6- Merda.

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- Mentiroso - murmurou Lili meia hora depois.

- Como? - Dylan levantou os olhos do notebook e os semicerrou.

O idiota tinha passado o voo todo usando o wi-fi no avião, mandando e-mails de trabalho como se estivessem ficando


obsoletos. Enquanto isso, Lili avaliava cada indivíduo sombrio no avião e estudava as


informações à frente para o caso de precisar de uma rota de escape.


Bem, a piada seria Dylan quando o avião caísse. Ela saberia pelo menos sete maneiras diferentes de sair do avião, bem como o caminho mais rápido para qualquer porta, enquanto ele provavelmente salvaria o notebooke todas as outras posses mundanas que carregava.

Talvez ela tivesse exagerado nas imagens mentais que fizera dele. Como amigo, ele era ótimo. E, sim, todos os outros beijos eram sem graça em comparação ao dele. Mas, se as coisas fossem diferentes, se eles tivessem continuado amigos ou talvez se casado, será que a vida dela seria tão maravilhosa? Ou ela estaria voando com ele para todo lado, observando, enquanto ele prestava mais atenção ao notebookdo que ao fato de que ela estava tendo um grande ataque de pânico?


- Quinze minutos - murmurou ela para si mesma, esquecendo-se que tinha acabado de acusar Dylan de mentir.

- Primeiro você me acusa de mentir e agora vai fazer uma contagem regressiva? Você tá bem, Lil?

- Ótima. - Ela trincou e rangeu os dentes enquanto o observava dar de ombros e olhar de novo para o computador.

A tentação de esmagar o computador com as próprias mãos era grande, mas não levaria a nada além de arruinar suas unhas, que ela havia se esforçado tanto para deixar perfeitas horas antes.

Não que Dylan fosse perceber.


- Só faltam mais 15 minutos - cantarolou mais para si mesma do que para o idiota ao lado. - Além do mais, não é como se as coisas fossem piorar, né? Quero dizer, não é como se o Travis fosse estar lá. - Lili de repente se sentiu muito melhor.

O irmão de Dylan, Cole, tinha sido a maldição da vida dela. Enquanto Dylan a perseguia e brincava com ela, Cole não lhe dava atenção alguma. Bem, isso não era totalmente verdade. Quando ela era bem pequena, ele era implacável. E depois, de repente, ele parou. Era simplesmente como se ela não existisse. E ela não tinha certeza por que isso a incomodava tanto, mas ele sempre parecia estar irritado com ela quando ela era pequena.

Lili era a melhor amiga do irmão mais novo dele. Ela podia contar nos dedos de uma das mãos quantas vezes ele tinha falado com ela, e todas as vezes ela terminava chorando e fugindo correndo, enquanto Cole continuava a provocá-la.

Estremecendo visivelmente, Lili conseguiu ficar em silêncio pelo resto do voo.

{...}


Ele sabia que estava sendo grosso, mas tinha assuntos de trabalho para terminar e, bem, LiLi precisava entender que algumas coisas simplesmente eram mais importantes. Não era como se


ele não se importasse de ela estar hiperventilando ao lado dele, mas não podia largar tudo para cuidar de todos os medos dela.

Caramba, ele iria cuidar dela a noite toda e tinha algumas coisas para terminar. Como ela estava muito bonita vestida daquele jeito, ele estava levando o triplo do tempo para terminar até mesmo seus e-mails, quanto mais montar frases que fizessem sentido para seus colegas.

Dylan nunca ficou tão feliz de ver um avião pousar. Pegou o celular para mandar uma


mensagem de texto para a mãe avisando que tinham chegado.

O telefone apitou imediatamente. Ele olhou para baixo e sentiu o sangue escoar do rosto.

- Merda.

- O quê? O que foi? É a vovó? Ai, meu Deus, Dylan, eu preciso vê-la. Ela está bem?
-

Lili estava agarrando o mesmo braço que tinha beliscado mais cedo. Ele ia ter que fazer uma cirurgia plástica para remover as marcas dos dedos dela do braço.

- Não, não é a vovó. - Querendo apenas esmagar o telefone na cadeira ou na mão, ele conseguiu dar um sorriso tenso.
- Minha mãe não pode pegar a gente. A manicure atrasou, e ela teve que correr pra casa pra servir o jantar, por isso outra pessoa vai nos pegar.

- Ah. - Lili deu de ombros e estendeu a mão para pegar a bolsa.

Ai, meu Deus. Ele olhou para cima e enviou uma oração ao céu.

- Então, é, hum, e o meu pai está ajudando com as compras, e a vovó provavelmente


está dormindo, então, hum, Cole vai pegar a gente.

Lili congelou.

- Seu irmão, Cole?

As pessoas começaram a se movimentar no corredor. Talvez ele pudesse correr. Ou


pular do avião e quebrar alguma coisa, para ela ficar triste por ele.

Olhou para o rosto dela e não viu nem um traço de sorriso.

- Vamos lá, Lil, não é tão ruim. Cole é adulto. Você precisa superar. - Ah, uau,


que sensível.

Aparentemente, Lili também achou. As narinas dela inflaram. Ela passou por ele


dando cotoveladas e quase fez um velhinho cair de joelhos. Ótimo, talvez Lili fosse


processada por agressão.

- Desculpa a minha amiga - murmurou Dylan enquanto Lili continuava a se


movimentar em direção à saída. Por sorte, o voo não estava muito cheio. Ela conseguiu sair sem causar mais danos físicos aos outros passageiros.

Ele xingou e agarrou a mala de mão, depois a seguiu para fora.

THE BET. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora