Geração do ódio

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Todo meu corpo e sentidos estavam anestesiados.

Eu não sabia como reagir.

Eu sempre pensei que Obito morreu amando a Rin... Ma na verdade ele me amava... Obito me amava.

Olho para Kakashi lhe entregando os papéis, tentando não focar muito no que eu havia acabado de ler... Eu era a Hana para o Kakashi, não a Akemi.

— Por que você não lhe entregou as cartas? — Tento soar despreocupada.

— Eu sei que fui egoísta... Mas vê-la naquele estado quando Obito morreu, eu não pude, não pude deixar Akemi descobrir que Obito a amava, porque sabia que ela não se abriria para o amor novamente, e se ela pensasse que o amor não fora correspondido... Talvez, talvez ela pudesse ser feliz um dia. — Kakashi suspira. — Mas eu fui um idiota ao pensar nisso, não consegui salvá-la.

Inconscientemente todo no braço de Kakashi.

Seus olhos recaem para as minhas cicatrizes, logo recolho a mão, me ajeitando um pouco desconfortável na cadeira.

— É... — Levanto sem graça da mesma, mas o Hatake fez o mesmo, fazendo nossos corpos se colidirem.

Fico a pouco centímetros de seu rosto.

Sinto minhas bochechas corarem. Não, não era aquele sentimento que me consumia igual ao que eu sentia pelo Obito, mas era uma atração física... Era como uma necessidade.

— Você tem namorada? — Sussurro contra seus lábios.

Ele levanta sua mão para a altura de meu colo, colocando meus cabelos para trás e posicionando sua mão atrás de minha nuca.

Eu conseguia sentir sua respiração contra o meu rosto.

Antes que a gente pudesse fazer qualquer coisa sinto aquela coisa vazia tomando conta do lugar, um puxão em meu braço me faz cambalear para trás. Apenas consigo ver um vislumbre do Kakashi reagindo, mas logo eu sumo do lugar, como se estivesse me teletransportando.

Sinto meus pés aterrizarem algo duro, fazendo meus joelhos vacilarem. Curvo o tronco para frente, tentando segurar a ânsia de vômito que me tomava.

Olho para os lados tentando entender algo, estava em uma floresta e...

— SEU IDIOTA! O QUE VOCÊ PENSA QUE FEZ?! — Grito para o mascarado em minha frente, sentindo o ódio fulminado em minhas veias.

Estava tudo indo conforme o plano! Por que raios ele apareceu do nada e me tirou dali! Kakashi pode pensar que fui sequestrada...

— Calma Akemizinha... — Sua voz infantil me fez ter mais raiva ainda.

— PARA COM ESSA VOZ! EU SEI QUE SUA VOZ NORMAL NÃO É ASSIM!

Escuro sua respiração ficando pesada, ele me dá as costas e sai andando.

Caminho em passos pesados até ele, puxando seu ombro, que era surpreendentemente musculoso.

— VOCÊ ESTRAGOU COM A MERDA DA MISSÃO!

— Para de gritar.

Abro a boca e torno a fechá-la, ele havia me deixado sem graça.

Mas eu ainda estava com raiva dele, porquê? Eu não conseguia entender!

— Pain não vai ficar nada fe... — Antes que eu pudesse terminar de falar ele me interrompe com a voz grave, me fazendo recuar um passo.

— Ele não precisa aprovar o que eu faço. Se eu te tirei dali, é porque eu não queria mais você ali. Vamos voltar para o prédio da Akatsuki.

Engulo em seco, balançando a cabeça.

— Por que você me tirou dali justo naquele minuto?

— Por que a pergunta? Eu estraguei seu "romancezinho" — Ele faz ásperas com as mãos, sinto uma certa cólera em seu tom de voz. — Você queria beija-lo?

— E se minha resposta for sim?!

Tobi volta a me dar as costas, caminhando em minha frente.

Dou passos rápidos para acompanha-lo, segurando em seu ombro novamente.

— Por que essa atitude toda? Você nem me conhece! Eu não te conheço! Nem sei quem você é! — Gesticulo para aquela máscara laranja. — O que você é!

— Você não quer saber o que tem debaixo da máscara.

— Por que não me mostra para eu tirar minhas conclusões?

Eu estava com muita raiva, eu poderia acabar com toda aquela floresta com um simples golpe. Minhas veias se dilatavam, o meu sharingan queria surgir.

Ele sempre vinha e estragava tudo. Primeiro foi o veneno, agora a missão.

Eu odiava não saber o que tinha por debaixo daquela máscara, era como se eu estivesse completamente no escuro.

— Tenho total certeza que você não irá querer ver menina tola. — Ele coloca a mão por dentro do casaco e puxa a minha seringa, me fazendo enrijecer.

Tobi apenas aperta ela em sua mão, um barulho de vidro se estilhaçando foi a única coisa que consegui entender. Segundo depois ele abre a mão e o líquido verde vazava por entre seus dedos.

— SEU IDIOTA!! — Dou um soco em seu peitoral, mas ele não havia se mexido um centímetro se quer.

— Acho melhor você se acalmar.

Coloco as mãos em meus rosto, me abaixando no chão.

Aquela era minha única esperança... Eu não podia pensar como eu ficaria quando aquela sensação voltasse e eu não tivesse nada para alimentá-la... A sensação desesperadora do veneno me fazia viva...

Por que tudo sempre da errado?

Puxo meus cabelos, sentindo meus joelhos vacilarem.

Não, não era apenas pela seringa... Mas por tudo, pelas lembranças da Vila que eu havia retido, pelos óculos laranjas, pelo quarto de Shisui, pelas cartas que Kakashi me mostrou... Pela vida que eu poderia ter tido.

Sinto minhas lágrimas vindo com força, fazia tempo que isso não acontecia comigo dessa forma.

Não me importo de ter Tobi ali, eu só queria aliviar isso de meu peito.

Me curvo no chão, mordendo a minha boca, reprimindo os ruídos estranhos que saiam de minha garganta.

Me assusto ao sentir algo quente encima de mim... Era Tobi... Ele estava me abraçando.

Enquanto eu tremia, seus fortes braços me seguravam, sinto a máscara em minhas costas.

Tobi tentava me acalmar, e eu não sei dizer quando aquela crise havia ido embora, mas um sentimento estranho tomou conta do desespero...

Conforto.

Um sentimento de estar em casa me preencheu.