virou o rosto para olhar a posição em que estávamos que eu percebi que me encontrava semi nua com parte do corpo sobre o dele também semi-nu.

"Droga, faz alguma coisa." Por mais que o meu pensamento fosse o mais sensato, meu corpo não respondia a tal, sendo incapaz de se mover.

Já Charlie não parecia nem um pouco envergonhado ou confuso, voltando a me fitar ao mesmo tempo em que abria um sorriso malicioso, mordendo o lábio inferior ao perceber também a situação em que nos encontrávamos, me fazendo ruborizar radicalmente, o que só pareceu diverti-lo ainda mais. Mesmo com Charlie parecendo estar incrivelmente confortável naquele momento, minha cabeça se passava um turbilhão de pensamentos, estando em êxtase ao mesmo tempo em que surtava completamente. Deveria dizer a ele que não lembrava de nada e perguntar o que havia acontecido?

- Desculpa, eu não queria te acordar assim. Eu só, bem, não sei o que eu estava pensando. - Falo tentando transparecer o mais natural possível, sem muito sucesso. Ele ri. O som do seu sorriso inunda o quarto e me trás a paz que eu precisava para aquele momento.

- Na verdade eu gostei bastante de ser acordado assim. Até me deu algumas ideias.

Ele disse e eu definitivamente não esperava aquela resposta, porém ouvi-la fez meu coração acelerar. Mal conseguia acreditar estar na cama com o homem que tanto admirava, mas ele estava ali, e melhor, indicando que queria mais.

What's happening? Onde histórias criam vida. Descubra agora