1.

429 25 106
                                    


Um sábado chuvoso.

Foi assim que começou meu dia.

E vamos combinar, isso é péssimo pra quem tem que sair pra trabalhar.

Hoje minha floricultura não abre mas, o restaurante em que trabalhava na parte da noite era ligado no 220.

Hoje, era o dia do pai levar a familia pra jantar fora.

Do chefe marcar um jantar de negócios.

Da jovem moça achar uma diversão a noite e torcer para o rapaz ser gentil. E se isso acontecesse, a noite dela seria espetacular.

Bom, essa era a vida deles e não a minha.

Sentir inveja?

Não. E sim.

Não, por eu gostar do que faço, claro que prefiro mil vezes a minha floricultura que abro se segunda a sexta das 8 até as 17 horas. E também, é esse dinheiro do restaurante que mantenho meu aluguel apesar dele estar atrasado a um mês.

E sim, sinto um pouco de inveja por eles terem praticamente a vida ganha, e não ter que se matar em dois empregos como eu, para mandar dinheiro para minha família que mora em Cuba e também para me manter aqui.

Sim, dois empregos. A floricultura era minha, mas o local não. Então além da casa que morava, pagava mais esse aluguel e mantinha o negócio a certa de 1 ano dessa vez sem atrasar um único mês.

Já no restaurante estava a 3 meses e confesso que pensei em pedir a conta várias vezes. Não pelas pessoas que trabalhavam e também os clientes mas sim, pelo meu chefe.

O cara era um babaca e acreditem se quiser, ele me ofereceu um novo cargo se eu me transasse com ele.

Porra! O cara é nojento.

Mas aí lembro da minha família e sei que eles estão contando com esse dinheiro. Então continuo lavando pratos.

E aqui estava eu, me preparando para entrar para mais um período no restaurante. Com meu avental, uma touca na cabeça e meus fones de ouvido.

Entro na cozinha e me aproximo da pia, onde avisto uma pilha de pratos sujos.

Eu me preparava para lavar o primeiro mas escuto me chamarem, quer dizer gritarem meu nome e logo sinto um toque em meu braço.

Olho pra trás vendo Matilde, uma senhora que cuidava da limpeza da cozinha.

-Oi dona Matilde, algum problema? - me viro pra ela e retiro meus fones.

-Nosso chefe quer falar com você. - ela diz e volta a fazer seu trabalho.

-Sabe sobre o que? - pergunto guardando os fones junto ao meu celular no bolso canguru na frente do avental.

-Não. Mas acho bom você ir.

-Tudo bem, obrigada. - falo, seco minhas mãos no pano e peço para Abigail ficar no meu lugar.

Saio da cozinha do restaurante e subo as escadas até a porta do chefe de cozinha, dono e meu chefe Matthew.

O cara fazia de tudo aqui, aliás, ele mandava em tudo mas, não levantava a bunda dessa cadeira pra nada.

Claro que quando era pra receber elogios dos clientes ele ia todo sorridente tomando a frente de quem realmente fazia as comidas.

-Licença, o senhor me chamou? - falo assim que entro na sala.

-Chamei. Sente-se.

-Fiz algo de errado? - pergunto apreensiva eu não podia ser mandada embora, não agora.

Marido Por Contrato [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora